Dólar a R$ 3,80 é o novo normal? Moeda não deve cair mais e nem o BC será capaz de evitar isso

Cenário externo e interno pressionam para uma alta do dólar, e atuação do BC não deve fazer a moeda voltar para R$ 3,70 por enquanto

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Se até pouco tempo o Banco Central mostrou uma clara luta com o mercado para manter o dólar em um patamar entre R$ 3,70 e R$ 3,80, o cenário que começa a se formar indica que isso ficou para trás e, se ainda quiser defender uma faixa de preço, esta deve ser acima do nível anterior. Mas será que realmente o câmbio na casa de R$ 3,70 ficou para trás?

Para o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, se o BC não voltar a atuar com os leilões de swap como vinha fazendo nas últimas semanas, “a chance do dólar voltar para R$ 3,75 são poucas”. “Neste quadro, a cotação perto de R$ 3,80 pode ser interessante para compra”, afirma. Ou seja, a tendência é que a moeda fique acima deste patamar, pelo menos por um tempo.

Faria reforça que as rolagens dos swaps e a atuação com leilões de linha não estão sendo suficientes para conter a escalada da moeda. Além disso, ele ainda alerta para uma forte agenda de eventos até o fim da próxima semana, o que tende a manter o dólar pressionado. Para completar, dia 4 é feriado nos EUA e dia 9 a bolsa brasileira fica fechada, o que tira a liquidez do mercado.

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Em seu relatório para clientes, o diretor executivo da NGO, Sidnei Nehme, afirma que, apesar de ter errado o “timing”, a nova estratégia do BC no câmbio é correta – com ofertas de linhas de financiamento -, mas que mesmo assim é imponderável o futuro da moeda norte-americana, que tende realmente a se manter mais forte, sendo que a autoridade pode não ter como defender um patamar mais baixo.

“O BC faz a sua parte de forma correta, porém o restante que se consubstancia nos fundamentos reais decorrentes de fatores externos e internos é o imponderável, e que pode impactar sobre a formação do preço da moeda americana no nosso mercado como algo indefensável e frente ao qual o BC deve agir com serenidade, até mesmo sem ter instrumentos de reação”, afirma o economista.

Nehme reforça que o cenário externo é cada vez mais pessimista, o que potencializa a alta do dólar contra a maior parte das moedas globais, principalmente com o aumento da guerra comercial entre os EUA e outras grandes economias. “A apreciação do dólar frente às moedas emergentes deve ser consistente e isto é altamente preocupante”, alerta.

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Para completar, ele lembra que esse cenário externo, que já se revela altamente preocupante, “ocorre num momento em que a economia brasileira passa por rigorosa reavaliação de suas perspectivas e o cenário político tem ambiente de elevada indefinição”. O que se vê é que, por mais que o BC acerte em suas atuações, tende a ficar cada vez mais difícil manter o dólar abaixo de R$ 3,80.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.