BCE não deve abandonar política monetária restritiva prematuramente, diz integrante

Integrante do conselho do BCE e presidente do BC finlandês defendeu a política monetária atual, mais restritiva, e a importância da trajetória da inflação

Estadão Conteúdo

Fachada do Banco Central Europeu (Shutterstock)

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Integrante do conselho do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do BC da Finlândia, Olli Rehn defendeu nesta sexta-feira (21) que a instituição não deve abandonar nem sair “de modo prematuro” da política monetária mais restritiva atual.

Rehn diz que, no atual ambiente de incerteza, é “ainda mais importante que o normal” que as decisões de política monetária levem em conta a trajetória esperada da inflação, baseando-se em informações da economia e dos mercados financeiros.

Ele usou como exemplo a crise do petróleo dos Estados Unidos nos anos 1970, quando uma política menos dura do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) tornou necessário mais adiante um aperto monetário ainda maior, com estragos na atividade.

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O dirigente destacou que a inflação “está ainda muito elevada” na zona do euro e que o núcleo do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) continua a mostrar força, por isso o BCE está elevando os juros e os mercados esperam que os juros continuem a subir.

As declarações foram dadas em discurso realizado nesta sexta, disponível no site do BC finlandês.

Segundo o dirigente, as altas nos juros buscam evitar que a inflação saia do controle, com perda do poder de compra na zona do euro. De qualquer modo, a intenção é “manter a estabilidade econômica exigida para o crescimento sustentável e o emprego elevado”. Além disso, ele também disse que o quadro na década atual “não é o mesmo da estagflação dos anos 1970”. Mantendo um histórico consistente para estabilizar a inflação em 2% no médio prazo, “nós podemos evitar a terapia de choque” da era Paul Volcker, que presidiu o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) entre 1979 e 1987, comparou.

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Rehn ainda analisou turbulências recentes em alguns bancos nos dois lados do Atlântico, no caso da Europa sobretudo no Credit Suisse. Ele lembrou que o UBS acabou comprando o Credit e, sobre o quadro geral, considerou que os colchões dos bancos da zona do euro se fortaleceram, com regulação mais forte, e também que a lucratividade do setor melhorou. O dirigente ainda garantiu que, se preciso em caso de novas turbulências, o BCE usará “todos os instrumentos necessários” para controlar o cenário no setor financeiro.