Bitcoin perde US$ 2 bilhões de valor em apenas três dias por causa de um “garfo”

Enquanto o bitcoin afunda, o "éter", uma moeda digital rival, está subindo 84%, saindo de um nível de US$ 29,87 de terça para atuais US$ 55

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Cerca de US$ 2 bilhões de valor do bitcoin “sumiram” em menos de três dias diante de uma luta do mercado sobre o futuro da tecnologia da criptomoeda. Nesta sexta-feira, a moeda girava em torno de US$ 1.142,60, dando um valor de mercado total de US$ 18,53 bilhões, de acordo com dados do CoinDesk. Isto é uma queda considerável ante os US$ 1.255,32 de terça-feira, quando a bitcoin valia, no total, US$ 20,36 bilhões.

Enquanto isso, o “éter”, uma moeda digital rival, está subindo 84%, saindo de um nível de US$ 29,87 de terça para atuais US$ 55, de acordo com o site Coinmarketcap. Em valor de mercado, a moeda saltou de US$ 2,68 bilhões para US$ 4,95 bilhões. O “éter” é a única outra moeda a ser avaliada em mais de US$ 1 bilhão. E esta alta tem relação direta com a derrocada do bitcoin. Mas o que está acontecendo?

Para entender o problema, é fundamental examinar como as transações bitcoin são processadas. As transações dos usuários são reunidas em “blocos” que se transformam em uma solução matemática complexa. Os chamados mineiros, usando computadores de alta potência, trabalham nestas soluções para determinar se a transação é possível. Uma vez que outros mineiros também conseguem verificar se o quebra-cabeça está correto, as transações são aprovadas e os mineiros são recompensados ??em bitcoin.

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Mas há um grande problema aumentando neste mercado. Hoje, o número de transações pendentes é mais de quatro vezes maior que o de seis meses atrás, de acordo com dados da carteira de bitcoin Blockchain. O que é péssimo para um sistema que prometeu transações mais rápidas e mais baratas do que o sistema financeiro tradicional.

Devido a isso, um grupo chamado Bitcoin Unlimited surgiu, que sugeriu o aumento do tamanho do bloco para permitir que mais transações sejam agrupadas e processadas. Os principais players da indústria de bitcoin estão apoiando a ideia, mas alguns desenvolvedores sugerem que aumentar o tamanho do bloco pode não ser seguro.

É aí que surge o chamado “garfo” (ou “fork”, em inglês). A preocupação neste momento é que se o Bitcoin Unlimited ganhar um grande apoio, poderia ter um impacto direto na tecnologia de blockchain que suporta o bitcoin. Este grupo tem hoje cerca de 11% de participação de todos os chamados “nós”, que são a espinha dorsal da infraestrutura da e se refere àqueles que exploram as transações, bem como aqueles que acompanham o movimento do bitcoin para se certificar de que tudo está funcionando corretamente.

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Os “nós” podem executar o software Blockchain Unlimited, que sinalizaria seu suporte para aumentar o tamanho do bloco. Se 50% dos mineiros de bitcoin adotarem o Bitcoin Unlimited, haveria então dois “blockchains” principais e um “garfo” seria criado feito de Bitcoin Core – o principal software de bitcoin – e Bitcoin Unlimited.

Ambos blockchains continuariam a ser executados enquanto houver “nós” executando-os. Mas haveria então essencialmente duas moedas diferentes – o Bitcoin e o Bitcoin Unlimited. E, diante disso, muitos investidores estão “migrando” de moeda para evitar problemas caso este “garfo” ocorra, o que explica a queda do bitcoin e a disparada do “éter”.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.