BRF (BRFS3): mercado celebra 1º lucro em oito trimestres e ação salta 8%; é a hora da virada?

Analistas têm visões "mistas" para o papel, apesar dos fortes resultados registrados e com melhora de rentabilidade

Felipe Moreira

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A BRF (BRFS3) reportou na última segunda-feira um lucro líquido de R$ 823 milhões no quarto trimestre de 2023, revertendo o prejuízo de R$ 956 milhões registrado no mesmo período de 2022. Este foi o primeiro lucro após sete trimestres consecutivos de prejuízos, em resultado bem acima das previsões de analistas. Com isso, os ativos BRFS3 subiam 8,14%, a R$ 15,15 após chegarem a uma máxima de 10,64% (R$ 15,50), em movimento de alta também registrado por outras ações de proteínas.

O JPMorgan disse que a BRF relatou resultados trimestrais mais fortes do que o esperado, com um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 1,903 bilhão, um aumento de 76% em relação ao ano anterior, superando a estimativa do banco em 4% e o consenso em 10%.

Desta vez, segundo o JPMorgan, as operações internacionais foram responsáveis pelo desempenho superior, entregando uma margem inesperadamente alta de 11,1%, principalmente devido a preços melhores e custos mais baixos.

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Em termos de geração de caixa, o fluxo de caixa livre (FCF) de R$ 631 milhões no 4T23 ficou aquém das expectativas do JPMorgan devido ao consumo de capital de giro. No geral, o JPMorgan acredita que os resultados acima devem levar a um aumento nas estimativas do consenso, especialmente para o mercado internacional.

Para XP Investimentos, a BRF registrou um sólido 4T23 com sinais positivos em todas as linhas. A instituição comenta que esperava que a demanda no mercado doméstico sustentasse a recuperação da margem, que foi entregue juntamente com melhores perspectivas de fluxo de caixa em estoques mais baixos e resultados financeiros de caixa sequencialmente melhores. “No entanto, a operação internacional ganhou destaque com a recuperação de preços em todos os mercados- tendência oposta à da Secex -, impulsionando a margem Ebitda ajustado de 2,6% no 4T22 para 11,1% no 4T23, uma recuperação mais rápida do que o esperado que poderia desencadear revisões de lucros por parte do mercado, enquanto o Brasil reportou uma sólida margem Ebitda ajustada”, destaca.

A Genial também avalia que o frigorífico reportou um trimestre sólido, com resultados pouco abaixo de suas expectativas em termos de receita (-0,7% versus a estimativa da Genial), mas acima em termos de margem Ebitda (+2,1 p.p. versus o que a casa esperava).

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O time de análise da Genial destaca a recuperação sequencial de margens no 4T23, viabilizada por maiores preços de in natura, uma vez que o cenário de sobreoferta global do frango está se normalizando, e por menores custos com grãos. A companhia entregou um resultado sólido no Brasil conforme o esperado. Já o segmento Internacional surpreendeu positivamente ao entregar uma margem Ebitda de dois dígitos, com sua rentabilidade puxada pelo Halal.

Na visão da Genial, a queda nos grãos seguirá como um vento favorável para a BRF nos próximos exercícios. “Continuamos acompanhando de perto o processo de desalavancagem da companhia e esperamos ver novas melhorias no capital de giro com a implementação do programa de eficiência BRF+ 2.0, ainda que as principais eficiências já tenham sido capturadas em 2023”, comenta.

Na mesma linha que as outras instituições, o Itaú BBA classificou os resultados no 4T23 como fortes. O Ebitda ajustado ficou 6% acima da estimativa, com a maior parte do impacto vindo da divisão internacional. Apesar de superar a projeção, os analistas pontuam que o consenso de compradores já estava na faixa de R$ 1,8 a 1,9 bilhão, rendendo uma surpresa de “apenas” cerca de 3%.

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Segundo o BBA, os resultados do 4T23 implicam em um Ebitda próximo de R$ 6,5 bilhões em 2024, ajustada pela sazonalidade, correspondendo à projeção atual. Diante disso, o banco parabeniza o aumento do nível de rentabilidade da BRF no trimestre, mas é necessário mais para desencadear uma revisão para cima das estimativas.

O Goldman Sachs também pontua que o desempenho superior foi impulsionado principalmente pelas operações internacionais, onde as margens se recuperaram para 11,1% (+690 pontos-base em relação ao trimestre anterior), abrindo uma lacuna em relação às exportações totais in-natura no Brasil, que foram amplamente fracas, impulsionadas por preços resilientes de frangos, alimentos processados na Turquia e bons volumes para a Ásia.

Já o Brasil permaneceu forte (e melhorando), como esperado pelo Goldman Sachs, sustentado por preços mais baixos de grãos, rentabilidade sequencialmente melhor no portfólio regular e um desempenho sólido nos produtos sazonais. Apesar do forte desempenho operacional no 2º semestre de 2023, o fluxo de caixa livre ajustado fechou o ano em R$ 475 milhões negativos.

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Com uma alavancagem menor e um novo histórico do management, a XP Investimentos disse continuar altamente convencida com a história de turnaround da BRF e a reforça a ação como Top Pick no setor.

O JPMorgan, BBA e Genital mantêm recomendação neutra e preço-alvo de, respectivamente R$ 16,50, R$ 11,50 e R$ 14. Já o Goldman Sachs tem recomendação de venda e preço-alvo de R$ 9,70.