Agricultores da França fazem mobilizações contra acordo comercial UE-Mercosul

Protestos são liderados por sindicatos que se opõem a importações isentas de tributos de carne, aves e açúcar, que, segundo eles, criam concorrência desleal.

Estadão Conteúdo

Pessoas seguram um cartaz com a frase ‘Manu (referindo-se ao presidente francês Emmanuel Macron), pare com o Mercosul, isso te deixa surdo’ enquanto agricultores franceses bloqueiam uma estrada com tratores Paris, França, 17 de novembro de 2024. REUTERS/Stephanie Lecocq
Pessoas seguram um cartaz com a frase ‘Manu (referindo-se ao presidente francês Emmanuel Macron), pare com o Mercosul, isso te deixa surdo’ enquanto agricultores franceses bloqueiam uma estrada com tratores Paris, França, 17 de novembro de 2024. REUTERS/Stephanie Lecocq

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Os agricultores franceses organizaram mobilizações nesta segunda-feira, 18, contra o acordo comercial União Europeia-Mercosul. Apoiados pelo governo, os produtores argumentam que o acordo ameaça seus meios de subsistência ao permitir um aumento das importações agrícolas sul-americanas, que são produzidas sob padrões ambientais menos rigorosos.

Os protestos estavam previstos para ocorrer em todo o país, mas, até agora, os atos eram pequenos. Um grupo bloqueou uma rodovia a sudoeste de Paris na noite de domingo com tratores. Testemunhas em Vélizy-Villacoublay relataram que cerca de 20 tratores foram estacionados por agricultores com cartazes durante a noite em uma via adjacente à rodovia N118, em direção a Paris, mas deixaram o local no fim da manhã de segunda-feira.

A União Europeia e o Mercosul chegaram a um acordo inicial em 2019, mas as negociações enfrentaram obstáculos devido à oposição dos agricultores e de alguns governos europeus, como o da França.

“É inaceitável tal como está”, disse o ministro de Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barrot.

Entretanto, as mãos da França podem estar atadas. Há temores de que o acordo possa ser finalizado na cúpula do G20, que está sendo realizada no Rio de Janeiro nesta semana. Um acordo parcial poderia ser firmado, mesmo que isso contrarie os interesses da França, que não possui poder de veto.

Outras nações, como a Alemanha e a Espanha, gostariam de ver um acordo amplo com os sul-americanos. “Há uma certa mitologia em torno do Mercosul”, disse o ministro espanhol da Agricultura, Luis Planas Puchades, que argumenta que há mais em jogo do que apenas a agricultura.

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“A União Europeia está interessada, neste momento, em se fechar dentro de si mesma?”, questionou o ministro antes de uma reunião ministerial agrícola da UE na segunda-feira. “Ou está interessada, neste contexto geopolítico particular que vivemos, e especialmente após as eleições norte-americanas, em expandir a rede dos nossos acordos comerciais com terceiros países para manter também a nossa influência econômica e comercial? Acho que a resposta é muito clara.”

Os novos protestos na França são liderados por sindicatos que se opõem a importações isentas de tributos de carne bovina, aves e açúcar, que, segundo eles, criam uma concorrência desleal.

Os defensores do acordo argumentam que o pacto reforçaria significativamente os laços econômicos entre a Europa e a América do Sul, eliminando as tarifas sobre as exportações europeias, sobretudo de maquinaria, produtos químicos e automóveis, melhorando assim o acesso ao mercado e criando oportunidades lucrativas para as empresas europeias.

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A ministra da Agricultura francesa, Annie Genevard, opôs-se publicamente ao acordo comercial UE-Mercosul, citando riscos de desmatamento e preocupações de saúde associadas à carne tratada com hormônios. O presidente da França, Emmanuel Macron, também criticou o acordo, a menos que os produtores sul-americanos cumpram os padrões da UE.