Liberar capital estrangeiro em florestas plantadas pode atrair mais de US$19 bi, prevê Ibá

A Ibá tem 15 multinacionais entre suas associadas, entre elas Klabin, Fibria e Eldorado Brasil

Reuters

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SÃO PAULO – O setor de papel e celulose tem entre suas prioridades junto ao governo do presidente interino Michel Temer pedido para que seja liberado o investimento estrangeiro em florestas plantadas no país, o que poderia desbloquear mais de 19 bilhões de dólares em negócios no setor que ficaram travados nos últimos cinco anos.

De acordo com a presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Elizabeth de Carvalhaes, empresas de fora do Brasil que poderiam ampliar sua capacidade produtiva no país não o têm feito devido à limitação sobre as terras.

“Na minha última revisita ao setor, já temos mais de 19 bilhões de dólares represados”, afirmou Elizabeth à Reuters.

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A Ibá tem 15 multinacionais entre suas associadas.

Há cinco anos, um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) restringiu o uso de recursos externos para compra de terras agrícolas no Brasil, tanto por estrangeiros quanto por empresas nacionais controladas por capital internacional, o que vem travando os investimentos.

Segundo Elizabeth, o investimento potencial poderia ser liberado com a revisão desse parecer e a recuperação da economia.

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“Esse setor (de papel e celulose) como um todo tem lançado uma fábrica nova a cada dois anos… Se aqui tem quinze multinacionais, por que elas estão deixando o mercado para os outros (nacionais)?”, indagou Elizabeth, citando grupos com atuação no Brasil como International Paper e investidores como os Timber Investment Management Organizations e a gestora de ativos Brookfield, que tem 290 mil hectares em florestas sob gestão no Brasil.

Neste ano, a produtora brasileira de papéis Klabin iniciou as operações de nova fábrica de celulose no Paraná, enquanto Fibria e Eldorado Brasil, também de capital nacional, anunciaram investimentos para ampliar fábricas em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, com inauguração prevista para 2017 e 2018, respectivamente.

Os três projetos, somados, adicionarão ao mercado capacidade de produção acima de 5 milhões de toneladas anuais de celulose.

Elizabeth citou o capital japonês como exemplo de possível investimento no Brasil que estaria travado pela restrição a investimento estrangeiro. “Os japoneses estão sentados esperando liberar para ampliar a capacidade (de produção de celulose), mas não podem se não podem ter matéria-prima”, afirmou ela, referindo-se à Celulose Nipo-Brasileira (Cenibra).

A Cenibra tem fábrica em Minas Gerais com capacidade para 1,2 milhão de toneladas de celulose por ano, estável desde 2008.

A presidente da Ibá comentou ainda que o setor de papel e celulose está consciente de sua cota de sacrifício em meio à crise econômica. Por isso, não insistirá com o governo por benefícios tributários como a desoneração sobre a folha de pagamento, mas disse que é necessário resolver a questão da política de terras e da segurança jurídica, o que envolve também a questão de demarcações.

“Queremos mais clareza na segurança jurídica, que os contratos brasileiros sejam cumpridos. Queremos sentar com o governo e definitivamente rever e liberar investimento de capital misto no Brasil”, afirmou.

Comércio externo

Outro foco da Ibá está nos acordos de comércio internacional.

Para o segmento de papel, que tem 61 por cento das exportações direcionadas para a América Latina, Elizabeth acredita ser importante firmar novos acordos.

“O Brasil tem o Mercosul, mas são relações que nunca chegaram em um ponto mínimo de estabilidade… Você pode eventualmente ter exportação barrada por questões econômicas do parceiro”, afirmou, citando que o acordo com a Argentina muitas vezes não é respeitado.

Os últimos dados divulgados pelo Ibá, que mostram avanço de 17,8 por cento nas exportações de papel em março contra um ano antes, refletem um movimento pontual de emergência por conta da situação ruim do mercado doméstico, onde as vendas retraíram 3,9 por cento naquele mês, segundo Elizabeth. No caso dos painéis de madeira, houve alta de 42 por cento das exportações, com queda de 16,7 por cento nas vendas domésticas.

“Estamos falando de acordos internacionais de médio prazo que movem o comércio. Toda a indústria que exportou mais não é uma exportação tradicional, sob acordos econômicos”.

Elizabeth disse ver com bons olhos declarações recentes do ministro das Relações Exteriores, José Serra, segundo as quais dará novo viés ao ministério. Serra disse que tentará levar adiante acordos comerciais bilaterais e que pretende ver corrigidos problemas no Mercosul que atrapalham o avanço de seus membros.

“É o ônus hoje, vender menos papel porque o papel tem imposto de importação pela falta de um acordo entre parceiros comerciais”, disse a presidente da Ibá.