Ambev ganha espaço e Heineken tem leve queda nas vendas no Brasil: o que isso significa para as companhias?

Analistas do BBI e do Credit veem dados da Heineken como positivos para a Ambev, enquanto Morgan destaca possível concorrência mais forte à frente

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Os resultados do segundo trimestre de 2021 da Ambev (ABEV3) não foram muito bem recebidos pelos investidores na última quinta-feira (29) em meio ao impacto dos custos mais altos sobre as margens (veja mais clicando aqui).

Se os custos mais altos não agradaram, por outro lado, alguns analistas demonstraram otimismo com relação às iniciativas da companhia de bebidas, enquanto monitoraram as notícias sobre a concorrência.

Sobre isso, a Heineken, vista como uma grande rival no país, acabou levando a um maior otimismo para a Ambev justamente por após a companhia holandesa divulgar seus resultados.

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Em comum entre as companhias, estão os altos custos. A Heineken espera ventos contrários nos custos de insumos no segundo semestre de 2021 e um impacto material dos custos das commodities em 2022. A empresa também apontou que será assertiva na determinação de preços e impulsionará a receita e intensificará o gerenciamento de custos para enfrentar esse desafio. No entanto, espera-se que a pressão sobre as margens se intensifique no segundo semestre. Além disso, a Heineken disse que isso também é resultado das despesas de marketing e com vendas para investir em iniciativas de crescimento, em comparação com o ano passado.

Veja mais: Heineken vê maior pressão de custos das commodities sobre lucro

No Brasil, o volume de cerveja vendido da Heineken diminuiu marginalmente no primeiro semestre, pois a empresa continua a reequilibrar o portfólio e a enfrentar restrições de capacidade. O portfolio premium cresceu e ganhou participação no segmento, liderada por Heineken®, que se tornou a marca nº 1 em valor no segmento off-trade, composto por pontos de vendas como supermercados, em que o cliente compra um produto e leva para a casa. Além disso, o portfólio mainstream cresceu, ganhando participação no segmento, liderado por Amstel e Devassa.

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Sobre o Brasil, a Heineken iniciou a transição da rota para o mercado em estreita cooperação com o Sistema Coca-Cola
no começo de julho, incluindo o lançamento da cerveja Tiger.

De acordo com o Bradesco BBI, os resultados  da Heineken fornecem uma leitura geral positiva para a Ambev. Primeiro, a Heineken disse que será “assertiva quanto aos preços” nos próximos trimestres, o que os analistas entendem como aumento de preços para lidar com a pressão de custos, o que poderia abrir espaço para a Ambev também elevá-los. A projeção é de que os preços da Ambev aumentarão 10% em sua divisão de cerveja no Brasil em 2021.

Em segundo lugar, a Heineken mencionou ainda que estão enfrentando restrições de capacidade no Brasil (os volumes caíram marginalmente no primeiro semestre no Brasil) e não deram clareza sobre quando esses problemas serão resolvidos, o que, portanto, parece apoiar a estimativa de crescimento de volume de 6% em 2021 para a divisão de cerveja brasileira da Ambev (e de alta de 3% para 2022). A recomendação do BBI para a ação da Ambev é outperform (desempenho acima da média) com preço-alvo de R$ 21.

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Para o Credit Suisse, que também possui recomendação outperform, os dados da Heineken confirmam os fortes ganhos de participação da AmBev com os volumes de cerveja do primeiro semestre no Brasil em alta de 14% na base anual (no segundo trimestre, a alta foi de 13%).

O Morgan Stanley, por sua vez, que tem mais ceticismo com o papel ABEV3, possuindo recomendação  underweight (exposição abaixo da média do mercado) e preço-alvo de R$ 13,80, a questão concorrencial deve ganhar força no futuro.

Os analistas apontam que, como esperado, a Ambev continuou ganhando participação no primeiro sobre o portfólio de valor da Heineken, que tem enfrentado grandes restrições de capacidade no Brasil e, portanto, prioriza a produção de marcas de malte puro.

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O fornecimento materialmente menor de volumes também levou a Heineken a aceitar aumentos de preços substanciais em seu portfólio de marca de valor, o que os analistas também acreditam que poderia ter ajudado os volumes da Ambev recentemente.

Porém, no futuro, os analistas esperam que o cenário competitivo se tornará muito mais desafiador: “esperamos que a Heineken traga cerca de 3 milhões de hectolitros até o final do terceiro trimestre de 2021 e outros 3 milhões de hectolitros em meados de 22. Enquanto isso, dados recentes indicam que as carteiras premium e mainstream da Heineken têm tido um desempenho bem à frente dos volumes consolidados da Ambev”, avaliam os analistas.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.