C&A (CEAB3): executivos destacam oportunidades após 2023 marcante na Bolsa; analistas seguem neutros

Em encontro com analistas, diretores também falaram que veem espaço para ir além, com foco na rentabilidade e na produtividade.

Vitor Azevedo

Fachada de loja da C&A em shopping (Foto: Divulgação)

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As ações ordinárias da C&A (CEAB3) foram destaques da Bolsa brasileira em 2023, subindo 240%, principalmente por conta da boa operação que a empresa trouxe ao longo do ano, a despeito do cenário macroeconômico. E os executivos da companhia, em reunião com analistas, falaram que veem espaço para ir além, com foco na rentabilidade e na produtividade. 

Analistas da XP e do BTG Pactual reportaram em relatórios o que aconteceu no encontro com os diretores executivo (CEO), Paulo Correia, e financeiro (CFO) Laurence Gomes. De forma geral, a varejista de moda pretende melhorar suas margens, ainda colhendo frutos da implementação do push-and-pull, vender mais por metro quadrado e aumentar a participação dos serviços financeiros na venda. 

C&A investindo em tecnologia

“Os executivos destacaram que a companhia continua se beneficiando de suas iniciativas internas, como a precificação dinâmica e o modelo P&P, mencionando que ainda há espaço para captura de ganhos, uma vez que apenas 40% do sortimento é atualmente gerenciado por ele”, explica o time da XP, encabeçado por Danniela Eiger.

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O modelo push-and-pull consiste em entender as demandas dos clientes de forma mais específica, o “puxa”, e a entregar – ou empurrar – produtos que as atenda, melhorando as vendas e, mais do que isso, criando uma fidelização. Em 2023, ele foi apontado, por analistas, como um diferencial da C&A. 

Ele também entra na meta da varejista de aumentar a produtividade das suas lojas. “O desejo é fechar a diferença contra os competidores, principalmente através da maior recorrência de compra. Neste sentido, a companhia destacou que a otimização do sortimento das lojas e coleções mais assertivas, enquanto os serviços financeiros e CRM são alavancas de melhoria”, contextualiza o time da corretora.

O BTG também menciona a questão, falando que a C&A está investindo em inteligência de clientes e de mercado, com foco no uso de dados e na digitalização para melhorar o gerenciamento da distribuição e da reposição de produtos, bem como no cálculo de preços e na tentativa de antecipar demandas. 

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Mais crédito

No que tange o C&A Pay, os executivos da empresa mencionaram esperar utilizar o braço financeiro como um “motor de crescimento”.

“Apesar de atingir mais de quatro milhões de usuários, o C&A Pay (cartão de crédito private label) e o Bradescard, as duas opções de financiamento que a C&A oferece aos clientes, representam apenas 25% das vendas, bem abaixo de alguns pares, que tem de 30 a 40%”, fala a equipe do BTG. “Eles entendem que o financiamento ao consumidor é fundamental para sua operação no varejo, apoiado na dinâmica financeira com os clientes, mas também na hora de criar relacionamento e contato mais frequente. O objetivo é uma participação das vendas entre 27-30% em 2024 e 30-35% em 2025.”

Por enquanto, os executivos defenderam também que apesar do crescimento do fornecimento de crédito a inadimplência está controlada. Já as perspectivas para 2024 são de estabilidade, com maturação da carteira e cenário macro melhor. 

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A C&A enxerga que este ano ainda deve ser um pouco desafiador, mas melhor do que 2023, tanto pelo que tange a economia como um todo quanto pelos resultados das iniciativas da própria empresa. 

“Quanto ao cenário competitivo, a companhia destacou que estudos internos indicam que a busca dos consumidores pelas plataformas estrangeiras vem perdendo ritmo nos últimos meses, possivelmente explicado pelos ruídos quanto a taxação”, menciona a XP. “Já as discussões tributárias não preocupam, sendo que a C&A não espera nenhum impacto material das discussões”, contextualizando que a varejista vem pagando o Difal e não é beneficiada pela desoneração da folha. 

Tanto a XP quanto o BTG têm recomendações neutras para com a ação da companhia, em linha com a maior parte do mercado. De acordo com compilação LSEG, de oito casas que cobrem o papel, seis possuem recomendação neutra, uma de compra e uma de venda.

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“Gostamos de investimentos estratégicos na cadeia de suprimentos (modelo push and-pull e automação) e em serviços de crédito ao consumidor, além de iniciativas de controle de custos (devemos atualizar em breve nossas estimativas), mas a C&A e outros varejistas de vestuário mais expostos a consumidores de menor renda enfrentarão desafios devido à pressão persistente sobre a renda disponível, menor poder de precificação em comparação com varejistas mais expostos a consumidores de alta renda, riscos de aumentar sua plataforma de financiamento ao consumidor em meio a um cenário de altas taxas de juros (e inadimplência) e exposição a fashiontronics (desempenho inferior nos trimestres anteriores), por isso mantemos nossa recomendação”, cita o BTG.

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