BNDES faz desinvestimento bilionário na Vale e ações ficam em leilão por quase duas horas; papéis fecham em leve alta

Expectativa é de que outras empresas sejam alvos de venda de ativos, segundo informações da Bloomberg

Lara Rizério

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SÃO PAULO – As ações da mineradora Vale (VALE3) ficaram quase duas horas sem negociar na B3, abrindo por volta das 11h40 (horário de Brasília), em meio à grande operação de venda de ações em bloco do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de acordo com informações da Bloomberg.

A estimativa inicial era de que tivessem sido negociadas entre 100 milhões e 130 milhões de ativos VALE3 cotados a R$ 58,76, representando um desconto de 2,49% frente os R$ 60,26 do fechamento da véspera. Assim, poderia levantar entre R$ 5,87 bilhões a R$ 7,6 bilhões com o desinvestimento.

Já a Bloomberg destacou, segundo fontes, que o banco vendeu R$ 8,13 bilhões em ações. A venda em bloco começou a R$ 58,76, com a proposta de venda de 100 milhões de ações, mas a demanda foi forte e acabou saindo a R$ 60,26, com a venda de 135 milhões de ações. O BNDES não respondeu imediatamente a pedidos de comentários.

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A operação acontece um dia após a Bloomberg noticiar, citando fontes de mercado, que o BNDES estava buscando vender US$ 1 bilhão de sua fatia na Vale neste mês.

O BNDES possuía até a manhã de hoje uma participação total de 323,5 milhões de ações da Vale, correspondente a 6,3% do capital da mineradora, ou R$ 20 bilhões. Do total, 117,5 milhões de papéis, ou 2,26% do negócio, estão amarrados ao acordo de acionistas até novembro. Já do montante fora do contrato, foram colocadas à venda mais de 60% da posição no leilão de hoje.

As ações não negociaram durante o tempo do leilão tendo em vista a instrução 168 da CVM, que prevê que a Bolsa brasileira deverá adotar procedimentos especiais de negociação para operações que incluam quantidade de ações superior à média diária negociada nos últimos pregões ou qualquer bloco substancial de ativos, o que ocorreu nessa sessão. Desta forma, ficou preservada a estabilidade e o preço do papel, uma vez que uma quantidade expressiva de ações ofertada no mercado em uma mesma oferta poderia causar desequilíbrio.

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Analistas do Itaú BBA citaram que a operação poderia gerar uma pressão de curto prazo nos papéis, em razão de ‘overhang’ (excesso de ações no mercado), mas destacaram ver a operação de venda pelo BNDES como positiva. Na visão deles, essa operação pode fechar parte do recente ‘gap’ contra seus pares australianos. O banco segue com visão positiva para a mineradora, apontando o desconto de 30% frente seus pares.

Cabe destacar, contudo, que as ações saíram do leilão praticamente estáveis, registrando, às 12h (horário de Brasília), leve alta de 0,65%, a R$ 60,65, para em seguida perderem força. Contudo, mesmo em meio à forte queda do Ibovespa, de 1,57%, na sessão, os ativos conseguiram fechar em alta, de 0,73% (R$ 60,70). Em julho, a companhia alcançou o seu maior valor de mercado na B3, encerrando o pregão da véspera avaliada em R$ 320 bilhões.

Nesta terça-feira, o minério de ferro, um dos grandes catalisadores para os ativos, teve nova alta, de 1,4%, a US$ 118 a tonelada (com pureza de 62% negociado no porto de Qingdao), em meio ao maior otimismo sobre a recuperação econômica da China e com os investidores questionando a capacidade da mineradora brasileira de aumentar a produção da commodity.

Desta forma, o BNDES, segundo aponta a Bloomberg, teria aproveitado o cenário para seguir com o seu processo de desinvestimentos. O banco também deve desinvestir até US$ 1 bilhão na gigante petrolífera Petrobras (PETR3;PETR4), segundo a agência.

O portfolio de empresas de capital aberto do BNDES totaliza cerca de R$ 61,4 bilhões, segundo dados do final de março no site do banco. As vendas propostas retomariam um processo de encolhimento do balanço do banco e de redução da volatilidade de seu patrimônio interrompido pela pandemia de Covid-19.

Em fevereiro, o BNDES vendeu R$ 22 bilhões em ações da Petrobras e ainda detém 8% do capital da produtora de petróleo. Além delas, o banco de fomento também pretende vender suas participações na fabricante de celulose Suzano (SUZB3) e na produtora de embalagens de papel Klabin (KLBN11), segundo apontam fontes da Bloomberg.

(Com informações da Bloomberg)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.