Após 20 anos juntos, AT&T vira competidor de Carlos Slim

América Móvil deve tentar ingressos mais intensivos nos EUA, realizando parcerias com as outras três empresas Sprint, T-Mobile ou Dish

Reuters

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CIDADE DO MÉXICO – Por uma geração, a AT&T e os negócios de telecomunicações do bilionário mexicano Carlos Slim andaram juntos e cresceram para virarem gigantes da indústria ao norte e ao sul do Rio Grande.

Agora, a planejada compra da operadora norte-americana de TV por satélite DirecTV pela AT&T está encerrando uma conexão com Slim que vem da década de 1990, tornando os grupos rivais. A AT&T ofereceu US$ 48,5 bilhões pela DirecTV.

A AT&T anunciou no domingo que vai vender sua participação de 8,4% na América Móvil, principal geradora de recursos para Slim, e retirar seus membros do conselho da empresa para evitar conflitos de interesse com as operações latino-americanas de TV da companhia mexicana.

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A notícia do desinvestimento atingiu Slim imediatamente. As ações da América Móvil caíram mais de 5% nesta segunda-feira, reduzindo o valor da companhia em US$ 3,5 bilhões.

O presidente-executivo da AT&T, Randall Stephenson, não perdeu tempo em reconhecer que o relacionamento mudou.

“Aprendi muito com o Carlos e, obviamente, Carlos e eu conversamos. Ele é um amigo muito querido, mas agora ele será um competidor e nós reconhecemos isso”, disse Stephenson em teleconferência com analistas nesta segunda-feira.

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Slim tem quase 20 milhões de clientes de TV paga na América Latina, o que o coloca em competição ferrenha com a DirecTV, especialmente no Brasil. Ele ainda não tem permissão para ingressar no mercado de televisão por assinatura mexicano diante de temores de que possa esmagar competidores. A DirecTV, enquanto isso, tem 18 milhões de assinantes na América Latina.

“Ao se livrar das ações (da América Móvil), a AT&T pode buscar uma estratégia mais agressiva na América Latina”, afirmou o analista Walter Piecyk, da BTIG Research.

O analista Kevin Smithen, do Macquarie, disse que a América Móvil pode agora tentar fazer ingressos mais intensivos nos EUA.

“Eu creio que vamos ver que a América Móvil está agora livre para entrar nos EUA. Poderemos ver a empresa tentar ser parceira de uma das outras três empresas, seja Sprint, T-Mobile ou Dish”, disse Smithen.