Após cair 1%, Ibovespa vira para alta com Petrobras e fecha acima de 52 mil pontos

Imobiliárias também ajudaram a impedir 6ª queda em 7 pregões do índice brasileiro; Vale recua com taxação e más notícias da China

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em dia de divulgação de diversos balanços corporativos e intensa agitação do mercado internacional, o Ibovespa conheceu sua segunda alta na semana ao fechar com variação positiva de 0,82%, a 52.230 pontos. O índice operou a manhã inteira no negativo, chegando a marcar queda de 0,99%, mas conseguiu se recuperar impulsionado pelo bom desempenho das ações da Petrobras (PETR3, R$ 19,09, +2,58%; PETR4, R$ 19,94, +1,99%) e das imobiliárias. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 7,38 bilhões.

Até a tarde do pregão, o índice caminhava para mais uma queda – o que seria a 6ª em 7 pregões -, quando, por volta das 15h, firmou um movimento de alta, com a percepção de que os preços em bolsa ficaram baratos após a sequência negativa ofuscando o noticiário que gerou temor ao mercado horas antes. Enquanto a China decepcionou ao não mostrar mais detalhes dos resultados da Terceira Plenária do Partido Comunista, os discursos conflitantes de dois integrantes do Federal Reserve em rumos opostos na véspera aumentaram a aversão do mercado a riscos durante a manhã desta quarta-feira.

Ainda entre os destaques macroeconômicos, os investidores aguardam a sabatina de Janet Yellen no Senado norte-americano, que ocorre na próxima quinta-feira (14), véspera do feriado de Proclamação da República no Brasil. A expectativa norte-americana é de que a futura presidente do Federal Reserve possa sinalizar os próximos passos da política monetária do país. Além disso, a Europa segue em destaque: em meio aos bons dados da economia britânica, a expectativa é de que o BoE (Banco da Inglaterra) volte a aumentar os juros. Porém, o BCE (Banco Central Europeu) parece apontar para direção contrária, após o membro do conselho da autoridade monetária, Peter Praet, dizer que o banco pode adotar taxas de juros negativas ou comprar ativos de bancos se for necessário para elevar a taxa de inflação.

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Destaques do pregão
Além do noticiário agitado, também mexeram com a bolsa o desempenho das ações de Vale (VALE3, R$ 35,53, -0,73%; VALE5, R$ 32,06, -1,14%) e Petrobras, que respondem por cerca de 23% da composição do Ibovespa. Para a mineradora, além da recepção ruim dos sinais da China – principal destino das exportações da companhia -, repercutiu negativamente a notícia de que o PMDB quer patrocinar uma emenda ao novo marco regulatório da mineração, que estabelece a cobrança de uma participação especial sobre jazidas de grande lucratividade.

Já a petrolífera ganhou os holofotes do mercado nesta sessão com a informação de uma fonte do Executivo que acompanha as discussões, que afirmou que o governo vem resistindo à metodologia de reajuste de combustíveis apresentada pela diretoria da petroleira. Ainda sobre a estatal, foi informado na véspera uma proposta de incorporação de duas empresas, a PIFCo e a CRSec, e também a confirmação da venda de 100% da Petrobras Energia Peru para a CNPC (China National Petroleum Corporation) – uma de suas sócias no consórcio do pré-sal no campo de Libra, pelo valor de US$ 2,6 bilhões. Por fim, também repercutiu no desempenho das ações da estatal a aproximação do vencimendo de opções.

Enquanto as ações do Banco do Brasil (BBAS3, R$ 26,43, -0,64%) diminuíram os ganhos no intraday e fecharam com leves perdas, os papéis de Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 32,90, +2,02%) e Bradesco (BBDC3, R$ 33,88, +0,98%; BBDC4, R$ 30,91, +1,34%) chamaram atenção na ponta de cima do índice. Vale destacar também o desempenho das imobiliárias nesta sessão, com PDG Realty (PDGR3, R$ 1,81, +4,62%) e Gafisa (GFSA3, R$ 2,91, +3,93%) liderando os ganhos e contribuindo para o dia positivo do Ibovespa.

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Também em destaque de alta, apareceram as ações PNB da Eletrobras (ELET6, R$ 10,71, +2,00%) e da Cesp (CESP6, R$ 22,80, +2,89%), com destaque para a conclusão do leilão de energia A-1. Os preços do leilão foram vistos positivamente pelo banco Credit Suisse.

Gol cai, Marfrig e Oi sobem após resultados
A continuidade da temporada de resultados trimestrais seguiu repercutindo forte na Bovespa. Entre as maiores perdas do dia, apareceram as ações da Gol (GOLL4, R$ 9,52, -4,51%), que caiu pelo 7º pregão consecutivo e liderou as perdas da sessão. A companhia aérea conseguiu reduzir seu prejuízo no terceiro trimestre deste ano em 36,3% em relação a igual período do ano passado, ficando em R$ 197 milhões. Contudo, os temores acerca da forte exposição da empresa ao dólar seguem pressionando as ações no curto prazo.

Enquanto isso, a Marfrig (MRFG3, R$ 4,34, +0,93%), que registrava expressivos ganhos no início da sessão, fechou com alta mais tímida. A empresa de alimentos encerrou o terceiro trimestre com prejuízo líquido de R$ 194 milhões, reduzindo o resultado negativo de R$ 478,7 milhões sofrido no trimestre imediatamente anterior. O Ebitda ajustado avançou 34% na mesma base de comparação, para R$ 375,2 milhões. A margem passou de 6,3 para 7,6%.

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A operadora de telecomunicações Oi (OIBR3; R$ 3,76, +2,45%; OIBR4, R$ 3,59, +1,70%) também viu suas ações subirem após o balanço do 3º trimestre. A companhia apresentou queda de 70,7% no lucro líquido trimestral, ante igual período de 2012, totalizando R$ 172 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 2,139 bilhões entre julho e setembro, queda de 2,3% sobre igual período do ano passado.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PDGR3 PDG REALT ON 1,81 +4,62 -45,32 53,43M
 GFSA3 GAFISA ON 2,91 +3,93 -38,22 24,93M
 BRML3 BR MALLS PAR ON 20,00 +3,90 -24,47 73,33M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON ED 11,83 +3,14 -11,51 115,91M
 DTEX3 DURATEX ON 13,45 +3,07 -0,89 17,54M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOLL4 GOL PN N2 9,50 -4,71 -26,36 28,19M
 AEDU3 ANHANGUERA ON 13,80 -3,50 +19,79 287,65M
 LLXL3 LLX LOG ON 1,15 -3,36 -42,90 6,69M
 MMXM3 MMX MINER ON 0,65 -2,99 -85,39 8,20M
 VAGR3 V-AGRO ON 3,42 -2,01 -7,32 1,98M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE5 VALE PNA 32,06 -1,14 736,57M 595,56M 32.269 
 PETR4 PETROBRAS PN 19,94 +1,99 613,43M 619,30M 25.875 
 BBAS3 BRASIL ON 26,43 -0,64 443,02M 164,35M 20.768 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 32,90 +2,02 349,38M 322,40M 22.795 
 VALE3 VALE ON 35,53 -0,73 317,35M 229,45M 12.576 
 AEDU3 ANHANGUERA ON 13,80 -3,50 287,65M 63,81M 20.635 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 30,91 +1,34 283,38M 250,57M 18.666 
 KROT3 KROTON ON ED 37,20 -0,80 255,18M 91,99M 14.625 
 PETR3 PETROBRAS ON 19,09 +2,58 165,68M 195,96M 12.863 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON ED 11,83 +3,14 115,91M 108,47M 20.849 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Decepção na China
O primeiro comunicado da crucial reunião do Partido Comunista da China para estabelecer os planos da agenda de reformas para a próxima década forneceu poucos detalhes concretos, mesmo após um conclave de quatro dias de seu Comitê Central. Embora o documento tenha mencionado várias áreas de reforma, sua linguagem foi ainda mais geral do que alguns esperavam e destacou explicitamente a importância do setor estatal para a economia. Até mesmo o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, também lamentou a falta de detalhes e disse esperar reunir mais informações sobre políticas específicas em discussões com a China.

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Diante disso, índice Shangai Composite teve baixa de 1,83% nesta sessão, a 2.087 pontos – seu pior fechamento desde 23 de agosto.

Sinais confusos do Fed
Além da China, o Fed continua trazendo temor ao mercado, em meio às falas “confusas” e diversas dos integrantes da autoridade monetária. Na véspera, o presidente do Fed de Atlanta, Dennis Lockhart, disse que a redução do “Quantitative Easing 3” – programa de compras mensais de US$ 85 bilhões em títulos – do banco central dos EUA permanece como uma possibilidade na próxima reunião de política, em 17 e 18 de dezembro, embora tenha dito que a política deve continuar expansionista.

Os sinais de autoridades do banco central têm sido mistos, com o presidente do Fed de Minneapolis, Narayana Kocherlakota, falando sobre a necessidade de ação agressiva para estimular o crescimento. Desde maio, as bolsas mundiais vêm sendo norteadas pelos sinais que a autoridade monetária dá sobre se continuará com o mesmo ritmo do QE3 ou se vai diminuir o tamanho da injeção mensal de capital.

Diante de tudo isso, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, fará discurso nesta quarta-feira no Town Hall of Teachers. Ainda na agenda norte-americana, atenção aos números dos pedidos de hipotecas até a última sexta-feira (8) e ao resultado fiscal do país referente a outubro.

Alívio no Reino Unido
A despeito dos sinais negativos de EUA e China, o Reino Unido tenta trazer um alívio aos investidores. Por lá, o BC informou que a taxa de desemprego da Grã-Bretanha deverá cair mais rápido do que foi previsto anteriormente, podendo chegar aos 7% estimados nos últimos três meses de 2014 – a projeção anterior era de que isso fosse alcançado em 2016. Já a expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2013 passou de 1,4% para 1,6%; para 2014, a projeção é de 2,8% de alta.

“No Reino Unido, a recuperação finalmente ganhou fôlego. A economia está crescendo de forma robusta conforme a diminuição da incerteza e o abrandamento das condições de crédito começam a destravar a demanda sufocada”, informou o banco em seu relatório trimestral de inflação. Vale mencionar que a taxa de desemprego por lá se aproximou de 7%, nível no qual o BC pode começar a considerar a possibilidade de elevar os juros.

Ainda no velho continente, a produção industrial da zona do euro caiu 0,5% em setembro na comparação com agosto, pior do que o esperado pelo mercado, mas registrando alta de 1,1% em relação ao mesmo mês do ano passado em termos ajustados.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.