Americanas (AMER3) corre para produzir novos balanços trimestrais e selar acordo com debenturistas

Desde o anúncio inicial, em janeiro, a Americanas descobriu mais 4 bilhões de reais em fraudes contábeis.

Reuters

Fachada da Americanas (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

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CIDADE DO MÉXICO (Reuters) – A Americanas (AMER3) está correndo para finalizar seu balanço do quarto trimestre, enquanto redobra os esforços para obter apoio dos credores ao plano de recuperação judicial, segundo fontes próximas ao assunto.

A Americanas, que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro após descobrir um rombo contábil de 20 bilhões de reais, agora negocia mudanças no plano para conquistar os debenturistas que indicaram anteriormente que o rejeitariam.

Ao mesmo tempo, a empresa está preparando os demonstrativos financeiros auditados, disse uma fonte da empresa, que pediu para não ser identificada, à medida que a Americanas busca tranquilizar os credores de que as dimensões do escândalo contábil foram plenamente divulgadas. Desde o anúncio inicial, em janeiro, a Americanas descobriu mais 4 bilhões de reais em fraudes contábeis.

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Essas etapas são consideradas essenciais para que a empresa possa cumprir com os prazos e evitar o adiamento da aprovação do plano de recuperação judicial da empresa, acrescentou a fonte.

Embora a apresentação de um demonstrativo contábil auditado não seja obrigatória para a realização de uma assembleia geral, é essencial “convencer” os credores a aprovar o plano de recuperação, disse a fonte, uma vez que eles terão uma participação maior na empresa como parte de uma proposta de conversão de 10 bilhões de reais de dívida em ações.

A Americanas disse em comunicado ao mercado que espera divulgar suas demonstrações financeiras passadas até 31 de agosto, acrescentando que essa é a “melhor estimativa” da empresa.

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Neste mês, a alta administração da Americanas criticou ex-executivos, bancos e auditorias após um relatório de assessores jurídicos da empresa alegar o envolvimento desses em uma “fraude” nas demonstrações financeiras.

O atual presidente da Americanas, Leonardo Coelho, afirmou em audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara que investiga o caso que os membros do conselho da Americanas não estão entre os pelo menos 30 funcionários que, segundo ele, colaboraram para ocultar os problemas no balanço da empresa, acrescentando que os envolvidos estão sendo demitidos.

A reestruturação interna da equipe financeira pode atrasar o processamento dos demonstrativos de resultados, disse a fonte, acrescentando que “com algumas demissões, redescobrir o passado se torna ainda mais complicado”.

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Com quase 11 bilhões de reais em dívidas da Americanas em mãos, os debenturistas estão considerando exigir cortes menores do que os aproximadamente 70% previstos no plano de recuperação, além de compensação adicional por suas perdas, de acordo com duas fontes próximas ao assunto.

A proposta original da empresa de converter dívidas em ações também vai contra os mandatos de muitos detentores de bonds que estão impedidos de possuir ações, e estão em andamento negociações para encontrar uma alternativa, segundo as duas fontes.

A maioria das dívidas não pode ser convertida em ações — para fundos de pensão ou de crédito, já que existem restrições legais, disse Adriano Casarotto, gestor de crédito da Western Asset, que detém 300 milhões de reais em dívida da Americanas.

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O plano deve ser discutido em tribunal até o final de julho, e uma assembleia geral poderá ser convocada para votação. Contudo, se não houver acordo, o processo para a aprovação do plano de recuperação judicial poderá ser reiniciado.

Em comunicado, a Americanas disse que segue “comprometida com seus credores” para a construção de um consenso sobre seu plano de recuperação judicial e que ele ainda está sujeito a revisões e ajustes.