Americanas (AMER3): o que esperar de Camille Faria como CFO? Histórico na recuperação judicial da Oi está no radar de analistas

JPMorgan e Credit Suisse destacam experiência de Camille Faria como CFO da tele e seu possível papel agora na varejista

Lara Rizério

(Getty Images)

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O anúncio na tarde da última terça-feira (17) do nome de Camille Faria como nova diretora financeira (CFO) e de relações com investidores (DRI) da Americanas (AMER3) traz alguns sinais importantes no contexto da descoberta de inconsistências contábeis da varejista no valor de R$ 20 bilhões e da decisão da Justiça de proteger a empresa por 30 dias contra vencimento antecipado de dívidas.

O JPMorgan destaca que Camille atua (até o fim de janeiro, assumindo o novo cargo da Americanas no dia 1 de fevereiro) como CFO da TIM (TIMS3) “e, mais importante, atuou como CFO da Oi (OIBR3) por 2 anos durante seu processo de recuperação judicial em 2019″.

Assim, o banco destaca “a experiência relevante no assunto em um contexto em que a Americanas provavelmente entrará em recuperação judicial, na sequência da liminar apresentada na sexta-feira passada. Além disso, o banco ressalta que Camille possui uma extensa experiência em bancos de investimento.

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De acordo com o colunista Lauro Jardim, de O Globo, a Americanas deve mesmo entrar com pedido de recuperação judicial. O mais provável, porém, é que a medida seja adotada entre segunda e terça-feira da semana que vem, segundo advogados envolvidos com a operação. A razão para isso é que haveria uma série de documentos que ainda estão sendo coletados para preparar a ação.

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“No geral, isso ressalta as negociações difíceis pela frente ao lado da Rothschild, que foi contratada pela empresa como assessora no processo de negociação de dívidas“, avalia o JP.

Neste ponto, avalia o banco, a visibilidade sobre o valor residual do patrimônio da Americanas é baixo à luz das variáveis envolvidas, como 1) tamanho da injeção de capital (dos acionistas de referência na companhia), 2) potencial conversão de dívida em equity, 3) redução potencial de dívida, 4) resultados operacionais em meio a restrições de crédito, entre outros pontos. Atualmente, o JP tem recomendação underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para AMER3.

Camille tem ampla experiência na parte de Investment Banking, que exige muito conhecimento da parte de contábil, de balanços e de fluxo de caixa, reforça Heitor De Nicola, especialista de Renda Variável e sócio da Acqua Vero Investimentos, também destacando a passagem da executiva pela Oi.

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“O grande desafio dela será passar por toda uma reestruturação de capital e renegociação de dívidas. É provável que eles passem também por uma injeção de capital, que vai caber ela direcionar da melhor forma nos próximos meses. No entanto, ela tem uma vasta experiência a área e certamente a Americanas a procurou por causa disso”, avalia Nicola.

Cabe destacar que, na véspera, em análise a clientes antes do nome ser confirmado, o Credit Suisse avaliou a notícia da contratação de Camille como positiva, já que a executiva “tem sólida formação financeira, notadamente por seu papel como CFO na Oi durante seu processo de recuperação judicial em 2019-2021.”

O Credit Suisse colocou a recomendação para os ativos em revisão, assim como o Goldman Sachs na véspera, na sequência de diversas casas de análise que apontaram falta de visibilidade sobre os números da companhia.

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Na véspera, no evento Onde Investir 2023, organizado pelo InfoMoney, Luiz Parreiras, gestor da Verde Asset, e Guilherme Affonso Ferreira, sócio e sênior advisor da MOS Capital, destacaram o cenário incerto sobre a Americanas.

“A gente está no terceiro episódio dessa novela e ainda vai ter muito capítulo. Está só no começo”, avaliou Parreiras.

Ferreira também preferiu ser cauteloso e disse que o momento ainda é “nebuloso” e que a transparência que a empresa apresentou até agora foi muito pequena.

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O sócio da MOS Capital já fez parte do Conselho da Submarino no passado. “Estou assustado com o que estou vendo. Espero que quando tudo ficar mais claro, as coisas sejam melhores”, acrescenta o especialista da MOS.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.