Aprofundamento da crise nos PIIGS geraria efeito dominó global, diz Wells Fargo

Banco ainda afirma que, caso Portugal e Espanha precisem de ajuda, fundos podem se esgotar e deixar Itália desprotegida

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SÃO PAULO – Um aprofundamento da crise fiscal nos países periféricos da Europa seria capaz se propagar como um efeito dominó, mesmo naquelas economias que não parecem estar muito relacionadas ao problema.

Isso porque, segundo o Wells Fargo, existe um complexo e interligado sistema de exposição entre países e bancos de todo o planeta, deixando todos vulneráveis às questões fiscais europeias. 

O banco apontou que a dívida dos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grégia e Espanha) totaliza cerca de € 3 trilhões, dos quais metade está na mão investidores estrangeiros.

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Os países europeus, especialmente França e Alemanha, têm as maiores fatias desse montante. Suécia e Suíça também estão expostos, ainda que em menor proporção. 

EUA atingidos indiretamente
Apesar dos EUA serem detentores de uma porção minúscula deste total, a maior economia do mundo está indiretamente exposta às dívidas destes países.

O sistema financeiro internacional é o culpado por isso. “Esta é uma rede complexa de interações financeiras entre o sistema bancário europeu, no qual a reestruturação nas economias periféricas pode levar a perdas em instituições de outros países do continente”, afirma Jay H. Bryson, que assina a análise.

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Além do fato de que os sistemas bancários dos países do continente – periféricos ou não – são bastante interligados, o Wells Fargo também frisa que problemas nos bancos poderiam impulsionar rapidamente a Libortaxa preferencial de juros que é oferecida para grandes empréstimos entre os bancos internacionais que operam no mercado londrino.

Uma alta repentina da Libor, explica o economista, desencadearia um avanço nas taxas de empréstimo de curto prazo ligadas a ela, elevando o custo dos financiamentos para diversos outros setores da economia.

“Como o colapso do Lehman Brothers em setembro de 2008 duramente demonstrou, problemas financeiros em um país podem ser transmitidos rapidamente pra setores reais de outras economias”, finalizou Bryson.

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Ajuda não é suficiente
Para o economista, o tamanho da ajuda aos países do bloco –
 € 440 bilhões – seria suficiente para resgatar Portugal, caso isso se mostre realmente necessário. Entretanto, se a Espanha também decidir que necessita de socorro, o cenário muda. “Isso pode esgotar os fundos”, explica Bryson. 

Assim, caso o pacote não seja expandido, a Itália, que terá € 600 bilhões em títulos vencendo no próximo ano, pode ter que reestruturar sua dívida. “Os investidores deveriam ficar atentos para considerar quais países têm exposição aos PIIGS”, alerta, por fim, o Wells Fargo.