Os 4 eventos que serão monitorados de perto pelos investidores em Bolsa brasileira nas próximas sessões

Ata do Copom, IPCA-15, Relatório Trimestral de Inflação e, principalmente, a reunião do CMN, serão monitorados e devem impactar mercados nos próximos dias

Equipe InfoMoney

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Após um comunicado que seguiu à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) mais hawkish (duro) do que o esperado e que levou a uma divisão no mercado sobre se os cortes de juros começarão em agosto ou em setembro, os eventos dos próximos dias poderão ser ainda mais definidores sobre os próximos passos da política monetária.

São eles: ata do Copom e IPCA-15 de junho na próxima terça-feira (27), além do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e, principalmente, a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) na quinta (29).

“A prévia da inflação (IPCA-15) de junho estará sob os holofotes, especialmente após as surpresas baixistas com os resultados de maio e a sinalização do Banco Central de que as próximas decisões de juros dependerão da evolução dos dados econômicos. Neste sentido, os agentes de mercado acompanharão de perto a Ata do Copom, o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)”, aponta a XP.

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Os juros futuros devem ser bastante impactados por esses eventos, podendo guiar novas altas do Ibovespa após o índice chegar aos 120 mil pontos na quarta-feira passada (caso haja um cenário para corte de juros mais intensos pelo Banco Central) ou podendo guiar baixas (caso ainda sinalizassem a necessidade de um BC cauteloso). A expectativa de corte de juros tem sido o grande catalisador para o mercado brasileiro, o que faz com que as visões de novos cortes sendo postergados ou antecipados impactem negativa ou positivamente os ativos de riscos por aqui.

Confira a seguir no que ficar de olho nos próximos dias:

Terça-feira 

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8h: Ata do Copom 

Na ocasião, será divulgará a ata da mais recente reunião do Copom, na qual os juros básicos da economia foram mantidos em 13,75% ao ano pela sétima vez consecutiva. Já que o comunicado que acompanhou a decisão não fez menção a cortes na Selic nas próximas reuniões, frustrando a maioria dos investidores, a minuta do encontro poderá trazer alguma pista sobre o que está por vir.

Em relatório, Alberto Ramos, diretor de Pesquisa Macroeconômica do Goldman Sachs para América Latina, enumera alguns pontos de atenção no documento, que deve reforçar a conhecida mensagem de prudência e paciência. A ata poderá trazer a visão do Copom sobre a persistência de incertezas em relação ao arcabouço fiscal, a evolução do cenário externo, a dinâmica do crédito doméstico e como tudo isso pode impactar a calibragem da política monetária.

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“Também buscaremos visões dos diretores sobre o gargalo entre produção e mercado de trabalho e até que ponto isso pode tornar a inflação – de serviços em particular – mais inercial”, diz Ramos. “Também vamos buscar pistas em relação à reunião de agosto do Copom, quais seriam as condições que deixariam o colegiado confortável para um corte na Selic e os benefícios de se esperar um pouco mais”.

9h: IPCA-15 de junho

A projeção Refinitiv aponta para um IPCA-15 de junho com leve variação positiva, de 0,01% frente maio e de 3,39% na comparação anual.

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Já a Eleven projeta avanço superior, de 0,05% na base mensal. No acumulado em 12 meses, o índice deve atingir alta de 3,42%.

“Em resumo, a divulgação do IPCA-15 de junho deve registrar forte arrefecimento, puxado principalmente pelas deflações esperadas em Transportes e Alimentação e bebidas. Apesar disso, note-se que as leituras subjacentes e os núcleos acompanhados pelo Banco Central devem seguir apresentando uma leitura pressionada”, aponta Rafael Rondinelli, economista-chefe da Eleven.

Assim, deve indicar alguma resiliência da inflação e em linha com uma desaceleração mais lenta dos índices conforme esperado pela autoridade monetária, aponta o economista. Dessa forma, se houver uma surpresa para baixo na inflação, o mercado pode reagir positivamente.

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Leia mais: Ata do Copom, IPCA-15, inflação nos EUA e Europa: o que acompanhar na semana

O Itaú, por sua vez, prevê uma ligeira deflação de 0,03%, depois dos reajustes de preço da Petrobras, e também puxada por alimentos e veículos. “Levando em conta o núcleo da inflação, tanto bens quanto serviços devem desacelerar na margem”, diz o relatório de Mario Mesquita, economista do banco.

Quinta-feira

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8h – Relatório Trimestral de Inflação

Na quinta, às 8h, o BC divulga seu Relatório de Inflação referente ao segundo trimestre. O Goldman Sachs diz que é preciso ter particular atenção às projeções para o primeiro semestre de 2025 – o ano já vai fazer parte do horizonte relevante quando o Copom se reunir em agosto. Logo, é uma informação que pode indicar espaço para o início do alívio monetário na próxima reunião do colegiado.

Às 11h (horário de Brasília), Roberto Campos Neto, presidente do BC, e Diogo Guillen, diretor de política econômica da autoridade monetária, dão entrevista e podem dar mais sinais sobre o rumo da política monetária.

No mesmo dia, cabe destacar, às 8h, será divulgado o IGP-M de junho pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

15h – reunião do CMN, com expectativa sobre anúncio do Regime de Metas de Inflação após o fechamento do mercado

Na quinta-feira à tarde, o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reunirá, neste que promete ser o encontro mais importante dos últimos anos, conforme destaca a Levante Corp. Tradicionalmente, o colegiado – que é formado pelos ministros da Fazenda (Fernando Haddad), Planejamento (Simone Tebet) e o presidente do Banco Central (Roberto Campos Neto) – discute as metas de inflação na reunião de junho.

“Espera-se, desta vez, que a decisão do CMN coloque um fim no ruído em torno do tema, que se iniciou no começo do ano”, aponta a casa.

As metas para os anos de 2024 e 2025 estão em 3%, com tolerância de 1,5% para cima ou para baixo. De acordo com o costume, seria definido o alvo para 2026 e, posteriormente, as metas de 2024 e 2025 seriam rediscutidas. Entretanto, desde a primeira entrevista de Lula como presidente, ele questionou o nível das metas de inflação. Segundo ele, o alvo estabelecido exigiria um aperto monetário draconiano, e por isso defendeu uma mudança nas metas.

Desde então, aponta, as expectativas do Relatório Focus de prazos mais longos se descolaram das metas, e permaneceram dessa maneira até há aproximadamente um mês – a melhora nos indicadores econômicos tem arrefecido as projeções, aponta a casa de análise.

“O que se sabe até agora é que Haddad defende publicamente uma mudança de prazo para a meta, desvinculando-a do ano-calendário e adotando um horizonte móvel. Campos Neto já defendeu que uma alteração seja feita somente quando a meta estiver dentro do limite estabelecido. Mas o mercado vê a possibilidade com naturalidade, e entende que o BC, de certa forma, já faz isso quando dá ênfase ao período de 18 meses à frente para avaliar a convergência de inflação à meta – o chamado horizonte relevante”, avalia a Levante.

Assim, os agentes esperam que, com a adoção da meta contínua e a manutenção da meta de 3% para os próximos anos, poderia haver uma melhora nas projeções de inflação à frente, convergindo em direção aos 3%. Atualmente, as expectativas do IPCA para 2025 e 2026 estão em 3,8%.

A XP também espera manutenção da meta de inflação para os próximos anos (em 3,0%), porém com ampliação formal do seu horizonte de convergência. “Esta definição tem influência relevante sobre o comportamento das expectativas inflacionárias de médio prazo e, consequentemente, a condução da política monetária”, aponta.

“Esperamos que o CMN confirme a meta de inflação em 3%, com faixa de tolerância de 1,5 ponto percentual, mova a meta de ano-calendário para contínua, redefinindo a política de verificação de cumprimento da meta – mas seguindo o padrão internacional – deixando para o Banco Central definir o horizonte de convergência”, afirma Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú.