Bilionário Carl Icahn protagoniza primeiro grande caso de “capitalismo de laços” da Era Trump

Megainvestidor tem usado sua influência no governo para costurar mudanças nas exigências pelo uso mínimo de fontes renováveis de energia

Marcos Mortari

FILE - In this Oct. 11, 2007 file photo, activist investor Carl Icahn speaks at the World Business Forum in New York. CIT Group said Friday, Oct. 30, 2009, billionaire investor and bondholder Carl Icahn has agreed to support its restructuring plan and will provide the company with a $1 billion line of credit.(AP Photo/Mark Lennihan, file) Original Filename: CIT_Icahn_NYBZ180.jpg

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SÃO PAULO – Enquanto não cessam os apontamentos sobre as relações do governo de Donald Trump com a Rússia, em nível interno uma denúncia sobre possível desvio de finalidade também tem trazido dores de cabeça ao bilionário em seus primeiros meses como presidente dos Estados Unidos. Alçado à posição de conselheiro especial informal do governo em assuntos relacionados à desregulação de setores da economia, o bilionário Carl Icahn tem sido acusado de se aproveitar da condição conquistada para reforçar o lobby do setor de etanol em troca de um acordo em torno de uma alteração que pode resultar em uma economia de US$ 200 milhões por ano a uma de suas companhias.

As informações foram veiculadas pelo portal The Intercept, que trata o caso como o mais claro exemplo de capitalismo de amizades até o momento na Era Trump. Conforme mostra a reportagem, o megainvestidor tem usado sua influência no governo para costurar mudanças nas exigências pelo uso mínimo de fontes renováveis de energia. Pela lei norte-americana, as companhias de refino de petróleo são responsáveis por assegurar o cumprimento de uma norma que exige que toda a gasolina vendida no país tenha um volume mínimo de recursos renováveis — normalmente etanol à base de milho.

Icahn é o acionista majoritário da CRV Energia, uma refinaria que não tem infraestrutura para combinar etanol ao combustível produzido. Com isso, a companhia acaba tendo que comprar créditos para cumprir às exigências legais. Tal prática fez com que, no acumulado do ano passado, a empresa tivesse que desembolsar US$ 205,9 milhões com créditos de energias renováveis, conforme mostra o demonstrativo de resultado apresentado à SEC (Securities and Exchange Commission).

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A estratégia do bilionário para evitar tais perdas seria uma alteração na regulação estabelecida. Icahn tem articulado para que a obrigação para assegurar o cumprimento do conteúdo de fontes renováveis exigido seja transferido das refinadoras para os atacadistas de gasolina. Para isso, o megainvestidor costura apoio com grandes grupos de produtores de combustíveis renováveis — destaque para a RFA (Renewable Fuels Association) –, oferecendo uma contrapartida interessante ao lobbies do setor de etanol. Pelo acordo, os 15% de etanol misturados seriam obrigatórios durante o ano inteiro. Atualmente, as exigências são flexibilizadas durante o verão.

Em outra demonstração de força sobre o governo Trump, Icahn é apontado como o responsável por vetar a escolha de Scott Pruitt como chefe da Agência de Proteção Ambiental, responsável por criar as novas regras demandadas pelo bilionário. Resta saber se o “capitalismo de laços” vencerá mais essa batalha.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.