O que explica a alta do dólar em dia de nova máxima histórica da bolsa?

Moeda não segue a euforia da bolsa e continua próxima do patamar de R$ 3,80

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Já se tornou comum ver um movimento descolado do dólar e da bolsa. Enquanto o Ibovespa renova sucessivamente sua máxima histórica, a moeda norte-americana reluta em cair e se mantém próxima dos R$ 3,80, refletindo principalmente a cautela do investidor estrangeiro sobre a capacidade do novo governo realizar as reformas necessárias.

Após terminar 2018 na casa de R$ 3,87, o dólar engatou um movimento de forte queda seguindo a euforia do mercado com o início do governo de Jair Bolsonaro, caindo para R$ 3,68 no dia 9 de janeiro. Mas a moeda desvalorizou em apenas 2 dos 10 pregões desde então – no mesmo período, o Ibovespa subiu mais de 3% e encostou na marca de 97 mil pontos.

Para quem viu a queda de mais de 1% ocorrida na última quarta-feira (23), podia até parecer que o dólar havia embarcado na euforia da bolsa. Mas é preciso ter em mente que, um dia antes, a moeda havia subido 1,25% e superado a marca dos R$ 3,80.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Ou seja, o movimento de ontem se mostrou apenas uma correção, indicando que o dólar não tem força para cair, mas também não consegue subir forte, refletindo a cautela do estrangeiro, que tem se mantido até fora da bolsa, que por sua vez tem subido forte por um movimento sustentado pelo investidor doméstico. Hoje, o dólar fechou com alta de 0,23%, a R$ 3,7719, enquanto a bolsa saltou 1,16%, renovando sua máxima em 97.677 pontos. 

Vale lembrar que a queda do dólar ontem não foi uma pura correção, ela foi sustentada por uma notícia: o ministro Paulo Guedes afirmou, em entrevista à Bloomberg, que irá zerar o déficit fiscal de 2019 e que o governo pretende levantar US$ 20 bilhões só com privatizações neste ano, cerca de R$ 75 bilhões.

A prioridade é a reforma da Previdência, inclusive com transição para um sistema de capitalização. “Temos um grande buraco fiscal, temos um sistema obsoleto, sistema antigo já está quebrado, temos de consertar o antigo e criar um novo”. Guedes também disse que pretende reduzir subsídios futuramente, mas sabe que essa iniciativa demandará mais tempo, já que precisa de aprovação do Congresso Nacional.

Continua depois da publicidade

Apesar do otimismo gerado por esta fala, o mercado ainda aguarda pelo concreto, que virá apenas nas próximas semanas e meses. “A primeira melhora do mercado em função da troca de poder já passou e agora não há mais upside para o real sem medidas efetivas”, disse Jayro Rezende, chefe de tesouraria do Banco da China, para a Bloomberg.

“É provavelmente difícil para o dólar cair ainda mais abaixo dos níveis atuais”, avalia You-Na Park, estrategista de câmbio do Commerzbank, também para a Bloomberg.

“Se houver algum tipo de notícia positiva sobre as reformas, especialmente sobre a da Previdência, como os comentários de ontem de Guedes, o dólar pode cair um pouco mais. No entanto, ainda temos que esperar e ver se o governo pode convencer o Congresso a votar a favor da reforma [..] Portanto, as quedas do dólar são limitadas, já que ainda existe incerteza”, completa.

Continua depois da publicidade

Aproveite as oportunidades sem cair nas armadilhas: abra uma conta de investimentos na XP – é de graça!

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.