Analistas enfatizam a mudança de tom vista na ata do Fomc

Sem trazer novidades, discussão sobre os instrumentos de política monetária a serem utilizados foi curta na reunião do comitê

Paula Barra

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SÃO PAULO – No geral, a ata da última reunião do Fomc (Federal Open Market Committee) divulgada na terça-feira (30) não trouxe muitas novidades sobre as novas medidas que podem vir a ser adotadas pelo banco central norte-americano para estimular a economia do país. No entanto, os analistas deram ênfase a alguns pontos relevantes, entre eles a indicação de que as taxas de juros podem voltar a subir e a importância de reconhecer que a recuperação econômica está mais lenta do que o previsto.

O analista internacional da Cruzeiro do Sul Corretora, Jason Vieira, chama atenção para a divergência entre os membros do comitê por conta da exclusão da frase “por um período intedeterminado” do comunicado do Fed, fazendo referência às taxas de juros próximas de zero.

“A mudança da frase para uma definição do fim do processo de afrouxamento monetário trouxe discussão entre os membros do comitê, entre os quais gostariam de citar que os juros permaneceriam baixos até que o emprego desse sinais claros de recuperação ou mesmo a inclusão de metas de inflação”, avalia Vieira.

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Para ele, isso criou temor sobre a escolha de um número para a inflação, “o qual poderia ter efeito forte nos rendimentos dos treasuries”, os títulos do tesouro norte-americano.

Já a equipe do Banco Fator, liderada pelo economista José Francisco Gonçalves, disse que as indicações de que não só o risco de piora na atividade aumentou como a também a economia está mais vulnerável a choques adversos foram os pontos mais dramáticos do documento, frisando que o fator mais esperado do comunicado – uma eventual conversa sobre instrumentos de política monetária a serem utilizados – foi pouco abordado.

Opções “na mesa”
Embora com poucas novidades, Vieira ressalta a mudança de discurso do documento, que deixou claro que o Fed “põe na mesa” todas as opções necessárias para reativar a economia. As principais discussões foram deixadas para a próxima reunião do Fomc, prevista para os dias 20 e 21 de setembro, complementa o analista da Cruzeiro do Sul.

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Por fim, o time do Fator comenta que o texto do documento mostra certa preocupação dos membros do comitê em explicar de modo mais detalhado a avaliação deles a respeito da piora ocorrida na atividade econômica dos EUA no primeiro semestre do ano. “Fatores como preços de combustíveis, efeitos da crise industrial no Japão (após os terremotos de março) e os preços dos alimentos, embora temporários, dão conta de apenas uma parte da piora da economia”, dizem os economistas do banco.