Após Itaú BBA, Bradesco BBI eleva recomendação para Petrobras e diz que “hora de comprar ação é agora”

"Pelo valuation atual, vale a pena correr o risco, em nossa visão", apontam os analistas do BBI, que elevaram o preço-alvo para a ação PN para R$ 35

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A confiança com as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) – que já vinha subindo depois dos tempos turbulentos registrados em fevereiro com a saída do CEO Roberto Castello Branco -, aumentou depois do resultado e da teleconferência da nova gestão para comentar os números do primeiro trimestre de 2021.

Cabe destacar que os números da companhia do trimestre foram bem recebidos pelos investidores, fazendo com que as ações ON subissem 4,65%, a R$ 25,64 na sexta-feira (14), enquanto os papéis PETR4 avançaram 5,16%, a R$ 26,28. Em termos de valor de mercado, o ganho foi de R$ 15,7 bilhões, com a companhia passando de um market cap de R$ 322,3 bilhões de valor para R$ 338 bilhões em apenas uma sessão.

Neste fim de semana, o Bradesco BBI elevou a recomendação para as ações PN da Petrobras de neutra para outperform (desempenho acima da média do mercado), com os analistas destacando que a nova gestão da empresa transmitiu uma mensagem positiva de continuidade em sua teleconferência, especialmente no que diz respeito à política de dividendos e vendas de ativos.

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O preço-alvo dos ativos PETR4 também foi elevado de R$ 32 para R$ 35, o que corresponde a um potencial de valorização de 33% em relação ao fechamento de sexta-feira (14).

Durante a teleconferência, Rodrigo Alves, diretor financeiro e de relacionamento com investidores da estatal, destacou que a Petrobras não vê descontinuidade em seu processo de desinvestimentos e segue focada em executar seu planejamento estratégico. “Não temos perspectiva de mudança nos pilares fundamentais no plano de negócios”, apontou.

Ele ainda afirmou que a Petrobras pretende manter sua política de dividendos atual, que prevê a elevação da remuneração quando houver uma redução da dívida bruta para menos de US$ 60 bilhões, meta prevista para 2022. Ao final de março deste ano, a dívida bruta estava em US$ 70,9 bilhões, queda de 6,1% na comparação com dezembro.

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“Pelo valuation atual, vale a pena correr o risco, em nossa visão. Uma vez e se as ações se aproximarem de R$ 35, contudo, o risco eleitoral de 2022 começará a pesar mais sobre a relação risco / recompensa. Portanto, achamos que a hora de comprar é agora”, avaliam os analistas Vicente Falanga e Gustavo Sadka, do BBI.

Os analistas apontam que, apesar da mensagem de continuidade, os reajustes nos preços dos combustíveis devem ser menos frequentes olhando para a frente. “Acreditamos que há uma chance de que os preços do petróleo cheguem a US$ 80 o barril no terceiro trimestre, uma vez que os estoques da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] diminuam rapidamente. Nesse caso, acreditamos que a Petrobras não ajustará os preços com tanta agilidade como o mercado desejaria, levando potencialmente a alguma frustração”, destacam.

Com relação à manutenção do plano estratégico, Joaquim Silva e Luna, novo presidente da Petrobras, disse em mensagem gravada para a teleconferência de resultados que a empresa está desinvestindo para investir “mais e melhor”, concentrando esforços em plantas de refino próximas ao pré-sal. Pelo plano da Petrobras, ela deverá vender cerca de metade de sua capacidade de refino, mantendo os ativos no Sudeste, principal centro consumidor.

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O Morgan Stanley também elevou o seu preço-alvo para os ADRs (American Depositary Receipts) da Petrobras PBR (o equivalente aos ordinários) de US$ 8,50 para US$ 8,70, o que corresponde ainda a uma queda de 10% em relação ao fechamento de sexta-feira, de US$ 9,68. A recomendação para os ativos, contudo, seguiu equalweight (exposição em linha com a média do mercado).

Os analistas do Morgan Bruno Montanari e Guilherme Levy destacam que, em sua mensagem gravada, Silva e Luna focou no panorama geral do plano de negócios, mas sem nenhuma menção específica à política de preços de combustível. “Mais uma vez, entre os comentários positivos como a importância de seguir o plano de investimento, de ser transparente e de perseguir as competências essenciais da empresa em exploração e produção, ele voltou a fazer referência ao equilíbrio com os interesses sociais, que consideramos difícil conciliar”, destacam.

Eles também apontam que as primeiras impressões sobre os novos diretores administrativos foram favoráveis, uma vez que os executivos demonstraram conforto e domínio sobre o direcionamento estratégico da empresa. “Em meio às atuais incertezas políticas e políticas, a qualidade da nova equipe operacional é uma fresta de esperança”, avaliam Montanari e Levy, também mencionando a manutenção da política de preços de combustíveis, de dividendos e do programa de venda de ativos.

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Contudo, avaliam, o aumento da percepção da intervenção governamental nos últimos meses tem levantado preocupações sobre a independência da gestão no futuro, o que é fundamental para uma política de preços de combustível funcional, bem como para retomar a postura anterior positiva do banco sobre as ações.

“Nesse ponto, achamos que nossos casos base e pessimista parecem igualmente plausíveis e preferiríamos ficar à margem [dos ativos]. Mesmo que nos próximos meses não vejamos um desvio material da estratégia anterior, o sentimento e a volatilidade provavelmente continuarão a dominar o debate”, reforçam.

Mais otimista, na sexta-feira, antes mesmo da teleconferência, o Itaú BBA elevou a recomendação para a Petrobras de neutra para outperform, com preço-alvo de R$ 38 para os ativos PN, alta de 44,60% em relação ao fechamento de sexta-feira.

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Os analistas, liderados por André Hachem, citaram em relatório que “os riscos que levaram a uma visão mais cautelosa ficaram muito mais reduzidos”.

Além do resultado forte, eles apontaram que Silva e Luna, sinalizou no release de resultados manter estratégias adotadas na gestão anterior. “O time novo da Petrobras não trouxe surpresas negativas… Luna se comprometeu a seguir o plano e seguir com venda de ativos”, disse o banco em comentário a clientes. Na visão do Itaú BBA, o “valuation” da Petrobras está muito baixo.

“Vemos a Petrobras sendo negociada com um grande desconto em relação à maioria dos players globais (e até mesmo para nomes russos), com um perfil de geração de caixa bastante sólido”, afirmaram.

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“Mesmo quando executamos cenários estressados, ainda enxergamos o valuation se mantendo em termos muito positivos”, apontaram os analistas.

(com Reuters)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.