Dólar supera R$ 3,05 após relatório de emprego nos EUA; DI dispara

Com números melhores do que o esperado, aumentam as chances de que o Fed eleve os juros nos EUA pela primeira vez desde 2006 já nas próximas reuniões

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O dólar ameaçou passar por um dia de realização após fechar ontem acima de R$ 3,00 pela primeira vez desde agosto de 2004. Nos primeiros minutos do pregão desta sexta-feira (6), a moeda norte-americana chegou a voltar para R$ 2,99, mas o movimento não durou muito e a divisa disparou após a divulgação do relatório de emprego nos EUA.

A taxa de desemprego na maior economia do mundo caiu de 5,7% para 5,5%, com a criação de 295 mil novas vagas ante uma estimativa de 240 mil. Os números foram melhores do que o esperado, aumentando as chances de que o Fed eleve os juros nos EUA pela primeira vez desde 2006 já nas próximas reuniões.

Um aumento das taxas de juros por lá aumentará o retorno dos títulos da dívida norte-americana, tidos como os mais seguros do mundo. Com isso, deverá ocorrer uma retirada em massa de capitais dos ativos de risco, principalmente nas economias emergentes pelo investidor estrangeiro. Essa perspectiva tem levado o dólar a renovar máximas em mais de uma década contra diversas moedas pelo mundo.

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A alta do dólar pressiona também os juros futuros, com o contrato de janeiro de 2016 avançando para 13,41%, enquanto o de janeiro de 2017 sobe para 13,27%. Já o DI de janeiro de 2021 avança para 12,72%, o que representa uma alta de 50 pontos-base na semana.

O contrato de DI de janeiro de 2016 ficou em 13,310%, contra 13,209% no ajuste anterior. Já o DI janeiro de 2017 é cotado em 13,170%, ante 13,019% de ontem, enquanto contrato de janeiro de 2021 atingiu 12,700%, frente a 12,529% do ajuste da véspera.

No mercado doméstico, os últimos dias criaram um ambiente de tensão política, com início, na última terça-feira, quando o presidente do Senado, Renan Calheiros surpreendeu ao devolver a Medida Provisória 669, que trata sobre o fim da desoneração da folha de pagamento. O movimento levou a presidente Dilma Rousseff a apresentar em caráter de urgência um Projeto de Lei sobre o mesmo assunto. Esse atraso na aprovação da proposta aumenta o medo do mercado em relação à efetividade dos ajustes fiscais programados pelo governo, o que piora o sentimento dos investidores com a economia.

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Não bastasse o “medo” generalizado sobre o futuro dos ajustes fiscais do governo, outro assunto que está dominando os noticiários é a lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que ontem entregou ao STF uma relação com 54 nomes para abertura de inquérito em relação às investigações da Lava Jato. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo a lista enviada ao STF conta com cerca de 45 parlamentares com mandato. De acordo com a publicação, junto com os pedidos de abertura de inquérito, Janot solicitou ao STF o cumprimento de ao menos quatro mandados de busca e apreensão, quebras de sigilos telefônico e bancário.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.