Auren (AURE3): com acordo para receber R$ 4,2 bi, companhia terá caixa para cumprir promessa de dividendo bilionário

Notícia de acordo de cessão para recebimento de R$ 4,2 bilhões por Três Irmãos foi vista como positiva, ainda que esperada

Equipe InfoMoney

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A Auren Energia (AURE3) informou na última sexta-feira (16), por meio de fato relevante, que celebrou a cessão dos direitos creditórios de um acordo judicial com a União para indenização pela Usina Hidrelétrica de Três Irmãos.

O pagamento de R$ 4,2 bilhões à Companhia Energética de São Paulo (Cesp), controlada da Auren, contudo, está previsto para ocorrer após o cumprimento condições precedentes e de mercado, até 29 de junho deste ano.

O CFO da geradora renovável, Mario Bertoncini, disse em fevereiro que buscaria antecipar os recebíveis, e que a operação de securitização ocorreria até meados deste ano.

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Como pano de fundo, em dezembro de 2022, após vários anos de discussão, a Auren assinou um acordo para encerrar o litígio contra o governo federal (sobre o valor devido) e ser reembolsada por ativos não depreciados relacionados ao vencimento da concessão e privatização da usina hidrelétrica Três Irmãos em 2014.

O Credit Suisse aponta que o NPV (Valor Presente Líquido, ou VPL) da antecipação de recebíveis veio em linha com as estimativas do time e a visão positiva sobre a notícia tem como fundamento a redução de risco de recebimento e implica em baixo desconto ao recebível ajustado.

Além disso, a transação abre espaço para pagamentos adicionais de dividendos, uma vez que a empresa se torna “caixa líquido”, aumentando a probabilidade de possíveis dividendos de R$ 1,5 bilhão, ou cerca de 10,3% de dividend yield, ou dividendo em relação ao valor da ação, já mencionados pela empresa.

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O Bradesco BBI aponta que este movimento é positivo, embora esperado. Até o final de junho, a Auren receberá cerca de R$ 4,2 bilhões, enquanto a administração ainda está analisando a necessidade de recolhimento de tributos, pois o ressarcimento se trata de uma “indenização” pela qual, por lei, nenhum imposto seria devido. Como referência, o imposto de renda + vendas seria de cerca de R$ 850 milhões (risco de alta para o caso base do BBI, para ser conservador, já deduzindo todos esses impostos).

Com esta mudança, o BBI também aponta que a Auren terá dinheiro mais do que suficiente para cumprir sua promessa de pagar mais dividendos de R$ 1,50, ou um 10% de yield extraordinário, no quarto trimestre de 2023 (além dos R$ 1,50 pagos em maio), o que foi questionado por alguns investidores.

Notavelmente, de acordo com a administração, após capex (investimentos) e este pagamento de dividendos esperado, a alavancagem, ou relação entre dívida líquida e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da Auren
ficaria entre 2,0 vezes e 2,2 vezes.

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Os analistas do banco também questionam fusões e aquisições ou dividendos extras? Essa baixa alavancagem deixa espaço significativo para movimentos de fusões e aquisições (M&A), ou ainda mais pagamentos de dividendos.

“Em relação aos dividendos extras, achamos que isso seria provável apenas se o governo federal já não sinalizasse em 2023 uma mudança para tributar dividendos (o que é incerto). Quanto aos possíveis movimentos de M&A, a Auren planeja participar do próximo leilão de transmissão greenfield em 30 de junho, que colocará em licitação 9 projetos com capex total de cerca de R$ 16 bilhões”, apontam os analistas. O Bradesco BBI manteve recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 18, ou potencial de valorização de 23% em relação ao fechamento de sexta-feira (16).

O Itaú BBA também aponta que mais dividendos estão por vir. “A nosso ver, a notícia é positiva, pois permite à empresa antecipar os recebíveis e pagar dividendos maiores. A empresa já havia distribuído R$ 1,5 bilhão em dividendos e anunciou que está avaliando o pagamento extraordinário de dividendos no mesmo valor. A securitização abre espaço para que a empresa anuncie um dividendo extraordinário de R$ 1,5 bilhão, representando um yield de 10%”, avalia.

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Além disso, dada a sólida posição do balanço patrimonial da empresa (a alavancagem atual é de 1,6 vez e agora o banco acredita que deve reduzir ainda mais), o BBA ressalta que a Auren será capaz de crescer enquanto paga bons dividendos.