Alta dos juros nos EUA pode impulsionar demanda por Bitcoin em países emergentes

Depreciação de moedas emergentes faz com que investidores locais procurem ativos alternativos de reserva de valor

CoinDesk

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Toda moeda tem dois lados, e o iminente ciclo de aperto do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, não parece diferente.

O potencial impacto negativo dos aumentos das taxas de juros do banco central nas moedas de países emergentes pode compensar uma queda esperada na demanda dos EUA por ativos de reserva de valor como Bitcoin (BTC) e ouro.

“Criptomoedas e stablecoins são boas alternativas em períodos de depreciação”, disse Mark Thornton, membro sênior do Ludwig von Mises Institute, ao CoinDesk por e-mail. “Também acho que ouro e prata são boas opções no momento, principalmente em mercados emergentes.”

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“Alternar entre criptomoedas e metais preciosos fornece equilíbrio e maior vantagem para esse segmento do portfólio de um indivíduo”, acrescentou Thornton.

Um mercado emergente é uma nação em desenvolvimento que caminha para se tornar mais industrializada e conectada com a economia global. Índia, México, Rússia, Arábia Saudita, China e Brasil são alguns exemplos.

A depreciação ou desvalorização de uma moeda refere-se à queda do valor dela em relação a outras moedas. A depreciação é naturalmente inflacionária, pois uma moeda nacional mais fraca aumenta os custos de importação e muitas vezes faz com que os investidores locais procurem ativos alternativos com apelo de reserva de valor, como ouro e BTC.

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A demanda por Bitcoin aumentou na Rússia e na Ucrânia, já que a decisão de Moscou de invadir o país vizinho fez o rublo russo cair e levou a interrupções significativas nos mercados de câmbio da Ucrânia. Já o ouro subiu e encostou em US$ 1.974 na semana passada, a maior alta em 18 meses.

Desde novembro de 2021, quando o Fed sugeriu que aumentaria as taxas de juros em 2022, alguns observadores tradicionais do mercado ficaram preocupados com uma possível queda ou depreciação das moedas dos mercados emergentes em relação ao dólar americano.

Isso porque o diferencial da taxa de juros é um dos fatores significativos que influenciam as taxas de câmbio. Quando um país dominante como os EUA sinaliza aumentos, os mercados emergentes com taxas relativamente mais altas, mas economias significativamente menores, experimentam saídas de capital. Isso exerce pressão sobre as moedas dessas nações em desenvolvimento e empurra o dólar para cima.

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“As taxas de câmbio em relação ao dólar americano se mantiveram na maioria dos mercados emergentes nos últimos meses, mas ainda existe o risco de uma pressão de depreciação significativa em 2022, principalmente se o ritmo de aperto monetário nos EUA acelerar”, disse a agência de classificação de risco Fitch Ratings no mês passado.

Os investidores de economias emergentes podem diversificar em Bitcoin e ouro se o aperto do Fed desencadear uma reversão acentuada das entradas de capital, levando a uma queda na taxa de câmbio. Com a inflação já elevada em todo o mundo, mesmo uma leve desvalorização da moeda pode provocar compras em pânico de ouro e BTC.

O aperto do Fed é um grande risco, particularmente para moedas de países emergentes que apresentam déficits em conta corrente. O déficit ocorre quando um país envia mais dinheiro ao exterior do que recebe, deixando a moeda doméstica vulnerável ao aumento dos custos de empréstimos em outros lugares. Assim, países com déficit em conta corrente, como Brasil, Índia e Paquistão, podem ver uma forte demanda por Bitcoin.

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“Grandes déficits em conta corrente implicam em maiores empréstimos do exterior, e isso coloca a moeda local em maior risco, pois as pessoas trocam moedas locais por criptomoedas, metais preciosos e qualquer coisa real”, disse Thornton.

“Os bancos centrais das principais economias já imprimiram dinheiro suficiente para criar hiperinflação e tomaram dinheiro emprestado mais do que suficiente para induzir hiperinflações. O papel-moeda vai falhar. É apenas uma questão de tempo.”

Emergentes podem preferir BTC em vez de ouro

Investidores de mercados emergentes podem migrar para o Bitcoin em vez de ouro ou outros ativos tangíveis, pois as criptomoedas podem driblar os controles de capital impostos pelo governo.

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“Uma ferramenta que os mercados emergentes têm usado ao tentar defender uma moeda desvalorizada (ou manter uma indexação) é restringir a conversibilidade. Os ‘controles de capital’ são projetados para limitar a conversão da moeda do local para o dólar. De um modo geral, essas restrições são muito eficazes”, disse Bryan Routledge, professor finanças da Tepper School of Business, na Carnegie Mellon University. “Presumivelmente, as criptomoedas oferecem mais um canal para as pessoas contornarem os controles de capital”.

Governos e bancos centrais muitas vezes impõem controles de capital para conter a saída de dinheiro do país e segurar a queda da taxa de câmbio. No início desta semana, o banco central russo elevou as taxas de 9,5% para 20% e ordenou que as empresas exportadoras vendessem 80% de suas receitas cambiais no mercado. Em agosto de 2013, o o banco central da Índia impôs controles sobre os investimentos no exterior para segurar a queda da rúpia. Além disso, o governo restringiu as importações de ouro.

As economias emergentes podem tomar providências semelhantes se suas moedas caírem nos próximos meses. No entanto, com seus sistemas descentralizados, peer-to-peer (P2P, ou ponto a ponto) e sem fronteiras, as criptomoedas parecem isoladas de tais medidas.

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Qualquer um pode minerar Bitcoin, e a blockchain da criptomoeda facilita as transferências P2P entre duas partes, o que significa que intermediários não são necessários para gerenciar uma transação. Em outras palavras, os usuários de cripto podem contornar os canais bancários tradicionais e, em teoria, não podem ser parados.

“A existência de criptomoedas pode expandir as opções de fuga de capital, talvez tornando essas situações mais difíceis, embora a fuga de capital seja sempre complexa de controlar e provavelmente não haja muitas boas opções regulatórias”, disse Michael Englund, diretor e economista-chefe da Action Economics LLC.

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