Câmbio tem 3ª queda seguida e vai a mínima em 3 semanas, é o fim do dólar a R$ 4,00?

Mudança de tendência reflete melhora aqui e no exterior, mas volatilidade da moeda brasileira continua a deixar o cenário incerto

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O dólar gerou uma comoção no mercado, nas redes sociais e entre todas as pessoas que pensam em viajar nos próximos meses ao bater mais de R$ 4,20 no mês passado. Desde então, no entanto, o movimento sofreu uma forte correção e o câmbio já voltou a operar em níveis mais “normais”, perto dos R$ 3,80, patamar em que não ficava desde o dia 16 de setembro, ou seja, três semanas atrás. Do dia 23 para cá, houve uma queda de 16% na cotação da divisa norte-americana. Seria o fim do dólar a R$ 4,00?

Na avaliação do economista do Banco Votorantim, Carlos Lopes, antes de tirar conclusões precipitadas é preciso olhar para os motivos que levaram a esta apreciação recente da nossa moeda. O primeiro, para ele, é global, com o dólar caindo em relação à maioria das moedas emergentes em meio às expectativas de que o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, não eleve os juros este ano, ao contrário do que se projetava antes. O segundo, é a melhora do cenário político brasileiro depois do anúncio da reforma ministerial. 

“Este segundo vetor faz o real ter uma volatilidade muito maior do que as outras moedas emergentes, subindo mais quando lá fora sobe e caindo mais quando lá fora cai”, explica. Segundo o economista, a reforma ministerial mostrou mais força do governo, o que é bom para o câmbio, que depende muito da aprovação das medidas do ajuste fiscal para não continuar em uma rota de depreciação. 

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Ele lembra que um dos motivos para a importância do ajuste é a manutenção do grau de investimento pelo Brasil. Isso mostra, por exemplo, por que o dólar caiu tão forte nesta terça (6), registrando queda de 1,48% a R$ 3,8419 na compra e a R$ 3,8429 na venda. Foi a terceira queda consecutiva da moeda. 

Hoje, a diretora-gerente da Moody’s Latin America, Susan Knapp, afirmou que as forças subjacentes do Brasil ainda são suficientes para manter o grau de investimento, apesar de as dinâmicas atuais de crescimento serem piores do que a agência antecipava. A declaração fez com que o mercado tivesse um alívio em relação à possibilidade do Brasil sofrer um rebaixamento pela agência. 

Apesar de tudo isso, a tendência, para Lopes, é de que o câmbio corrija também esta recente valorização e volte a subir perto do fim do ano. “A gente está com uma previsão do dólar a R$ 4,00 no fim do ano”, afirma o economista do BV. “Quando a gente pensa no dólar a médio e longo prazo a tendência é de depreciação do real, já que apesar do alívio momentâneo, a situação econômica continua ruim e o Fed ainda deve subir juros no começo de 2016”, opina. 

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Ele cita como provas desta fraqueza econômica brasileira, a inflação, que continua perigosamente perto dos 9,50% e os indicadores de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Nesta quarta, o FMI (Fundo Monetário Internacional), ajustou as suas expectativas para a economia brasileira de uma contração de 1,5% em 2015 para uma duas vezes pior: de 3%. 

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