BM&FBovespa lucra 85% menos, prejuízo de R$ 100 mi da CSN e mais 4 balanços; Petrobras e recomendações no radar

Confira os destaques do noticiário corporativo desta segunda-feira (14)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Além dos mercados seguirem repercutindo o “efeito Donald Trump” sobre os ativos, o noticiário corporativo desta segunda-feira, véspera de feriado, é movimentado. Temporada de resultados e recomendações são os destaques. Confira abaixo no que se atentar:

BM&FBovespa (BVMF3)
Resultados operacionais fracos e uma provisão para possível perda numa disputa judicial produziram um lucro decepcionante no terceiro trimestre da BM&FBovespa, que também anunciou que vai emitir 3 bilhões de reais em debêntures para pagar a compra da Cetip. Maior operadora de bolsas da América Latina, a BM&FBovespa anunciou nesta sexta-feira que teve lucro líquido de 292,7 milhões de reais no período. A previsão média de analistas ouvidos pela Reuters era de lucro de 468,3 milhões de reais.

O resultado representou uma queda de 85,5 por cento sobre um ano antes, mas a comparação é prejudicada porque então o lucro tinha sido inflado por um ganho extraordinário.

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Operacionalmente, o resultado foi enfraquecido pela queda dos volumes negociados no segmento BM&F, sobretudo derivativos. De julho a setembro, a receita líquida da empresa somou 559,1 milhões de reais, queda de 6,5 por cento sobre um ano antes. Além disso, a companhia constituiu uma provisão de 238,5 milhões de reais, valor sobretudo referente a uma disputa judicial com uma corretora que teve sua chance de perda alterada de possível para provável. O montante inclui honorários de advogados.

O lucro só não caiu mais porque a BM&FBovespa viu seu resultado financeiro atingir 221,5 milhões de reais no trimestre, alta de 157,5 por cento ano a ano, refletindo o aumento do caixa, com recursos da venda de ações do CME Group. Além disso, as despesas operacionais no período caíram 5 por cento no comparativo anual, para 155,5 milhões de reais.

A empresa também anunciou que seu conselho de administração deu aval para captação de 3 bilhões de reais com a emissão de debêntures, para pagar a operação de união dos negócios com a Cetip, anunciada mais cedo neste ano. As debêntures são da espécie não conversível e têm prazo de 3 anos.

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Apesar da queda do lucro, o Bradesco BBI afirmou que os “resultados reforçam nossa visão de que BVMF3 é a top pick no setor, uma vez que vemos a empresa como a principal beneficiária de uma recuperação nos mercados de capitais brasileiros, que ainda é nosso cenário-base”.

CSN (CSNA3)
A CSN reportou nesta segunda-feira prejuízo líquido de 100 milhões de reais no terceiro trimestre de 2016, ante resultado líquido negativo de 533 milhões de reais no mesmo período de 2015.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado foi de 1,239 bilhão de reais entre julho e setembro, 45 por cento maior que os 853 milhões de reais do terceiro trimestre de 2015, segundo comunicado o informe de resultados.

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O Conselho aprovou ainda a reapresentação e republicação voluntária das demonstrações financeiras de 2015 para assumir totalidade dos ganhos da combinação da Congonhas Mineração exclusivamente à CSN.

Por fim, o jornal O Estado de S. Paulo informa que, um ano após dar início a conversas para se desfazer de parte dos ativos da siderúrgica, na tentativa de reduzir a pesada dívida da empresa, Benjamin Steinbruch voltou atrás na decisão. O empresário, que chegou muito perto de vender um dos seus negócios de logística mais cobiçados – o terminal de contêineres Sepetiba Tecon, no Rio de Janeiro, em uma operação avaliada em quase R$ 1,5 bilhão –, aposta agora na busca de um sócio minoritário para sua divisão de mineração para garantir fôlego financeiro ao grupo siderúrgico.

Cemig (CMIG4)
A Cemig obteve no terceiro trimestre lucro líquido de R$ 433,502 milhões, o que representa um aumento de 159,6% sobre os R$ 166,954 milhões do mesmo período do ano passado.

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A empresa de energia mineira apresentou Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – ou Lajida) 84,27% maior, para R$ 1,192 bilhão, contra R$ 647,198 milhões no terceiro trimestre de 2015. A margem Ebitda foi a 24,38%, ante 13,53% em igual intervalo do ano anterior. Em relatório de resultados, a administração da Cemig explica que o motivo principal foi a redução da despesa com compra de energia em 2016 e a reversão de provisão de R$ 167 milhões da opção de venda da controlada Parati, que faz parte do bloco de controle da Light.

A receita líquida da Cemig cresceu 2,31%, para R$ 4,894 bilhões no período. A despesa financeira líquida aumentou para R$ 422 milhões no terceiro trimestre, de R$ 281 milhões no mesmo período de 2015.

A energia comercializada totalizou 13.841 GWh, 3,63% acima do mesmo intervalo do ano passado, no critério consolidado. As vendas de energia para consumidores finais (excluindo consumo próprio) foram a 10.826 GWh, queda de 4,32% sobre o terceiro trimestre de 2015. Já para distribuidoras e comercializadoras, geradoras e produtores independentes, as vendas alcançaram 3.007 Gwh, alta de 47,92% na mesma comparação. Ao final de setembro, a Cemig detinha 8,228 milhões de clientes faturados, número 2,1% maior que a base de consumidores de um ano antes.

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Equatorial (EQTL3)
A Equatorial reportou lucro líquido ajustado de R$ 216 milhões no terceiro trimestre, alta de 177% na comparação anual frente os R$ 78 milhões. Já a receita operacional líquida somou R$ 2,02 bilhões, 8,6% superior. O Ebitda ajustado foi de R$ 428 milhões, 29% superior ante os R$ 331 milhões do ano passado. A margem líquida foi de 10,7% ante 4,2% em 2015. 

Cesp (CESP6)
A Cesp registrou um lucro líquido de R$ 80,256 milhões no terceiro trimestre deste ano, revertendo o prejuízo de R$ 66,9 milhões reportados no mesmo período do ano passado.

Segundo a companhia, a melhora do desempenho se deve principalmente à redução de despesas com energia comprada e encargos setoriais, incluindo o uso do sistema de transmissão, despesas com pessoal, material, serviços de terceiros e outras (PMSO), a redução em provisões para riscos legais e a relativa estabilidade do câmbio no trimestre.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) totalizou R$ 189,368 milhões, praticamente estável (+1,4%) ante os R$ 186,6 milhões reportados entre julho e setembro de 2015. O Ebitda ajustado pela provisão para riscos legais ficou em R$ 196,053 milhões, montante 22% inferior ao anotado um ano antes.

A receita operacional totalizou R$ 434,6 milhões entre julho e setembro, uma redução de 49,1% em relação aos R$ 853,7 milhões do mesmo período do ano passado. Conforme destacou a companhia, a redução na receita é reflexo da redução nos contratos de consumidores finais e agentes comercializadores no mercado livre e em leilões de energia, no mercado regulado, bem como da redução de 87,6% em receita de energia no regime de cotas.

Os analistas do BTG Pactual destacaram o balanço como positivo, destacando que a redução dos custos é o principal catalisador para o balanço. A recomendação dos analistas pelo ativo segue neutra. 

OGPar (OGXP3)
A Óleo e Gás Participações (OGPar), holding que detém participação na OGX, teve prejuízo líquido de R$ 80 milhões no terceiro trimestre, 15,6% superior frente o mesmo período de 2015.

O resultado de equivalência patrimonial, referente à fatia da companhia na OGX, foi negativo em R$ 78 milhões, 38,3% superior ao mesmo período de 2015. A OGpar possui uma fatia de 25,89% na OGX. A OGX teve prejuízo de R$ 293,9 milhões entre julho e setembro, 50,8% superior à perda informada no mesmo período de 2015.

Petrobras (PETR3;PETR4)
A produção de petróleo e gás natural da Petrobras no Brasil em outubro somou 2,68 milhões de barris de óleo equivalente (boed), informou a companhia nesta sexta-feira, enquanto a produção total, incluindo no exterior, somou 2,81 milhões de boed.

A produção média de petróleo da estatal no país foi de 2,19 milhões de barris por dia, queda de 2 por cento ante setembro, quando houve recorde de produção, recuo provocado principalmente por paradas para manutenção.

A Petrobras teve a cobertura iniciada pelo Scotiabank com recomendação sector perform e preço-alvo de US$ 12,50 para o ADR. 

Sabesp (SBSP3)
Além de Petrobras, a Sabesp foi elevada para sector perform pelo Scotia Bank. Cabe lembrar que a ação da companhia teve forte queda de 16,17% na semana passada apesar dos bons resultados, em meio à aversão ao risco com o efeito Donald Trump sobre os mercados brasileiros.  

Oi (OIBR4)
O noticiário para a Oi é movimentado. O escritório Dechert LLP anunciou a formação de um novo grupo de credores da Oi constituído pela maioria dos membros da Moelis, segundo comunicado.

O novo grupo é formado por várias firmas de investimentos que detém mais de US$ 1,5 bilhão em dívidas da empresa e o objetivo do grupo é buscar uma reestruturação consensual. O grupo é representado por Allan Brilliant do Dechert nos EUA, Marcelo Carpenter do Sergio Bermudes no Brasil e Frederic Verhoeven do Houthoff Buruma na Holanda.

Vale destacar que, segundo o jornal O Globo, o fundo Elliott pretende fazer um aporte de R$ 10 bilhões na Oi para ter 60% das ações, em uma oferta desenhada com ajuda do Boston Consulting Group e da gestora francesa Lazard, que atua como consultor financeiro. Pela proposta, os atuais acionistas ficariam com 20% da Oi e os credores internacionais com os 20% restantes. A oferta foi bem recebida, diz o jornal citando a fonte. Outro fundo, o Aurelius, atraiu novos bondholders para seu plano de vetar qualquer acordo e pedir a falência das empresas do Grupo Oi na Holanda. As empresas não retornaram o contato do jornal.

Em outra reportagem, O Globo diz que o empresário egípcio Naguib Sawaris, também interessado na Oi, já acertou a participação de um conglomerado chinês e de um fundo de investimento dos EUA, não identificados pela reportagem. Sawaris virá ao Brasil em duas semanas para se reunir em São Paulo com parte dos credores e ir a Brasília onversar com a Anatel e outros representantes do governo, segundo o jornal. A KPMG estaria participando das conversas como assessora. Ainda na edição impressa de O Globo, colunista Ancelmo Gois diz que estima-se que o mercado segurador possa ter que arcar com um rombo de cerca de R$ 4 bilhões com a eventual falência da Oi.

Já o jornal Valor Econômico informa que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) está analisando em detalhes a validade do acordo entre os acionistas da Oi, Pharol, e Nelson Tanure, sobre a formação do conselho de administração da companhia, bem como seus desdobramentos e consequências.

Via Varejo (VVAR11)
A Via Varejo e a Cnova receberam R$ 120 milhões por adiantamento de comissões. Do montante, R$ 60 milhões foram parte do acordo com Bradesco e outros R$ 60 milhões pelo acordo com a Tempo USS, segundo fato relevante. O pagamento envolve contrato celebrado pela Cnova com Bradesco para oferta de produtos e serviços financeiros nos sites de comércio eletrônico do Ponto Frio e Extra. Também envolve parceria celebrada pela Via Varejo, Cnova e a USS Soluções para a oferta de serviços de multi-assistência nas lojas físicas e nos sites de comércio eletrônico das Casas Bahia e Ponto Frio. Via Varejo e Cnova Brasil ainda poderão receber R$ 45 milhões adicionais da Tempo USS, caso determinadas metas estabelecidas no contrato sejam atingidas.

Marfrig (MRFG3)
O BB Investimentos elevou a recomendação das ações da Marfrig para outperform, com preço-alvo para 2017 de R$ 7,50 por ativo.  

B2W (BTOW3)
A B2W informou que elegeu Marcelo da Silva Nunes como diretor financeiro. 

PDG (PDGR3)
A PDG informou que realizou na semana passada reunião com bancos credores. A reunião foi para apresentar a alguns dos credores os novos assessores financeiros contratados pela companhia para atuar na reestruturação de dívidas, disse a PDG Realty em comunicado de esclarecimento ao mercado.

Assessores financeiros têm auxiliado a PDG Realty a analisar conjunto de alternativas para fortalecer sua estrutura de capital e sua reestruturação financeira, disse a empresa. Não há novidade em relação aos esforços que vêm sendo empregados pela companhia no contexto da reestruturação de dívidas, disse ela.

(Com Agência Estado, Reuters e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.