Após revisar o Brasil, S&P corta perspectiva de rating dos 3 maiores bancos do País

No total, foram 11 instituições financeiras, incluindo ainda o BNDES, Caixa Econômica e a BM&FBovespa

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após rebaixar sua perspectiva de rating do Brasil no início da tarde desta terça-feira (28), agora a agência de classificação de risco Standad & Poor’s anunciou o mesmo movimento para os maiores bancos do País. Assim como a nota soberana, Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC3; BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3), além do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), tiveram suas perspectivas cortadas para negativas.

No total foram 11 instituições financeiras com suas perspectivas pioradas, incluindo a Caixa Econômica e a BM&FBovespa (BVMF3), além dos bancos citados acima. Todas as instituições estavam com expectativa “estável”, passando agora para “negativa”. Completam a lista: Itaú Unibanco Holding, Citibank, Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul), Santander Brasil e Banco do Nordeste.

Segundo a S&P, as classificações das empresas de serviços financeiros poderão se estabilizar na sequência de uma ação similar sobre o rating soberano, “caso melhorem as condições para a execução de políticas consistentes em todas as áreas do governo para estancar a deterioração fiscal”.

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“Em nossa opinião, essa melhora poderia dar suporte a uma rápida recuperação, que permitiria ao Brasil sair do atual quadro de recessão, permitindo melhora do resultado fiscal e proporcionando mais espaço para manobras diante de choques econômicos consistentes com um baixo nível de grau de investimento”, disse a agência em relatório.

A decisão já poderia ser esperada dado que, mais cedo, a agência anunciou o rebaixamento da perspectiva da nota de crédito do Brasil, apesar de manter o rating soberano. A expectativa é que o Brasil registre uma retração da economia da 2% neste ano, enquanto em 2016 não haverá crescimento. Apenas em 2017 a agência projeta um crescimento modesto da economia.

A S&P disse que as investigações em curso nos casos de corrupção contra políticos e empresas de alto perfil – em ambos os setores público e privado, e em todos os partidos – levaram a uma alta da incerteza política no curto prazo. A agência afirmou que este cenário coloca um grande risco nas implementações de novas políticas, principalmente nas votações do Congresso.

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Segundo a agência, desde que o rating do País foi reafirmado, em 23 de março, os riscos de um downside da nota soberana aumentaram. “O Brasil enfrenta circunstâncias políticas e econômicas desafiadoras, apesar do que nós consideramos ser uma correção política significativa durante o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff”, afirmou a S&P em relatório.

“Revisamos a perspectiva para negativa porque, apesar das mudanças políticas atualmente em curso, que têm o apoio da presidente, os riscos de execução subiram. Em nossa visão, esses riscos derivam de ambas as frentes políticas e econômicas”, afirma a S&P.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.