Após 8 meses, Carlos Slim venderá os primeiros bônus em pesos mexicanos no exterior

Os rendimentos dos 22,5 bilhões de pesos (US$ 1,8 bilhão) em notas da América Móvil com vencimento em 2022 tiveram um declínio de 0,6% nos últimos 30 dias

Bloomberg

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A América Móvil SAB, operadora de telefonia controlada pelo bilionário Carlos Slim, está buscando explorar o ressurgimento da demanda por ativos de mercados emergentes vendendo os primeiros bônus em pesos mexicanos no exterior em oito meses.

A empresa, que tem sede na Cidade do México, contratou bancos para organizar encontros de investidores ao longo desta semana, segundo uma fonte com conhecimento do plano. Os rendimentos dos 22,5 bilhões de pesos (US$ 1,8 bilhão) em notas da América Móvil com vencimento em 2022 tiveram um declínio de 0,6 ponto porcentual nos últimos 30 dias e atingiram a maior baixa em 11 meses na semana passada.

Os custos dos empréstimos nos mercados emergentes tiveram a maior queda em oito meses depois que funcionários da Reserva Federal dos EUA prometeram manter as taxas próximas a zero por um “tempo considerável”. A venda em moeda local também é parte de um esforço da América Móvil para reduzir a dependência do crédito em moeda estrangeira, chamado “pecado original” depois que levou a moratórias em toda a América Latina nos anos 1980, disse a Vaquero Global Investment LP. Nos últimos 12 meses a empresa vendeu US$ 5,6 bilhões em dívidas em euros, libras esterlinas, dólares e francos suíços, mostram dados compilados pela Bloomberg.

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“Eles sempre dizem que o pecado original dos mercados emergentes é a incapacidade de se financiarem em sua moeda doméstica”, disse Wilbur Matthews, CEO da Vaquero, por telefone, de San Antonio.

Encontros com investidores
A América Móvil contratou o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria SA, o Citigroup Inc., o Credit Suisse Group AG, o Deutsche Bank AG, o HSBC Holdings Plc e o Morgan Stanley para organizar os encontros, disse a fonte, que pediu para não ser identificada porque as negociações são privadas. Carlos García Moreno, diretor financeiro da América Móvil, e seu vice, Ricardo Rivera, representam a empresa nas reuniões, que começaram em 23 de maio no México, segundo a fonte.

Um assessor de imprensa da América Móvil não respondeu aos pedidos por comentário a respeito da venda.

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Ricardo Hausmann, professor da Universidade de Harvard, chamou a dependência dos países em desenvolvimento em relação aos mercados estrangeiros de “pecado original” em um artigo, em 1998, para a revista Foreign Policy.

A empresa vendeu bônus em pesos no exterior pela última vez em fevereiro de 2013, quando emitiu mais 7,5 bilhões de pesos de seus papéis com vencimento em 2022. A oferta inicial de 15 bilhões de pesos, em novembro de 2012, marcou a maior oferta internacional da história do México em moeda local.

A empresa emitiu mais desses títulos para melhorar os negócios, disse Jennifer Gorgoll, que ajuda a gerenciar US$ 2,1 bilhões de dívidas de mercados emergentes na Neuberger Berman Group LLC.

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‘Bela maneira’
“A falta de liquidez do mercado é o maior obstáculo no momento”, disse ela, por e-mail. “Mas isso se desenvolverá com o passar do tempo e será uma bela maneira de os investidores conseguirem exposição a moedas locais, além de receberem algum aumento no rendimento”.

Os bônus em pesos de 2022 da América Móvil rendem 6,74 por cento, ou 3,25 pontos porcentuais a mais que seus bônus em dólares com vencimento similar. O peso valorizou 1,7 por cento neste mês, o maior aumento entre as principais moedas depois do rand sul-africano.

A maior operadora de telefonia celular das Américas em número de assinantes obteve 37 por cento de sua receita no México no ano passado, fatia maior das vendas que a referente a qualquer outro país.

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A Moody’s Investors Service classifica a América Móvil como A2, o sexto mais baixo grau de investimento, acima do governo mexicano. A empresa divide a maior classificação no país com a Coca-Cola Femsa SAB.

“Se tem alguém que consegue tomar emprestado no mercado do peso, é a América Móvil”, disse Matthews, da Vaquero.