Alpargatas (ALPA4): JPMorgan vê demora na reestruturação da empresa e corta recomendação; ação cai mais de 5%

Ajustes necessários provavelmente afetarão os resultados por mais 12 a 24 meses, limitando ainda mais a visibilidade, apontam

Equipe InfoMoney

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Em uma sessão de ganhos para diversas ações de empresas voltadas para o consumo com a queda da Selic, as ações da Alpargatas (ALPA4) registram forte queda, entre as maiores baixas do Ibovespa, na sessão desta quinta-feira (3), dia de divulgação de seus resultados do segundo trimestre de 2023 (2T23).

Com isso, as ações ALPA4 fecharam a sessão em baixa de 5,26%, a R$ 9,01.

O movimento ocorre após o JPMorgan cortar a recomendação dos papéis de overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para neutro, com preço-alvo sendo reduzido de R$ 9,50 para R$ 9, ou uma baixa de cerca de 5% frente o fechamento da véspera.

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Conforme destacam os analistas do banco, as marcas Havaianas ainda apresentam grandes oportunidades nos mercados internacionais, enquanto seu negócio local deve ser uma “vaca leiteira” para apoiar suas ambições globais, com oportunidades incrementais para ir além dos chinelos e melhorar sua base premium no mercado interno.

No entanto, a mensagem por enquanto é de reestruturação e “de volta ao básico”.

“Ao longo dos últimos trimestres e com contínuas decepções, nós aprendemos que os processos internos da Alpargatas não eram bem coordenados, com a fábrica operando de forma um tanto independente do departamento comercial, enquanto a comunicação entre ambos também era ruim”, avaliam os analistas.

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Assim, esse movimento sugere que a companhia não estava pronta para operar como empresa de consumo de marca que permite iniciativas de “premiumização” juntamente com planos de internacionalização de marca, já que a mentalidade industrial histórica ainda era predominante.

E, além de suas questões internas, a Alpargatas enfrenta altos estoques no Brasil, com produtos que são marcados a preços de mercado mais altos do que os atuais, tornando caro acelerar o processo de redução de estoque.

A própria empresa mantém níveis de estoque de produtos acabados anormalmente altos, o que exige o aluguel de espaço de armazenamento adicional.

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“Ao todo, acreditamos que os ajustes necessários provavelmente afetarão os resultados por mais 12 a 24 meses, limitando ainda mais a visibilidade na execução de seus planos de longo prazo”, avalia.

Assim, os analistas, à medida que revisitam suas estimativas, cortaram as estimativas de lucro por ação em 85% para 2023 e em 26% para 2024.

“Ainda assim, uma postura mais negativa sobre as ações é atenuada pelos acionistas controladores adquirindo ações, enquanto há preocupações em relação a um possível cancelamento de registro na Bolsa”, avalia.