Apagão na bolsa: elétricas caem mais de 4% após Brasil atingir déficit de energia

Ações das companhias do setor lideraram as perdas do Ibovespa nesta sessão; analistas acreditam que risco de racionamento de energia é grande

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Nem as chuvas, que atingiram a região sudeste neste final de semana, parecem ter ajudado o setor elétrico. Nesta segunda-feira (17), as companhias do setor lideraram as perdas dentro do Ibovespa, com 4 ações recuando mais de 4%, com destaque para a Eletrobras (ELET3, R$ 4,76, -5,56%; ELET6, R$ 8,96, -3,76%), com a maior queda do índice.

Também entre as maiores perdas da sessão ficaram as ações da Eletropaulo (ELPL4, R$ 8,30, -4,82%), Energias do Brasil (ENBR3, R$ 9,00, -3,33%), CPFL Energia (CPFE3, R$ 15,95, -4,78%), Light (LIGT3, R$ 16,20, -4,71%), Copel (CPLE6, R$ 24,97, -3,85%), Cesp (CESP6, R$ 21,98, -3,34%), Tractebel (TBLE3, R$ 33,03, -2,85%) e Cemig (CMIG4, R$ 13,03, -2,40%), todas com queda de pelo menos 2%.

Em relatório referente à esta semana que inicia hoje, o ONS (Operador Nacional do Sistema) informou que o Brasil atingiu o “primeiro patamar de déficit” no abastecimento de energia. Isso significa que a oferta de energia no sistema elétrico (SIN) não é suficiente para atender toda o consumo. No entanto, os patamares de déficit ainda “não implicam acionamento de medidas de redução compulsória de consumo”, descartando a hipótese de racionamento.

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Como a energia gerada no Sudeste não está sendo suficiente para atender a demanda, o ONS está trazendo para a região a energia produzida em Tucuruí, na região Norte. Essa situação favoreceu a ocorrência do blecaute, quando houve problemas nas linhas de transmissão que trazem energia do Norte para o Sul do país, o que provocou interrupção no abastecimento em vários estados. Hoje, o risco de racionamento é de 20%, segundo o presidente da Bolt.

Para a equipe da XP Investimentos, o risco de racionamento é bastante grande, o que deve prejudicar todas as companhias do setor, sendo que a alta dos preços da energia causadas pela escassez de chuvas pode favorecer companhias como Cesp, Cemig e Copel.

Impacto nos resultados
A falta de chuvas e queda do nível dos reservatórios, apesar de só ganharem destaque nas últimas semanas, já vem afetando as companhias do setor desde o ano passado. Segundo os analistas da Citi Corretora, os resultados do 4º trimestre devem ser bastante fracos, o que já está impactando nas ações.

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“Esperamos resultados fracos nas geradoras, uma vez que as estratégias de vendas favoreceram posições compradas em preços à vista no 1T13, deixando as empresas a descoberto no restante do ano. Os recursos hídricos limitados vão empurrar os custos da eletricidade para cima, devido à maior participação da geração termelétrica no mix”, afirmaram em relatório.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.