Calmaria no câmbio? Volatilidade do dólar pode voltar nas próximas semanas

Tensão pode retornar com mudanças de expectativas quanto à condução da política monetária norte-americana

Lara Rizério

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SÃO PAULO – No dia 21 de agosto, o dólar bateu os R$ 2,45, atingindo sua cotação máxima em 5 anos. Desde então, a moeda norte-americana registrou uma queda de mais de 10%, em meio aos programas realizados pelo Banco Central e devido à postergação do programa de redução de estímulos do Federal Reserve, retornando à faixa de R$ 2,20. Passado esses momentos de volatilidade, a divisa dos EUA tem passado por um momento mais calmo nas duas últimas semanas, mas segundo analistas, toda essa calmaria tem prazo para terminar.

Segundo a equipe da LCA Consultores, a evolução recente da conjuntura internacional reforçou a perspectiva de acomodação da cotação cambial doméstica ao redor de R$ 2,25. Além disso, os indicadores recentes de atividade econômica e de inflação ao consumidor têm mostrado resultados tido como mais tranquilizadores.

A evolução recente da conjuntura internacional, destaca a LCA, trouxe alívio aos ativos e moedas emergentes – que devolveram uma parte relevante da depreciação observada entre maio e julho – quando a sinalização do Fed a respeito da desaceleração do seu programa de relaxamento quantitativo provocou movimentos agudos de realocação de capitais em escala global.

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Porém, os cenários mais favoráveis tanto por aqui quanto no exterior podem ser colocados em xeque nas próximas semanas. A começar pelo fato de que os períodos de volatilidade cambial poderão retornar na esteira de eventuais mudanças de expectativas quanto à condução da política monetária norte-americana, afirma a consultoria.

“Continuamos a avaliar que, embora o início de um ciclo de elevação de juros nos EUA ainda seja evento bastante distante, o Fed deverá anunciar a desaceleração do seu programa de relaxamento quantitativo ainda este ano – expectativa que deverá manter as cotações voláteis nos mercados internacionais de divisas”, ressaltam os economistas.

Além disso, a queda de braço entre republicanos e democratas em questões fiscais – caso do teto da dívida –  tenderá a recrudescer nas próximas semanas, fator que também poderá conferir volatilidade aos mercados globais. As disputas fiscais no Congresso dos EUA poderão aumentar o nervosismo dos mercados: o orçamento federal de 2014 precisa ser aprovado até o encerramento do ano fiscal de 2013 – ou até o dia 30 de setembro. O teto do endividamento precisa ser elevado novamente até meados de outubro.

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Já no cenário interno, a LCA aponta ainda para o fato de que a confiança interna continua enfraquecida e poderá pesar sobre o desempenho da economia, enquanto as pressões inflacionárias ocorrem no atacado.

Selic deve seguir em alta
Neste cenário, aponta a consultoria, a expectativa é de que a taxa Selic será elevada a 10% até dezembro. “Ou seja, continuamos a projetar elevação do juro primário para 10% ao ano até o final de 2013 – apesar de os discursos recentes de diretores do Copom – inclusive de Alexandre Tombini – terem apresentado tom mais otimista em relação à trajetória da inflação”, afirma.

Conforme ressalta o economista e diretor executivo da NGO Corretora de Câmbio, Sidnei Nehme, o preço tecnicamente baseado nos fundamentos atuais sugeria um preço entre R$ 2,25 a R$ 2,30.

O preço da moeda norte-americana, avalia Nehme, deve ser menos impactante na inflação, mas não deve promover mudança na política monetária do Copom (Comitê de Política Monetária) que deve persistir com a elevação da taxa Selic, “até porque todos sabem que a inflação não fosse às postergações de reajustes e a concessão de desonerações estaria muito acima dos parâmetros atuais que não são tranquilizadores”.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.