BC tem grande arsenal para atuar no câmbio caso seja necessário, afirma Campos Neto

Além disso, presidente do BC apontou que a atual crise por conta do coronavírus vai gerar entendimento diferente sobre o papel dos bancos e seu capital

Equipe InfoMoney

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Em live promovida pelo Credit Suisse, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, destacou o cenário para o câmbio, em meio aos recordes sucessivos do dólar, que chegou a ultrapassar os R$ 5,30 nos últimos dias por conta da aversão ao risco com coronavírus. Ele reforçou que o câmbio é flutuante, pontuando que é preciso dar liquidez ao mercado.

O presidente do BC apontou que as intervenções que estão sendo feitas tem sido apropriadas, mas que a autoridade monetária está preparada para atuar mais, caso necessário.

“Parte do mercado advogava fazer programas mais agressivos para câmbio. Nós sempre entendemos que era importante dar liquidez, não influenciar a trajetória de preço, mas sempre olhando o real frente a outras moedas. Nós temos um arsenal bastante grande em relação a isso. Entendemos que o real desvalorizou muito e um pouco mais em relação a outras moedas. Estamos preparados a qualquer momento para fazer uma coisa maior se for necessário no câmbio, mas entendemos que o câmbio é flutuante. As reservas são grandes”, destacou.

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Além disso, Campos Neto apontou que a atual crise por conta do coronavírus vai gerar entendimento diferente sobre o papel dos bancos e seu capital. “Não tem como apertar mais capital, acho que isso é coisa que vai mudar”, avaliou.

Campos Neto disse ainda que o plano do governo contra a crise tem tido velocidade alta e repetiu comentário de que é melhor ter um fiscal pior, mas com contratos em dia. Ele ainda comentou que os mercados emergentes estão vendo saída de capital e o gasto fiscal deve ser maior.

O presidente do BC ainda avaliou que essa grande crise pode ser transformada em oportunidade para um avanço maior com as reformas, mas destacou ser óbvio que o momento agora é de lidar com as medidas emergenciais.

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Medidas de liquidez

Campos Neto ainda citou as medidas já adotadas pelo BC para combater os efeitos econômicos da pandemia. Ele lembrou que as ações já tomadas nos eixos de liquidez e capital chegam a 17% do Produto Interno Bruto (PIB), ante medidas equivalentes a 3% do PIB na crise de 2008.

“Temos mais medidas e estamos sempre olhando para o que precisamos fazer. Achamos que as medidas de liquidez são suficientes, mas faremos mais se for preciso”, afirmou.

Ele detalhou que entre 45% e 50% do custo das pequenas e médias empresas estão na folha de pagamentos. Por isso, ele defendeu o compartilhamento do risco desse crédito com os bancos, citando a linha de financiamento para folha de salários, cujo risco é 85% do Tesouro Nacional e 15% das instituições financeiras.

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“Pensamos inicialmente até em volume maior em empréstimos para folha, mas entendemos que a linha de R$ 40 bilhões era adequada”, completou. O presidente do BC apontou que os bancos devem começar a fazer o pagamento das folhas de salários entre esta quarta e a quinta-feira. “Teremos um banco de dados com todas as empresas e CPFs beneficiados. É muito importante ter transparência e vamos acompanhar isso no detalhe”, acrescentou. Campos Neto rebateu críticas sobre demora na implementação de medidas.

“Quando olho outros lugares do mundo, não encontro procedência nessa reclamação. Estamos falando de 10 a 11 dias para começar os desembolsos do programa de folha de pagamento. Nos Estados Unidos, os primeiros pagamentos demoraram mais, também no programa de renda mínima”, comparou. “Existe consenso de que se a crise perdurar, os países vão convergir para estímulos entre 6% e 7% do PIB”, completou.

O presidente do Banco Central destacou também medidas já tomadas pelo BC, como o uso de debêntures privadas como garantias em empréstimos para os bancos. Segundo ele, já foram negociados R$ 4 bilhões nos instrumentos, de um total de R$ 90 estimados pela autoridade monetária.

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“Imaginávamos que em algum momento haveria crise de liquidez e precisaríamos ter garantias com títulos privados. Estávamos planejando para 2021, mas acabamos tendo que antecipar o instrumento”, apontou. “Neste momento, a curva de DI muito inclinada acaba distorcendo o crédito”, citou.

Para Campos Neto, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que autoriza o BC compre crédito diretamente no mercado secundário ampliará muito a capacidade de atuação da autoridade monetária.

“A PEC também traz a possibilidade comprarmos títulos públicos de maior prazo”, completou.

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O presidente do BC disse que tem conversado com senadores e que combinou mais conversas para defender a aprovação da PEC. “É uma medida nova que traz muita ansiedade. A nossa função é explicar, porque entendemos que a medida é importante. Queremos tranquilizar os senadores de que são medidas que nem sempre iremos usar, mas que são importantes em momentos de crise”, explicou.

Segundo ele, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, também tem defendido nas reuniões de organismos internacionais que os BCs precisam ter certeza de que dinheiro chegará na ponta.

(Com Agência Estado)

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