Após grupamento, ação da JB Duarte cai 45%, enquanto Mundial dispara 80%

Ambas empresas fizeram o grupamento para deixar as ações cotadas acima de R$ 1 na Bovespa; porém, momento pós-grupamento tem sido bem diferente pra cada uma delas

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Seguindo uma proposta da BM&FBovespa, duas companhias que tinham suas ações negociadas a centavos realizaram grupamento de seus papéis no início deste mês: Mundial (MNDL3) e JB Duarte (JBDU3; JBDU4). No entanto, o momento vivido por cada uma destas empresas após este grupamento tem sido exatamente adverso.

Os papéis da JB Duarte, que eram cotados a R$ 0,01, passaram a ser negociados a R$ 1,00 após serem agrupados na proporção de 100 para 1. Logo no primeiro pregão, os papéis despencaram 60%, indo para R$ 0,40. De lá pra cá, eles tiverem uma leve recuperação e atualmente estão cotadas a R$ 0,54 para os ativos JBDU3 e R$ 0,61 para JBDU4 – quedas acumuladas desde o grupamento de 46% e 39%, respectivamente.

No caso a Mundial, vemos exatamente o contrário. Os ativos foram grupados na razão de 120 ações em 1, passando de R$ 0,09 (fechamento do pregão pré-grupamento) para, para R$ 10,80. Desde então, foram 11 pregões com queda em apenas 3. Nesta terça, as ações MDNL3 subiam 12,87%, cotadas às 17h20 (horário de Brasília) a R$ 19,30. Com isso, eles acumulam nestes 11 pregões uma alta de 78,7%.

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Bovespa contra ações “baratas”
Em fevereiro, o jornal Valor Econômico publicou uma notícia afirmando que a BM&FBovespa estava em tratativas com as empresas para proibir a negociação de ações que valiam menos que R$ 1,00. Mesmo sem nada confirmado, a tendência é que as próprias companhias tomem medidas para mudar esta situação.

Um dos principais argumentos para que a bolsa seja contra ações de baixo valor de face é que pequenas variações de preço acabam gerando oscilações percentuais muito fortes. Exemplo: se uma ação que custa R$ 10,00 cair R$ 0,10, ela terá tido uma variação percentual negativa de apenas 1,0%. Já se uma ação vale R$ 0,50 e cair os mesmos R$ 0,10, a variação percentual será de 20% para baixo.

Mundial: da “bolha do alicate” à retomada do lucro
A Mundial apresentou os seus resultados no último dia 15 de maio, registrando um lucro líquido atribuível aos sócios controladores de R$ 4,2 milhões no primeiro trimestre de 2013, revertendo o prejuízo de R$ 4,9 milhões apresentados no mesmo período do ano anterior. Já a receita líquida da companhia subiu 11,3%, totalizando R$ 83,6 milhões.

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“Para o ano de 2013, estamos cuidadosamente otimistas, tendo em vista o bom resultado operacional alcançado no primeiro trimestre, que é sazonalmente fraco em nossos principais segmentos de atuação. Também corroboram para tal, as estimativas do Governo de crescimento da economia, a manutenção de baixos níveis de desemprego e a melhora no cenário de crédito”, destacou a companhia no relatório de resultados.

Vale lembrar também que em 2011, a Mundial protagonizou o que ficou conhecido como a “bolha do alicate”. Na época, ela chegou a R$ 7,99, depois de se valorizar cerca de 2.500% apenas entre abril e junho. Entretanto, a ação logo despencou, fechando o ano cotada a R$ 0,43. 

Em dezembro de 2012, o MPF (Ministério Público Federal) do Rio Grande do Sul denunciou 10 pessoas sobre o caso. As acusações são de formação de quadrilha e manipulação do mercado, sendo que dois deles foram acusados de “insider trading”, isso é, de usar informações privilegiadas para ganhar no mercado acionário. Michael Ceitlin, na época presidente da Mundial, estava entre os acusados.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.