Guerra Comercial e o Agrícolas – Parte I

Há 17 meses atrás uma guerra comercial envolvendo duas grandes potenciais mundiais começou. De um lado, Estados Unidos anunciando taxação de importação de alumínio e aço de origem chinesa e de outro China retaliando com taxações em produtos norte-americanos.Embora de forma resumida, foi assim que a guerra começou. Bolsas mundo afora registraram pregões nervosos e […]

Equipe InfoMoney

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Há 17 meses atrás uma guerra comercial envolvendo duas grandes potenciais mundiais começou. De um lado, Estados Unidos anunciando taxação de importação de alumínio e aço de origem chinesa e de outro China retaliando com taxações em produtos norte-americanos.

Embora de forma resumida, foi assim que a guerra começou. Bolsas mundo afora registraram pregões nervosos e voláteis. Fundos estoparam posições, buscando diversificar carteiras, fugindo de “riscos”.

Mas isso não é novidade pra você leitor Infomoney.  Desdobramentos, consequências da guerra se multiplicam diariamente pela mídia e chovem matérias que discorrem sobre queda das transações comercial mundial, desaceleração da atividade econômica na China, PIB trimestral chinês em declínio, aquecimento da economia americana, aumento número de empregos e sequencial de queda nos juros dos Estados Unidos, prejuízos em balanço de empresas de ambos os países. – Esses são só alguns exemplos.

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Enfim, podemos dizer que o mundo respira e vivencia um respingo da Guerra Comercial, mas talvez como estava tão focado nos reflexos da Guerra nas bolsas internacionais, o leitor possa ter deixado de processar o grande reflexo dessa Guerra ao Brasil e em especial a um dos setores de maior peso para a nossa economia: o Agronegócio.

Simultaneamente aos trades voláteis registrados na bolsa, o Agro foi impactado imediatamente desde o início da guerra.  Costumeiramente em uma disputa comercial como a que vivenciamos, muitos países perdem no curto, médio e longo prazos, dependendo de sua dependência comercial com os países envolvidos, mas o Brasil, com certa dose de sorte, preparo e   capacitação, soube aproveitar de forma positiva aquele momento.

Naquele março de 2018, período em que tudo começou, os campos brasileiros registravam o auge dos trabalhos de colheita da Soja e o ritmo de vendas físicas não só estava lento, como abaixo da performance média. Os produtores represavam na origem vendas e com uma comercialização mais lenta que a média, o estoque disponível de soja era grande.

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E já desde o início da grande briga, China, tradicional parceira comercial dos Estados Unidos para produtos agrícolas, direcionou sua demanda para nós, Brasil.

Lá naquele momento a Argentina, terceiro maior produtor de soja mundial não oferecia qualquer concorrência pois sofria com o impacto de uma safra de grãos reduzida por adversidades climáticas. Como parte de um quebra cabeça de peças perfeitas e coloridas, o Brasil foi beneficiado e passou a surfar uma onda longa e prazerosa.

Instantaneamente os indicativos de prêmio para a soja praticados nos portos brasileiros dispararam expondo a oportunidade ímpar que o agro brasileiro se deparava. E mesmo assim a performance do brasileiro só melhorava à medida que os fundos de investimentos foram lentos em vender soja em bolsa de Chicago.

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Como aditivo nessa equação, o Brasil viveu momentos de desvalorização cambial, fruto de temas políticos o que conferiu ainda mais competitividade ao setor produtivo brasileiro.

Resultado? Com tantos diferenciais e competitividade, o Brasil abocanhou a fatia retaliada pelos chineses e as negociações bombaram e com a logística rodoviária e portuária o país bateu recorde histórico de embarques e se consolidou como o maior exportador mundial do grão em 2018.

Segundo dados da Secex, Secretaria de Comercio Exterior, o Brasil exportou aproximadamente 84 milhões de toneladas de grão. Desse volume 68 milhões foram direcionados aos portos chineses. Como efeito dessa guerra o Brasil vendeu em soja US$ 7 bi a mais para China.

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Aqui não restam dúvidas que a guerra impactou positivamente o Brasil. Mas além da soja, nosso importante cartão de visitas, outros produtos brasileiros ampliaram participação junto à China.

Percentualmente os embarques de tabaco em 2018 aumentaram 521%, milho 376,3%, lagosta 327%, miúdos de aves 421%. E quando o assunto é carne bovina, a performance também foi positiva. O segmento teve desempenho superior de US$ 557 milhões frente ao registrado em 2017.  Só a JBS conquistou 24% de todo o mercado chinês.

Ainda segundo dados da Secex, em valores exportados, o milho deu um salto de receita em 2018. Passou de meros US$ 2,7 milhões em 2017 para 11,9 mi em 2018. A receita da carne suína contabilizou US$ 202 milhões, enquanto algodão e têxteis de algodão saltaram de US$ 135,2 mi para 524,72 mi em 2018.

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A matéria continua e em nossa próxima publicação vamos destacar os seus reflexos dessa guerra ao agro no primeiro semestre de 2019.

Um abraço, Andrea Cordeiro

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