As ações “fora do radar” que os grandes investidores estão de olho

Grande destaque ficou com a ação da Mills, escolhida por três profissionais como a aposta para este ano, seguida pela Eztec

Paula Barra

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SÃO PAULO – O ano de 2014 inicia da mesma forma como encerrou 2013: em queda. O Ibovespa acumula nesses primeiros dias de janeiro recuo de 6,19%. Das 72 ações que compõem o principal índice de ações da bolsa paulista, 58 operam no vermelho – ou seja, 80% da carteira teórica do benchmark. Para tentar fugir desse radar de “blue chips”, o InfoMoney levantou com 7 gestores as melhores indicações do ano dentre as “small caps”, empresas com baixo valor de mercado.

O grande destaque ficou com a Mills (MILS3), empresa de serviços de construção e engenharia, que estreou na bolsa em 2010. Dos sete gestores consultados, três apostam na ação. Desde que ingressou na BM&FBovespa, o papel já se valorizou quase 170%, embora no ano passado tenha ficado praticamente no zero a zero.

A segunda mais indicada foi a Eztec (EZTC3) – aposta de dois gestores. De 2009 até agora, o papel já subiu 1.337%, mas ainda é visto como uma oportunidade entre os especialistas. Isso porque acreditam que o resultado que a companhia vem entregando ainda não condiz com o atual patamar das ações, dando a entender que ainda tem espaço para subir. 

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Confira as indicações dos gestores:

Ticker Valor de mercado* Variação em
2013
Variação em
2014**
Motivo
Mills 3.708 -1,37%  -10,85%  Cenário positivo para a companhia em todos seus segmentos de atuação. Exposição aos investimentos relativos ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016 

Eztec

4.074 +15,70% -2,68%  Apesar da forte alta nos últimos anos, ação ainda é considerada “barata” em função dos fortes resultados que vem entregando e que são esperados para os próximos meses
BEEF3  1.656 +2,31%   +0,96% A empresa é a mais bem administrada entre os frigoríficos, se beneficia da alta do dólar, além das expectativas de ganhos potenciais com o acordo para assumir a operação de bovinos da BRF 
DAGB33   – +44,19% -2,31% Uma boa opção para ganhar com a arrancada do dólar frente ao real
QGEP3  2.511 -25,46%   -3,37% Ação já foi muito punida junto com o restante do setor e o preço atual já incorpora o risco do campo de Atlanta (que compartilha com Barra Energia e OGX Petróleo). “Tem muito valor a ser destravado”
HBOR3  2.004 -15,92%  -6,15%  A empresa vendeu praticamente o mesmo do que no anterior, viu seu lucro subir, entretanto, seus papéis estão sendo negociados a um indicador P/L (Preço sobre o Lucro) entre 6 a 7 vezes 
DIRR3  1.886 -13,18% -6,00%  Mesmo case da Helbor. A empresa vendeu praticamente o mesmo do que no anterior, viu seu lucro subir, entretanto, seus papéis estão sendo negociados a um indicador P/L (Preço sobre o Lucro) entre 6 a 7 vezes 
BEMA3 455 +66,51% -4,02%  A empresa apresenta margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida) em torno de 19%, situação financeira confortável e valuation atrativo. Deve continuar se destacando pelo potencial de expansão 
JSLG3 3.206 +14,94%  -7,33% A demanda por serviços logísticos e transporte rodoviário deve continuar crescendo, mesmo assumindo um cenário de crescimento econômico mais moderado, uma vez que a penetração desses serviços é ainda pequena quando comparada a mercados mais desenvolvidos 
IDNT3 177 -13,16%   -12,12%

O mercado ainda não conseguiu perceber o valor do papel e está na hora dos investidores começarem a estudar esse case 

SCAR3 1.977 -15,69%  -7,46%  2014 ainda vai ser difícil para a empresa, mas num horizonte mais longo e nessa faixa de preço (por volta de R$ 34) a ação deve dar um bom retorno
*Valor em R$ milhões
**Variação em 2014 até a última quinta-feira, dia 23 de janeiro

Veja o que cada um disse sobre as ações: 

Rodrigo Galindo, da Flag Asset

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Para Rodrigo Galindo, gestor da Flag Asset, as melhores opções no universo das “small caps” para esse ano seriam as ações da Queiroz Galvão (QGEP3), Minerva (BEEF3), Dufry (DAGB33) e Mills (MILS3).

Segundo o gestor, a QGEP tem muito valor a ser destravado. “Ela já foi muito punida junto com o restante do setor e o preço atual já incorpora o risco do campo de Atlanta (que compartilha com Barra Energia e OGX Petróleo), na Bacia de Santos”, disse. Em novembro, a Queiroz Galvão havia se queixado que a OGX deixou de honrar três aportes de recursos, somando um total de R$ 73 milhões. Entretanto, no início deste mês, a petroleira informou que pagou a primeira parcela que estava em atraso, reduzindo o risco de calote e sair do bloco. 

Em relação à Minerva, terceira em produção de carne bovina no Brasil, Galindo citou que a empresa é a mais bem administrada entre os frigoríficos, se beneficia de um cenário de dólar em alta por conta do seu perfil exportador, além dos ganhos potenciais com o acordo para assumir a operação de bovinos da BRF (BRFS3).

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Já sobre a Dufry, ele comentou que ação também é uma boa opção por ser beneficiada pela alta do dólar frente ao real, enquanto sobre a Mills ele acredita que a cotação abaixo de R$ 30 abre uma boa oportunidade de compra. 

Tiago Reis, da Set Investimentos

Já as apostas do gestor Tiago Reis, da Set Investimentos, estão no setor de construção civil no universo das small caps. “Existe um pessimismo que não precifica a condição real de mercado”, disse. Para ele, as melhores nesse cenário são: Helbor (HBOR3), Eztec e Direcional (DIRR3), com valor de mercado próximo a R$ 2 bilhões, com exceção da Eztec, em R$ 4 bilhões.

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Segundo Reis, tudo é uma questão de preço e esses ativos estão baratos, mesmo levando em consideração o bom desempenho das ações da Eztec nos últimos anos. Em 2013, o papel da construtora conseguiu encerrar o ano com valorização de 15,7%, apesar do cenário conturbado.

“Essas empresas venderam praticamente o mesmo do que no anterior, viram seus lucros subirem, entretanto, seus papéis estão sendo negociados a um indicador P/L (Preço sobre o Lucro) entre 6 a 7 vezes. Isso não condiz com a realidade de uma empresa lucrativa e saudável. Elas ainda têm espaço para subir na bolsa”, comentou. 

Tatiane Cruz, Coinvalores

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A gestora Tatiane Cruz, da Coinvalores, indicou três ações para 2014: Bematech (BEMA3), Mills e JSL (JSLG3). Em relação à Bematech, ela disse que o segmento deve continuar se destacando pelo potencial de expansão. A empresa apresenta margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida) em torno de 19%, situação financeira confortável e valuation atrativo. Tatiane vê um potencial de crescimento da ação em torno de 19%, com preço-alvo em R$ 11,30.

Sobre Mills, ela ressaltou que o cenário para este ano é muito positivo para a companhia em todos seus segmentos de atuação. A empresa está exposta aos investimentos relativos ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016, além dos investimentos na indústria de óleo e gás e no mercado imobiliário (investimentos para o programa Minha Casa, Minha Vida são da ordem de R$ 278 bilhões de 2011 a 2014)

Por fim, em relação à JSL, ela avalia que a demanda por serviços logísticos e transporte rodoviário deve continuar crescendo, mesmo assumindo um cenário de crescimento econômico mais moderado, uma vez que a penetração desses serviços é ainda pequena quando comparada a mercados mais desenvolvidos. “Vemos esse mercado ainda muito fragmentado, pouco terceirizado e, portanto, com grande potencial de crescimento, e a JSL está bem posicionada para se beneficiar desses bons fundamentos”, disse. 

Paulo Werneck, da Apex Capital

Como indicação para 2014, o gestor Paulo Werneck, da Apex Capital, apontou a Eztec como única opção, citando que o restante do seu portfólio tem liquidez maior e não entraria nesse universo. 

Em relação à construtora, ele destacou que o bom desempenho do papel tem fundamento. “A empresa apresenta crescimento e o movimento positivo da ação só tem acompanhado isso e deve seguir dessa maneira em 2014”, disse. Além disso, Werneck comentou que o papel está bastante descontado e o upside (potencial de valorização) é bem atrativo. 

André Paes, da Infinity Asset

O gestor André Paes, da Infinity Asset, listou como suas preferidas as ações da IdeiasNet, Iochpe-Maxion e Mills.

Em relação à IdeiasNet, ele destacou que o mercado ainda não conseguiu perceber o valor do papel e está na hora dos investidores começarem a estudar esse case. Sobre a Iochpe-Maxion, a ação é beneficiada pelo dólar em alta por ser atrelada ao mercado externo, enquanto a Mills também é ligada à infraestrutura e ainda tem como evento importante a Copa do Mundo de 2014. 

Bernardo Dantas, Edge Investimentos

Entre as apostas de small caps de Bernardo Dantas, da Edge Investimentos, estão as ações da São Carlos, mas com foco em investimento de longo prazo. Segundo o gestor, 2014 ainda vai ser difícil para a empresa, mas num horizonte mais longo e nessa faixa de preço (por volta de R$ 34) a ação deve dar um bom retorno. “Operacionalmente, a companhia tem conseguido se destacar, mesmo em um ambiente turbulento no setor. Ela tem um time de executivos muito bom. Além disso, a empresa está entrando no segmento de shoppings de vizinhança. Ainda é um negócio pequeno, mas que pode ter mostrar um bom desempenho”, comentou.

Também chama atenção, aponta o gestor, as ações da Mills. Entretanto, ele ainda não tem exposição ao papel, mas comenta que está no seu radar. “Estamos avaliando a empresa. Parece interessante”, disse.