Alta do dólar por “efeito Flávio” afetará decisão do BC em janeiro? Citi vê que não

No mercado, as expectativas de manutenção da taxa básica Selic em 15% na quarta-feira são unânimes, mas as instituições estarão atentas ao comunicado

Reuters

Notas de dólar
17/07/2022
(Foto: REUTERS/Dado Ruvic)
Notas de dólar 17/07/2022 (Foto: REUTERS/Dado Ruvic)

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SÃO PAULO, 9 Dez (Reuters) – O avanço do dólar ante o real visto desde a última sexta-feira, após o anúncio da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL) à Presidência em 2026, terá um impacto pequeno para a decisão sobre juros do Banco Central em janeiro, afirmou nesta terça-feira o economista-chefe do Citi Brasil, Leonardo Porto.

Em conversa com jornalistas em São Paulo, no evento Macro em Perspectiva, Porto citou que nesta manhã de terça-feira o dólar oscilava na faixa dos R$5,47, enquanto na reunião mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom) a cotação da moeda norte-americana considerada pelo Banco Central foi de R$5,40.

“O BC não usará o R$5,47 (como referência em sua decisão). Ele usa a média dos dez dias”, afirmou Porto, referindo-se ao cálculo da taxa com base nos dias que antecedem cada reunião do Copom. “Pela governança, ele vai usar algo próximo de R$5,40. Então, impacto zero”, opinou.

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Porto afirmou que o principal fator de ponderação das apostas para a decisão de janeiro será o comunicado do Copom desta semana.

No mercado, as expectativas de manutenção da taxa básica Selic em 15% na quarta-feira são unânimes, mas as instituições estarão atentas ao comunicado em busca de pistas sobre o que o BC fará em janeiro.

O Citi espera um corte de 25 pontos-base da Selic em janeiro, mas Porto ressalta que isso dependerá do comunicado do BC na quarta-feira.

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“Da forma como leio hoje o comunicado (de novembro), eu vejo uma restrição para cortar juros na reunião posterior (janeiro), a menos que o cenário mude”, comentou Porto. “Daí, como tenho um corte de juros (previsto) em janeiro, espero que haja uma mudança na comunicação”, acrescentou.

Desde a última sexta-feira, quando surgiu a notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro indicou o filho Flávio como candidato à Presidência, os ativos no Brasil têm reagido negativamente, em meio à avaliação de que o senador inviabiliza a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Tarcísio é visto como um homem mais competitivo na disputa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em reação, o dólar disparou ante o real, em movimento que continua nesta terça-feira, e as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) tiveram altas firmes.

“O BC a princípio não atua sobre questões políticas, mas sim em como a política afeta a economia”, disse Porto aos jornalistas.

Segundo ele, a decisão de janeiro sobre a Selic estará ligada ao “conjunto da obra”, e não apenas ao câmbio.

Entre os fatores para influenciar um possível corte no início de 2026, além do câmbio, ele citou o processo de reancoragem de expectativas de inflação no boletim Focus, a desaceleração econômica evidenciada pelo Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre e sinais de desaceleração do mercado de trabalho.

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