BC não vai conseguir conter alta do dólar e deve rever intenção de cortar a Selic, diz analista

Para ele, o preço do dólar mudou de patamar e tende a buscar um preço ainda mais alto na medida em que as eleições se aproximam

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – É bom o investidor se preparar: a recente arrancada do dólar deve continuar por pelo menos alguns meses e o Banco Central não tem poder para conter este avanço e reverter a situação. Esta é a análise feita pelo diretor executivo da NGO, Sidnei Moura Nehme, em relatório divulgado nesta terça-feira (8).

Para ele, o preço do dólar mudou de patamar e tende a buscar um preço ainda mais alto na medida em que as eleições se aproximam e aumentam as dúvidas e incertezas sobre as perspectivas para o País. Neste cenário, Nehme afirma que “as intervenções do BC poderão somente minimizar a intensidade da alta, torná-la mais gradual, mas não conseguirá a contenção”.

“Entendemos que o BC deveria rever sua manifesta intenção de reduzir a taxa Selic, já que o cenário americano indica que o Fed intensificará a elevação da taxa básica, e, já temos internamente uma melhor captação de que a inflação pode se aquecer […] e que poderá ser mais impulsionado pela alta do preço do dólar, que tem grande capacidade de repercussão nos preços da economia”, explica o analista no documento.

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Nehme afirma que o “conjunto de vetores e fatores” tanto internos quanto externos tende a mudar fortemente as projeções para o Brasil este ano, que ainda estão sendo pontuadas nas análises, com exceção do câmbio, que já sinaliza uma mudança de patamar, e da bolsa, onde, segundo ele, “os investidores estrangeiros vem buscando sair com lucro, mas acabam por contribuir para a alta do preço do dólar devido a demanda por ‘hedge cambial’, cujo custo está atraente, para realizarem um saída mais suave”.

Segundo o analista, a bolsa está sob risco de ter um “sell off”, na medida em que os estrangeiros não estão conseguindo dar sustentabilidade ao comportamento do mercado e começam a perder na conversão de retorno do capital provocada pela alta do dólar.

“O ‘hedge cambial’ pode estar barato e até ficar mais barato se o BC não alterar, como seria recomendado, a sua tendência de reduzir ainda mais a taxa Selic, mas o fato é que a demanda pelo instrumento de proteção acaba impactando no preço futuro da moeda americana, que contamina a taxa do mercado à vista”, afirma ele concluindo que a tendência do dólar segue de alta.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.