Agenda quente a partir da próxima semana: veja os 7 fatores que sugerem alta tensão no dólar

Para o diretor de câmbio José Faria Junior, da Wagner Investimentos, o dólar pode romper os R$ 3,17 nos próximos dias e ir em busca dos R$ 3,23

Paula Barra

Publicidade

SÃO PAULO – O dólar pode ter fortes movimentos a partir da próxima semana e o motivo não será apenas a tensão interna, que teve sua faísca acessa ontem, com a quebra do sigilo da “delação do fim do mundo” e a divulgação da “Lista de Fachin”, com autorização para investigar 102 políticos com foro privilegiado. A piora dos metais, do dólar australiano (que tem uma correlação muito alta com o real) e uma agenda pesada no cenário externo sugerem que o dólar pode ultrapassar a banda de cima de sua “zona de repouso” dos últimos dias, entre R$ 3,12 e R$ 3,17, avalia José Faria Júnior, diretor de câmbio da Wagner Investimentos. 

Se a direção for essa, ele acredita que o dólar pode buscar os R$ 3,23 nos próximos dias, o que representaria uma alta de 2% frente ao patamar atual. Às 14h36 (horário de Brasília), o dólar futuro operava em alta de 0,49%, a R$ 3,166.

Para o aumento da tensão no mercado, Faria lista 7 fatores entre eventos políticos, econômicos e pontos técnicos. São eles: 1) clima político pesado, com a repercussão da “Lista de Fachin”; 2) início da discussão da reforma da Previdência na Comissão Especial da Câmara; 3) protestos da esquerda; 4) agenda carregada nos Estados Unidos; 5) eleição na França; e mais dois fatores técnicos: 6) uma possível reversão da moeda australiana, em meio à queda do minério de ferro; 7) um enfraquecimento do S&P 500, que ainda segue acima do gatilho de reversão, que é 2.340 pontos. 

Continua depois da publicidade

Segundo ele, a agenda interna vai ficar quente a partir da próxima semana, com possível protesto da CUT e discussão do relatório da Comissão da Previdência, ambos previstos para o dia 18, e como “cereja do bolo”, protestos da esquerda na virada do mês, marcados para o dia 28, e depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Curitiba.

“Quanto mais fortes os protestos, pior para as reformas. Por mais ‘queimados’ que estejam o PT e Lula, eles têm chance importante na próxima eleição e a base da população não é a favor da reforma da Previdência”, comentou.

Por conta de todas essas questões, ele acredita que o dólar pode ter movimentos mais fortes nos próximos dias. 

Tópicos relacionados