Ações da Marfrig (MRFG3) estão entre maiores quedas da bolsa, mesmo após balanço forte; cia vê demanda firme

Analistas apontam para uma possível deterioração anual nas margens nos EUA por conta de possível menor disponibilidade de gado em 2022

André Cabette Fábio

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As ações da Marfrig (MRFG3) operam entre as maiores quedas da bolsa desde o início dos negócios neste quarta-feira (4), recuando 6,71%, por volta das 12h10, cotadas a R$ 16,95, mesmo após a divulgação dos resultados, que foram considerados positivos pelos analistas.

Desde o início do ano, as ações do frigorífico registram desvalorização de 19,75%.

A Marfrig registrou lucro líquido de R$ 108,8 milhões no primeiro trimestre deste ano, queda de 61%, mas como consequência da marcação a mercado das ações adquiridas da BRF e por maiores compensações e provisões para impostos.

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Por outro lado, o lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da Marfrig foi de R$ 2,749 bilhões, cifra 60,9% maior em comparação com o 1T21, com uma margem ajustada de 12,3%, 239 pbs maior do que a margem do 1T21.

Análise dos resultados

Segundo a XP, a Marfrig reportou resultados fortes, em linha com as suas estimativas. O time de análise da XP escreveu que a Marfrig apresentou mais um trimestre forte, marcando recorde de 1º Trimestre na unidade da América do Norte, enquanto mostrou uma forte recuperação na América do Sul.

Assim, a XP destacou que continua otimista com a capacidade da empresa de navegar em águas tão turbulentas, reiterando recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 34,80.

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Enquanto isso, o Itaú BBA pontuou que as operações da América do Norte continuam apresentando margens sólidas e às da América do Sul surpreenderam positivamente.

O Ebitda de R$ 2,7 bilhões no 1T22, superou as estimativas do BBA e o consenso em 6%. Já a queima de caixa foi menor que o esperado.

A alavancagem em dólares permaneceu estável apesar da distribuição de dividendos e do follow-on da BRF. Dessa forma, BBA mantém avaliação outperform e preço-alvo de R$ 26.

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Por fim, o Bradesco BBI também destacou que o Ebitda superou expectativas, ficando 6% acima do previsto pelo mercado. As receitas também vieram mais fortes do que o esperado, ainda que as margens das operações da americana US Beef – principal driver dos resultados – tenha vindo em linha com as expectativas.

Já a distribuição de dividendos de R$ 0,58 por ação deve ser neutro para o comportamento do papel, acrescentou o BBI. Apesar do resultado melhor que o esperado, o BBI mantém recomendação neutra para MRFG3 e preço alvo de R$ 22.

A casa se mantém cautelosa sobre uma deterioração anual nas margens de US Beef, com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos prevendo uma menor disponibilidade de gado em 2022, o que deve elevar os custos.

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Marfrig vê demanda firme

Em teleconferência de apresentação de resultados, Miguel Gularte, CEO da Marfrig, afirmou que o mercado doméstico está estável, com uma oferta de gado maior.

Neste mercado, o investimento da empresa é em venda de carne com marcas, que dobraram. Outro enfoque vem sendo em food services. Além disso, após a pandemia, há hoje maior força no delivery destes serviços no Brasil. Entre as exportações, 70% vão à China.

A diretoria da Marfrig afirmou que a expectativa é que a demanda internacional continue elevada, com o dólar em um patamar “interessante”, acima de R$ 5. Em 2022, a diretoria diz ver uma relação de equilíbrio entre demanda e oferta, com aumento da ocupação da capacidade instalada, algo que deve perdurar.

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América do Norte

Segundo o CEO da operação da América do Norte da Marfrig, Tim Klein, houve certa desaceleração do abate por conta de meses mais frios do que o normal no início do ano na região. Mas afirmou que a demanda está forte, e que espera uma temporada normal de consumo de carne.

Apesar disso, Klein afirmou que no primeiro trimestre de 2022 houve aumento de 9,5% do abate de fêmeas, por conta da base de comparação mais fraca em 2021, quando houve seca e menos vendas para a China.

Agora, diz que espera uma oferta mais abundante e constante em 2022, por conta das condições dos mercados doméstico e internacional. Entre 2015 e 2019 houve média de abate de matrizes de entre 39% e 41%, algo que vem se mantendo.

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Valor agregado

Questionado na teleconferência sobre planos para alocação de capital, o CFO da Marfrig (MRFG3), Tang David, afirmou que a empresa pretende investir em produtos com valor agregado e distribuir dividendos dentro do patamar de 25% previsto em lei. Por enquanto não há planos de recompra de ações.

O executivo afirmou que entre os fatores que explicam a melhora do capital de giro estão o aumento das vendas na China e as vendas para o setor de food service.

Ainda sobre a China, Miguel Gularte, CFO e diretor de relações com investidores da Marfrig, afirmou que o lockdown atual na China não vem afetando o consumo no país.

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André Cabette Fábio

Jornalista colaborador do InfoMoney