Bitcoin: após saltar 20% e superar US$ 5 mil, é hora de vender ou comprar mais a criptomoeda?

Especialistas explicam que cenário de médio prazo indica para mais altas pela frente, mas é possível realizar parte dos lucros recentes neste momento

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Para surpresa de todos, o Bitcoin disparou cerca de 20% em poucas horas na madrugada da última terça-feira (2), e com o preço se mantendo estável no resto da semana a maior criptomoeda do mundo dá sinais de fixação em um novo patamar acima do nível de US$ 5 mil.

Mas uma arrancada rápida como essa traz um misto de sentimentos para o mercado: de um lado, não tem como não se animar com a recuperação dos preços. Do outro, relembra um pouco o período entre dezembro de 2017 e fevereiro de 2018, quando a moeda digital caiu de sua máxima de US$ 20 mil para cerca de US$ 6 mil.

Então, com um rali desses agora, é hora de sair comprando ou fugir de uma possível realização? Para especialistas, nem um, nem outro.

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Para o especialista em criptomoedas e apresentador do programa “Bloco Cripto” na IMTV, Safiri Félix, o mercado está dando sinalizações claras de que o ciclo de baixa pode estar no final.

“O mercado tem reproduzido vários padrões observados nos ralis anteriores e, caso a tendência se confirme, a possibilidade é de um ciclo de alta que dure pelo menos até o halving (ajuste de 50% na oferta de bitcoins aos mineradores), programado para maio do ano que vem”, explica.

Em geral, Safiri avalia que, no patamar de US$ 5 mil, o Bitcoin reverteu tecnicamente a tendência de baixa e que o novo teste agora está na região dos US$ 6 mil. Para ele, não é hora de vender e o cenário está propício para a entrada com um stop curto, sendo que o potencial de longo prazo para o ativo segue forte.

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No último programa “Bloco Cripto“, o diretor comercial da Enfoque, Douglas Magalhães Júnior, afirmou que os gráficos do Bitcoin já indicavam uma reversão consistente e agora o momento da criptomoeda é “para cima”. Ele explica que houve a formação de uma figura gráfica que indicava o patamar dos US$ 4.200 como um importante marco, que ao ser rompido já mostrava essa tendência de uma alta mais expressiva.

O analista disse que esperava um rali, mas não tão grande como aconteceu, e que agora ele não vê uma nova resistência para o ativo tão próxima. “Tem gente falando em US$ 5 mil, mas eu particularmente não vejo”, afirma ele indicando os US$ 6 mil como a próxima marca a ser batida.

Já o economista Richard Rytenband diz que há algumas semanas o mercado já mostrava alta convexidade, ou seja, um nível baixo de fragilidade na escala de curtíssimo prazo (horizonte de até 1 mês), enquanto em curto prazo (1 a 3 meses) o patamar de convexidade era neutro/alto.

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“Já alertávamos que uma alta forte no curto prazo era iminente”, afirma ressaltando que este rali também é um bom momento para buscar um pouco de opcionalidade, ou seja, realizar parcialmente os lucros e ficar com um pouco mais de caixa.

“Agora, as escalas de curtíssimo e curto estão se alinhando, com o nível de fragilidade subindo no curtíssimo, então sim um bom momento para buscar um pouco de opcionalidade, mas sem se esquecer que precisa manter parte da exposição, já que na escala de médio prazo (horizonte de 4 a 12 meses) o nível de fragilidade é muito baixo, ou seja já temos o sinal que estamos há algum tempo na transição do grande mercado de baixa para o grande mercado de alta”, avalia Richard.

A estratégia agora, segundo ele, é ter um pouco de cautela e aumentar a porcentagem em caixa, mantendo ainda parte da exposição. Com isso, quando os níveis de fragilidade baixarem no curtíssimo e curto prazos, usar este caia para voltar ao mercado e aproveitar uma nova arrancada dos preços.

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O que explica esta alta do Bitcoin?
Não houve uma notícia que explicasse a disparada tão rápida da criptomoeda em poucas horas. Em um primeiro momento, a maior parte dos analistas apontou para um movimento técnico, com o rompimento do nível dos US$ 4.200, como explicado no programa “Bloco Cripto” desta semana.

Como havia muitos investidores operando vendido no mercado de cripto, uma arrancada rápida como esta acaba gerando um “efeito dominó”, acionando uma série de ordens de stop (que neste caso se torna uma ordem de compra), favorecendo para uma alta ainda mais forte da criptomoeda.

Mas esta não foi a única explicação levantada. Outro motivo que ganhou os noticiários foi uma compra “misteriosa” de cerca de US$ 100 milhões nas exchanges norte-americanas Coinbase e Kraken e no Bitstamp de Luxemburgo. Este fato foi levantado por Oliver von Landsberg-Sadie, presidente-executivo da empresa de criptografia BCB Group.

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Safiri explica que este gatilho faz sentido, já que havia pouca liquidez no mercado de criptoativos, então uma ordem alta como esta acaba tendo um efeito muito forte no preço.

Para ele, porém, se este foi o motivo mesmo, será preciso prestar atenção se o mercado terá força para sustentar o movimento. “Não importa muito quem deu o primeiro tiro, desde de que o mercado tenha munição pra seguir no tiroteio”, afirma.

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Um terceiro fator seria um movimento dos próprios mineradores. Especialistas apontam que cerca de um ano antes do chamado “halving”, que é o corte em 50% da recompensa dada aos mineradores para cada bloco de bitcoin minerado, os preços da moeda começam a aumentar.

Isso acontece porque será necessário fazer mais mineração para produzir a mesma quantidade de bitcoins, o que puxa os preços para cima.  Este halving é esperado para maio de 2020.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.