Aliansce Sonae (ALSO3) e brMalls (BRML3): Superintendência do Cade aprova fusão e analistas reforçam otimismo com “nova companhia”

Combinação de negócios foi aprovada sem restrições, com analistas avaliando que decisão tira ponto de incerteza para os ativos

Lara Rizério

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A Aliansce Sonae (ALSO3) e a brMalls (BRML3) informaram na noite de quinta-feira (18), por meio de fato relevante, que a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) recomendou aprovar a fusão entre as duas companhias anunciada em abril. A aprovação foi sem restrições.

Nos termos da lei aplicável, a decisão de aprovação pela autarquia será definitiva no prazo de 15 dias corridos, contados a partir da publicação do despacho da Superintendência no Diário Oficial da União (DOU). “Tendo em vista que demais condições suspensivas estão sendo concluídas, as administrações das companhias estimam que a transação seja efetivada em janeiro de 2023”, destacaram ambas em comunicado.

Até a data da consumação da operação, as companhias não sofrerão qualquer alteração na condução de seus negócios e permanecerão operando de forma independente, informaram.

“Em nossa opinião, a aprovação da combinação de negócios pelo CADE sem restrições é positiva tendo em vista (i) a redução das incertezas quanto à eventual necessidade de venda de ativos pelas duas empresas; e (ii) alívio do mercado em relação ao tempo e condições de fechamento da transação, que vemos como um gatilho positivo para BRML3 daqui para frente”, apontou em relatório a equipe de análise da XP Investimentos.

Os analistas reiteraram a sua visão construtiva para o negócio, dadas as potenciais sinergias (principalmente com relação às despesas gerais e administrativas).

Em relatório anterior sobre o tema, a XP destacou que a combinação entre ALSO e BRML deve gerar uma empresa com expressivo valor de mercado. Além disso, as vendas dos lojistas atingiriam R$ 31,9 bilhões em 2021, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) atingiria R$ 1,3 bilhão em 2021 e a Área Bruta Locável (ABL) atingiria 2,4 milhões de m² levando em conta os números do ano passado, o que deve ser um importante gatilho para a liquidez das ações e para o poder de barganha com os lojistas.

Para o Bradesco BBI, a aprovação da fusão é uma notícia positiva e quase certamente deve ser um gatilho para ambas as ações das companhias que irão se unir no começo do ano que vem.

Os analistas do banco também destacam a projeção a maior liquidez das ações da NewCo e potencial inclusão em índices assim que a fusão for concluída, que deve impulsionar fluxos para o papel. Além disso, esperam por detalhes adicionais sobre as prováveis ​​sinergias e um estreitamento do valuation em relação aos pares, à medida que a integração avança e a liquidez das ações aumenta.

Além disso, apontam que os ativos BRML3 estão sendo negociadas com um desconto de 1,5% frente a relação de troca aprovada, enquanto veem as novas ações ALSO3 sendo negociadas a um múltiplo de 8,3 vezes o FFO (fluxo de caixa proveniente das operações) esperado para 2023, excluindo custos de transação, um desconto de 27% para os ativos da Multiplan (MULT3) e um desconto de 22% para Iguatemi (IGTI11), o que veem como atrativo.

O Itaú BBA também acredita que a aprovação pelo Cade permitirá que as empresas concentrem suas esforços na integração entre elas, reiterando a nova companhia como a sua primeira escolha no segmento de shoppings, com base também no grande desconto dos ativos frente os seus pares e na expectativa de melhora de liquidez para os ativos. A projeção é de que a companhia resultante da fusão terá um volume médio diário de negociação (ADTV, na sigla em inglês) de R$ 130 milhões, cerca de 30% acima da ação mais líquida atualmente.

Para o JPMorgan, apesar de estar de acordo com as expectativas, a aprovação pelo Cade remove um potencial overhang (risco de excesso de ações no mercado, gerando pressão sobre os preços) para ambas as ações. Os analistas do banco avaliam que a rápida aprovação é provavelmente uma consequência da Aliansce Sonae ter feito desinvestimentos relevantes nos últimos meses (em julho e em setembro deste ano).

O JP ainda aponta que a melhor forma de ganhar com a notícia, no curto prazo, é se posicionar nos ativos BRML3, que negocia a um desconto implícito de 1,3% em relação ao valor da fusão.

Os analistas da casa ainda apontam os próximos passos, destacando que o foco agora se volta para o nível de sinergias e a rapidez com que as empresas poderiam começar a integrar suas operações.

“Para nós, excluindo os pontos de interrogação sobre o nível de sinergias, o negócio é positivo para os acionistas da ALSO3 e da BRML3. A fusão ajudará ambas as empresas a atrair investidores, criando uma empresa que deve se beneficiar de: i) melhores práticas compartilhadas; ii) otimização do mix de locatários; iii) maior monetização de oportunidades multicanais e iv) melhor gestão de custos condominiais dada a escala mais alta”, finalizam.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.