De vento em pluma – Conquistas e desafios para o algodão brasileiro

*Roberta PaffaroA guerra comercial entre Estados Unidos e China afetou definitivamente o comércio mundial. Na ano passado, o Brasil exportou o volume recorde de 84 milhões de toneladas de soja, grande parte para o país asiático. E de maior exportador, este ano vamos também ser o maior produtor do mundo do grão, devido a quebra […]

Equipe InfoMoney

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A guerra comercial entre Estados Unidos e China afetou definitivamente o comércio mundial. Na ano passado, o Brasil exportou o volume recorde de 84 milhões de toneladas de soja, grande parte para o país asiático. E de maior exportador, este ano vamos também ser o maior produtor do mundo do grão, devido a quebra de safra americana por problemas climáticos.  De acordo com o USDA, serão 123 milhões de toneladas, 5,1% superior a safra de 2018/2019.

Por outro lado, nosso país não está limitado a soja. Temos um diversidade de culturas que nos fazem ser o centro das atenções em discussões políticas, de meio ambiente e de oferta e demanda de alimentos. E não é pra menos. Somos o maior exportador mundial de café, açucar, cana de açucar, soja e laranja. Maiores produtores de café e feijão. 

O algodão

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O Brasil é o quarto maior produtor de algodão do mundo e, na safra 2018/19 será, pela primeira vez, o segundo maior exportador. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a colheita será de 2,8 milhões de toneladas, 31% acima da temporada anterior. Os estados do Mato Grosso e Bahia são os maiores produtores do país.

Há uma semana, estive num ciclo de palestras com a Aprosoja e AgResource em 4 cidades do Mato Grosso para reforçar a necessidade da gestão financeira dos produtores rurais. Falamos sobre as diversas maneiras de fazer o gerenciamento de risco de preço e a comercialização para garantir a rentabilidade.

Na estrada, entre uma cidade e outra, fiquei encantada com os vastos campos que pareciam nuvens no solo. O algodão está em plena fase de colheita no estado matogrossense. Segundo dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA) a área plantada total plantada foi  de 1,07 milhão de hectares, que representa um aumento de  35% em comparação a safra anterior. E a produção também bate recorde: a do algodão em caroço passa a ser de 4,54 milhões de toneladas, já a da pluma foi mantida em 1,85 milhão de toneladas.

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Os grandes rolos comprensados que ficam a beira de estrada do estado matogrossense tem um destino bastante diversificado. De acordo com o IMEA, China, Indonésia, Vietnã e Malásia são os principais compradores. Até julho, já foram comercializados quase 385 mil toneladas de algodão em pluma.

Na Bahia, na semana anterior, uma comitiva de 30 integrantes da China, Bangladesh, Vietnã, Turquia Paquistão, Índia e Coréia do Sul acompanharam os processos de produção do algodão nas lavouras, beneficiamento e classificação da fibra comercializada para o mercado internacional. Segundo a Abapa ( Associação dos produtores de algodão da Bahia), o algodão brasileiro tem menos impurezas que o americano e ações como esta são fundamentais para incrementar a exportação para estes países. Atualmente, cerca de 40% do algodão baiano são vendidos  para os países asiáticos, já 60% destinados à indústria têxtil brasileira.

Apesar do cenário de um mercado  promissor o algodão brasileiro, o último relatório do USDA  de oferta e demanda mundial trouxe algumas revisões. A produção reduziu 0,15% em relação ao relatório anterior, estimado em 27,35 milhões de toneladas. A demanda também recuou cerca de 0,96% comparada à de julho.

O motivo do menor consumo?

De novo ela. A guerra comercial entra China e Estados Unidos e também, o recuo da demanda chinesa por produtos agropecuários por conta da gripe suína. 

Além disso, com os estoques finais mais uma vez aumentando, os preços do algodão na bolsa de NY têm se mantido pressionados.

Em Mato Grosso, as incertezas no mercado externo deixam os produtores apreensivos quanto ao cultivo da safra 19/20. No ano passado, a demanda em alta e preços favoráveis foram convertidos em investimento e mais lavouras de algodão.  Analisando este cenário, os cotonicultores apontam que a comercialização está atrasada em relação à safra anterior e o mercado se encontra pouco atrativo, por conta da queda da semana chinesa.  

Teremos a mesma produção em 2020? Os estoques ainda vão aumentar e impactar nos preços?

Entre 27 e 29 de agosto, o 12 Congresso Brasileiro do Algodão ocorre em Goiânia, Goiás, reúne especialistas que devem abordar os desafios de logística, produtividade e demanda do produto. E logo mais, em setembro, um novo relatório do USDA pode influenciar o mercado em que direção seguir.

Enquanto isso, a nossa produção vai de vento em pluma.  Se há 20 anos, o Brasil exportava algodão, agora somos o segundo maior exportador do produto. Décadas de crescimento do nosso agronegócio.