Após dissenso, debate é sobre condução da política monetária em 2025, diz economista

Votação apertada do Copom, que definiu o corte de 0,25pp da Selic, cria incertezas para o ano que vem com a saída de Campos Neto

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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O placar de 5 a 4 na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que decidiu pelo corte de 0,25 pp da taxa Selic, não seguindo o que já vinha sendo feito de redução de 0,50 pp pelos membros do órgão do Banco Central, ainda vai dar muito o que falar.

É o que avalia Rodolfo Margato, economista da XP, que participou nesta quinta-feira (9) do Morning Call da XP. Para ele, três principais pontos devem ser observados nessa decisão do Copom e o comunicado divulgado após o encontro realizado nesta quarta (8).

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“Houve de fato a desaceleração do corte de 0,50 pp para 0,25 pp. Isso foi justificado por um cenário externo mais adverso, de maior incerteza, principalmente em relação ao início do ciclo de corte de juros pelo Fed (Federal Reserve) nos Estados Unidos”, disse.

Atividade maior que a esperada

“Mercado de trabalho e dados de atividade econômica com dinamismo maior do que o esperado aqui no Brasil, além de expectativas de inflação desancoradas, ou seja, distanciando da meta, são os elementos que justificaram a abordagem mais cautelosa da maioria do Comitê de reduzir o ritmo de corte da Selic”, complementou.

Com relação ao aspecto da falta de unanimidade de membros do Banco Central, Margato mostrou maior preocupação por não ter sido ainda precificada a situação pelo mercado.

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Saída de Campos Neto cria nova situação

“Houve dissenso. Chamou a atenção o fato dos quatro que votaram pela manutenção do ritmo de corte da Selic (de 0,50 pp) terem sido indicados pelo atual governo”, comentou.

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Os cinco membros que votaram pela redução da Selic em 0,25 pp inclui o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que deixa o cargo no final do ano para entrada de um novo presidente, indicado pelo atual governo.

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“Isso aquece o debate, as discussões no mercado, principalmente sobre a condução da política monetária a partir de 2025”, destacou.

O economista comentou ainda que havia até fatores técnicos para defender a manutenção do ritmo de 0,50 pp da Selic, mas definiu-se pela redução de 0,25 pp.

Copom: falta de sinalização futura

“Sobre a sinalização dos próximos passos, não há orientação futura (no comunicado do Copom)”, afirmou. Isso se deve, segundo ele, às incertezas, fazendo com que não houvesse no comunicado o chamado forward guidance.

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Ainda nessa questão, Rodolfo Margato disse que os próximos passos “vão depender da evolução do cenário, dos determinantes principais de inflação como a taxa de câmbio, expectativas para o IPCA nos próximos anos, a dinâmica da atividade (econômica) por aqui”.

Por fim, ele destacou o fato de o Comitê ter ressaltado no comunicado a necessidade de uma política fiscal “crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, que contribua para a ancoragem das expectativas de inflação e para redução dos prêmios de risco, tendo impacto na política monetária”.

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Ele lembra que o comunicado enfatiza no fim “cautela necessária diante das incertezas na atual conjuntura econômica”.

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