Assai, Carrefour e Grupo Mateus: mercado olha para 4º tri e espera melhor cenário para 2024

Apesar de ainda pressionados por baixa inflação, perspectiva de analistas é de melhora ao longo do ano

Vitor Azevedo

Uma das unidades do Assaí (Divulgação)

Publicidade

O Carrefour (CRFB3), dono do Atacadão, é a primeira companhia com foco no atacarejo a, nesta segunda-feira (19), divulgar seu resultado do quarto trimestre de 2023 (4T23), em um período que, mais uma vez, deve ser marcado por pressões provindas da baixa inflação – quando não, até mesmo, da deflação. No entanto, o período que vai de outubro a dezembro do ano passado, e todo 2024, devem ser marcados por melhoras graduais. 

Ainda no setor, o Assaí (ASAI3) torna público seu resultado no dia 21 de fevereiro, próxima quarta, e o Grupo Mateus (GMAT3), no dia 6 de março.

“Apesar da retomada da inflação mensal de alimentos desde outubro de 2023, as vendas business to business ainda não reaceleraram. O cenário de deflação nos últimos doze meses afetou negativamente a produtividade dos varejistas de alimentos em geral”, diz o time do Itaú BBA, encabeçado por Thiago Macruz, sobre o último tema.

Ebook Gratuito

Como analisar ações

Cadastre-se e receba um ebook que explica o que todo investidor precisa saber para fazer suas próprias análises

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Há dois fatores que no cenário atual são negativos para companhias como Assaí, Carrefour e Grupo Mateus. Quando a variação de preço está baixa, as pessoas e comerciantes tendem a montar menos estoques, já que não há risco dos preços aumentarem, o que impacta o faturamento dessas varejistas. Fora isso, em um cenário de deflação, não raro essas empresas veem seus estoques perdendo valor de mercado, tende de vender produtos por preços menores do que pagaram.

“As companhias do varejo alimentar devem seguir sofrendo com a desinflação de alimentos, mas com essa já demonstrando perda de força”, comenta a analista Niels Tahara, da Genial Investimentos.

A especialista menciona também o fato de que a alavancagem dessas companhias deve impactar o resultado. Assaí e Carrefour, recentemente, se envolveram em grandes transações, com o primeiro adquirindo lojas do Extra (transformadas em unidades do de atacarejo) e o segundo, do Grupo BIG. Por conta disso, e também por diferenciais competitivos nas regiões que atua (principalmente Norte e Nordeste), enquanto os outros estão sofrendo mais com o aumento da concorrência, é que o Grupo Mateus é visto pelos analistas como tendo o resultado mais forte do setor.

Continua depois da publicidade

Confira os consensos da LSEG para as varejistas de alimentação:

CompanhiaReceita líquidaEbitdaLucro líquido
AssaíR$ 18,5 bilhõesR$ 1,4 bilhãoR$ 284,2 milhões
CarrefourR$ 29,1 bilhõesR$ 1,7 bilhãoR$ 234,8 milhões
Grupo MateusR$ 7,4 bilhõesR$ 515,7 milhõesR$ 316,8 milhões

2024 melhor para companhias do atacarejo

Apesar do quarto trimestre ainda pressionado, a visão para analistas é que 2024 deve ser marcado como um bom ano para Carrefour, Assaí e Grupo Mateus. 

Continua depois da publicidade

O Itaú BBA, em relatório que analisa o setor, menciona, por exemplo, que o ritmo de aberturas de lojas cash-and-carry (C&C) desacelerou em 2023 pela combinação de deflação e custo de capital elevado. Isso, no entanto, sugere anos adicionais de expansão orgânica na indústria. “A saturação do mercado é um tema chave para a indústria, mas a desaceleração contínua nas aberturas de lojas combinada com a densificação aumentada do formato em todas as regiões do Brasil sugere mais anos de expansão orgânica. Vemos três anos adicionais”, debate o time do banco. 

Isso, para o banco, deve resultar em um ambiente competitivo menos agressivo. Esse fator, com o provável “rebote da inflação”, deve impulsionar o resultado das companhias ao longo de 2024, que será “o ano das varejistas de alimentos”.

A preferência do BBA, assim como no quarto trimestre de 2023, continuam para companhias que estão menos expostas à concorrência – caso do Grupo Mateus no Norte e no Nordeste. 

Publicidade

A expansão nas regiões Nordeste e Sul do país, para o banco, ganhou tração e acelerou em relação às últimas análises.  “Acreditamos que essa aceleração foi impulsionada pelo ambiente competitivo mais favorável nessas regiões em comparação com outras”, expõe, mencionando ainda que o foco de expansão deve permanecer nas duas regiões. “A expansão está se voltando para novas localidades, liderada pelo Grupo Mateus; players nacionais permanecem mais focados em densificar sua presença em localidades existentes”.

Por fim, o BBA ainda destaca que a expansão para cidades menores também deve ser uma tendência. Das 138 aberturas brutas de lojas (excluindo conversões Extra) mapeadas, 33% foram em cidades com uma população de menos de 100 mil habitantes. 

Já o JP Morgan, em relatório recente, pontuou, do outro lado, que o primeiro semestre de 2024 deve continuar sendo marcado por uma pressão da baixa inflação. Isso, e a alavancagem, são os pontos destacados pelo banco americano para sustentar a sua posição ainda cautelosa, com recomendação neutra para Assaí e Carrefour.