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SÃO PAULO – Na última segunda-feira (26), os carnívoros de plantão se assustaram após a OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgar um relatório em que afirma que o consumo de carne processada, como bacon, salsicha e presunto, favorece o surgimento de câncer. Desde então os noticiários e a internet foram inundados de pessoas rebatendo as declarações e analisando os reais impactos do que o relatório diz.
Para lembrar, carne processada é a carne que foi modificada para aumentar seu prazo de validade ou manipular o gosto. São as carnes defumadas, curadas ou que receber aditivos como sal ou conservantes. Por conter essas substâncias de forma exagerada, elas favorecem a ocorrência de câncer. Segundo a OMS, 50 gramas de carne processada por dia, o equivalente a duas fatias de bacon, aumentam a chance de desenvolver câncer colorretal em 18%.
Enquanto isso, a Organização destacou que ainda não há provas suficientes para afirmar o mesmo das carnes vermelhas em geral, mas mesmo assim categorizou o alimento como “provavelmente cancerígeno”. Porém, especialistas de todo o mundo já ressaltaram que esse tipo de alerta não proíbe as pessoas de comerem estes alimentos, mas visa conscientizar para a redução e para uma melhoria da dieta de cada um.
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No caso dos alimentos processados, é importante destacar que a dieta do brasileiro é bem diferente da de um americano por exemplo. Apesar disso, alimentos como presunto, salame e salsicha tem uma frequência grande na mesa do brasileiro, enquanto na hora de comer carne, o mais comum é usarmos o alimento in natura, ou seja, sem conservantes (aquele que a OMS ainda não tem certeza se causa câncer). Já o americano, tem maior costume de comer bacon, por exemplo, e carnes enlatadas e com conservantes.
Impacto na indústria
Porém, não são apenas os consumidores que se preocuparam com o relatório da OMS, a indústria como um todo de alimentos ligou o alerta para possíveis impactos nas vendas de seus produtos. Das companhias listadas na Bolsa, a que poderia ser mais prejudicada é a BRF (BRFS3), dona das marcas Sadia e Perdigão.
A companhia conta com um grande mix de produtos congelados, além de muitos embutidos, como presunto, em sua lista. Além disso, hoje a BRF tem boa parte de seu negócio no exterior, com a exportação de produtos. Tudo isso, poderia elevar o risco do negócio da empresa caso as pessoas parem (ou mesmo reduzam drasticamente) a ingestão de alimentos processados.
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Porém, o presidente da companhia, Pedro Faria, se mostrou bastante tranquilo sobre o assunto e afirmou nesta semana que a empresa atua com uma “estratégia nutricional muito bem definida” para os alimentos, indo ao encontro “do que é saudável e da comida de verdade”.
“A companhia foi fundada numa premissa que eu continuo a valorizar, que é a dos alimentos seguros e de qualidade. Inclusive o nosso fundador, Attilio Fontana, dizia que era o alimento que ele tinha orgulho de trazer para casa”, disse.
Apesar de atuarem em um segmento que a OMS afirmou não ter provas de suas relações com o câncer, os frigoríficos JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3) também ficaram na mira do relatório da Organização. Mas mais uma vez, os empresários correram para amenizar o impacto em seus negócios.
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Joesley Batista, presidente do conselho de administração da JBS afirmou na terça-feira que o recente anúncio da OMS não é algo que “se coloca como ameaça ao negócio” da empresa. “Não tenho dúvida de que a medicina está evoluindo tanto do lado das descobertas sobre o que agride a saúde, quanto do lado de ir minimizando esses riscos. Mas a avaliação é de que isso não se coloca como ameaça ao negócio”, disse o empresário durante o The Economist’s Brazil Summit, realizado em São Paulo.
Na Bolsa, a única ação que recuou nos três pregões desta semana até ontem foi a BRF, com leves perdas de 0,99%, atingindo os R$ 68,72. Enquanto isso, os três frigoríficos tiveram ganhos nos últimos dias: JBS subiu 1,25%, para R$ 15,34; Marfrig avançou 0,46%, a R$ 6,49; e Minerva teve alta de 3,15%, cotada a R$ 13,42.
No exterior
Nos EUA o efeito de uma redução do consumo pode ser maior que aqui no Brasil, porém, especialistas dizem que é muito difícil calcular os reais impactos, já que não é possível saber a quantidade e nem o tipo das carnes que são produzidas por cada companhia. Mesmo assim, o MArketWatch, em conjunto com o FactSet, fez um levamento das empresas que estão expostas à notícia.
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Veja abaixo a lista das dez maiores empresas americanas do setor e seus respectivos retornos nos últimos 5 anos:
Companhia | Retorno em 2015 | Retorno total nos últimos 3 anos |
Retorno total nos últimos 5 anos |
Kraft Heinz | +55% | +129% | N/A |
Hormel Foods | +33% | +151% | +232% |
ConAgra Foods | +16% | +60% | +112% |
Tyson Foods | +19% | +203% | +219% |
Leucadia National | -9% | -3% | -12% |
Pilgrim’s Pride | -28% | +449% | +301% |
Seaboard | -22% | +48% | +82% |
B&G Foods | +30% | +47% | +312% |
Darling Ingredients | -42% | -37% | +6% |
Calvo Growers | +3% | +120% | +145% |