Após rali, dólar deve continuar em R$ 2,10 por um longo período

Governo quer usar a taxa cambial para estimular a indústria e BC não quer um avanço forte da moeda por causa da inflação

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Depois de alguns meses sem grandes oscilações, ficando com pequena variação de R$ 2,00 a R$ 2,03 entre julho e outubro, o dólar comercial passou a apresentar forte alta nessas últimas semanas, pulando para a casa dos R$ 2,10.

Porém, apesar do mercado continuar testando novas altas para a moeda norte-americana, o Banco Central parece não querer que ela se desloque tanto para patamares mais altos, realizando intervenções para segurar este avanço, como os três leilões realizados nesta segunda-feira (3). Resta saber qual será o novo teto com qual deveremos trabalhar o dólar nos próximos meses.

Para a LCA, a combinação do interesse do BC em evitar o aumento da divisa e os sinais vindos do Ministério da Fazenda, mostrando que o governo pretende usar a taxa de câmbio para estimular a demanda e melhorar a competitividade da indústria, devem fazer com que o dólar comercial se mantenha em R$ 2,10 por um longo período.

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O alerta do PIB e a inflação
Na última sexta-feira (30), foi divulgado o PIB (Produto Interno Bruto) do País, com um crescimento de apenas 0,6% no terceiro trimestre, bem abaixo do esperado. Porém, para os economistas da LCA, o valor serviu de alerta para o governo, que vê as perspectivas de crescimento piorando enquanto confia no impacto das medidas de desoneração tributária para conter a inflação ano que vem. Com isso, a política cambial deve servir de guia para ajudar no crescimento.

Outro motivo para evitar o avanço desenfreado da moeda seria a inflação. Como alguns analistas já projetaram, o governo pode, em um futuro próximo, trabalhar com um patamar de R$ 2,30 para a divisa. A LCA explica que caso a média da moeda no ano que vem suba para R$ 2,35, o impacto na inflação chegaria a 1 ponto percentual (elevação que colocaria a inflação perigosamente próxima do teto da banda), mas, se a taxa cambial se mantiver em R$ 2,10, o impacto seria em “apenas” 0,4 ponto percentual.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.