Azimut compra 60% da Quest, gestora de Mendonça de Barros, e mira liderança no mercado

A Quest cuida de cerca de R$ 2,013 bilhões, sendo R$ 1,328 bilhão em fundos de ações; já a gestora italiana é responsável por administrar R$ 100 bilhões em 13 países

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Conhecido como o maior gestor independente de recursos da Itália, o Grupo Azimut anunciou nesta quinta-feira (23), a aquisição de 60% de participação na Quest Investimentos, dando mais um passo na direção de seu ambicioso objetivo de se tornar líder do setor no Brasil até 2020. O valor estimado da transação é de R$ 70 milhões, preço que ainda será definido conforme o lucro líquido da Quest em 2014. O fechamento da transação deve acontecer nas próximas semanas.

A compra destes 60% estão distribuídos atualmente em: 35% do fundador da Quest, Luiz Carlos Mendonça de Barros, que também já foi Ministro das Comunicações e presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), 15% do BTG Pactual e 10% da equipe de gestão. Mendonça de Barros continuará sendo o Presidente do Conselho Consultivo da AZ Quest. O acordo sela a quarta aquisição da Azimut desde que chegou ao Brasil, em 2013.

“A joint venture representa um passo significativo para Azimut na indústria brasileira de gestão de ativos e também demonstra o nosso forte compromisso com o desenvolvimento da nossa presença internacional. O profissionalismo e a forte oferta de produtos da Quest irá diferenciar ainda mais a nossa marca em oferecer aos nossos clientes uma proposta de investimento de valor agregado”, declarou Pietro Giuliani, CEO (Chief Executive Officer) da Azimut Holding.

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Do lado da Quest, o CEO Walter Maciel reforça o compromisso da companhia em oferecer um desempenho aos clientes: “[a parceria] levará a Quest a um novo patamar, enquanto nos permite continuar a ser parte de uma empresa importante e independente de gestão de ativos, com credenciais mundiais e mesmos valores culturais”, comemora. A companhia fala também em ampliar os investimentos nos fundos multimercados, sobretudo na equipe macro, para melhor atender os clientes nos campos dos mercados de câmbio, futuros, ações e renda fixa. “Contaremos, a partir de agora, com uma equipe global de gestores de fundos e analistas de alta capacidade, numerosa e com especialização local”, acrescenta Alexandre Silverio, o CIO (Chief Investment Officer).

Gestoras bilionárias
Fundada em 2001 por Mendonça de Barros, a Quest cuida de cerca de R$ 2,013 bilhões, sendo R$ 1,328 bilhão em fundos de ações. Os clientes da Quest consistem em quatro categorias principais: investidores institucionais (55%), indivíduos com patrimônio líquido alto e investidores de varejo (34%), instituições financeiras (10%) e outros investidores (1%).

Já a Azimut é uma companhia italiana fundada em 1989, cotada na Bolsa de Milão desde 2004 – no período, as ações registram alta acumulada na casa dos 400% –, responsável por administrar R$ 100 bilhões, presente em 13 países. No Brasil, a holding é fruto de uma joint venture com a Az Legan (fundos abertos, exclusivos e multimercados) e a Az FuturaInvest (private banking e wealth management).

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Recém-chegado ao País, o grupo italiano enxerga boas oportunidades no mercado verde-amarelo, que só em dezembro do ano passado teve mais de € 750 bilhões em ativos sob gestão. A expectativa dos europeus é que haja uma descentralização dos investimentos e poupanças brasileiros. Segundo eles, hoje mais de 90% destas aplicações se concentra nos maiores bancos do País. Na visão da Azimut, cada vez mais os brasileiros transferirão seu dinheiro para especialistas em investimentos ao longo das próximas duas décadas, à procura de uma maior eficiência e serviços personalizados.

Sem medo do futuro
A fotografia negativa da economia brasileira não assusta nenhuma das duas companhias. Entrevistado pelo InfoMoney, Silverio diz que é possível ganhar até em momentos de crise. “Hoje, o que a gente tem que analisar não é qualquer erro do passado, mas sim o que pode acontecer adiante e posicionar os portfólios dos nossos clientes. O segredo é não mirar o curto prazo. Sempre tem um investimento para mirar mesmo em tempos de crise. A Azimut provou isso ao longo dos seus 25 anos de história”, explica o CIO da Quest.

A companhia brasileira também apresentou resultados positivos nos últimos anos, lançando mão de uma carteira bastante defensiva, composta por papéis de empresas que se beneficiavam do cenário de baixo crescimento ou com receitas em dólar. Agora, a Quest se prepara para tomar posições mais ousadas, ancoradas em uma visão mais otimista de médio e longo prazos: “a gente continua com uma carteira conservadora, mas começamos a adicionar ativos para essa carteira que podem se beneficiar dessa inflexão do cenário econômico”, afirma Silverio, que vislumbra reais possibilidades de reversão do quadro econômico já na virada do ano.

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Na avaliação do executivo, o grande desafio da joint-venture entre Azimut e Quest é gerar um crescimento sustentável das companhias no Brasil, investindo em sinergias. Trata-se de um desafio que, ao mesmo tempo, traz uma série de aspectos em comum, dentre eles a visão de longo prazo e a meritocracia. “Eu fico muito otimista que, do ponto de vista dessa sinergia, de produção e distribuição, seremos muito complementares. De todos os negócios que a Azimut fez no mundo todo, ela sempre teve uma característica – isso nos encantou – que é preservar, pelo menos nos primeiros anos dessa associação, a independência dos gestores locais ou dos distribuidores”, concluiu Silverio, em referência ao fato de que a Quest será responsável por administrar de maneira independente a Az Quest, sem excluir ajudas da gestora italiana, que acompanhará os primeiros passos da parceria de perto com Giuseppe Perrucci, presidente e co-CEO da Azimut Brasil.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.