Ibovespa Futuro cai com correção e de olho no exterior; aprovação da reforma em 2º turno no radar

Mercado não sustenta alta mesmo com notícias positivas no front político; a desvalorização do yuan ainda preocupa investidores

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre em queda nesta quarta-feira (7) com correção após a forte alta da véspera de olho no exterior. Vale destacar que, na madrugada desta quarta, a reforma da Previdência foi aprovada em segundo turno na Câmara dos Deputados por 370 votos a 124. Devem ser votados hoje os oito destaques supressivos encaminhados pela oposição. Passada essa etapa, o texto será enviado ao Senado. 

No exterior, as futuros dos índices dos Estados Unidos operam perto da estabilidade passado o susto do início da semana com a desvalorização do câmbio chinês. Ontem, o governo norte-americano sinalizou a intenção de continuar negociando um acordo para encerrar a guerra comercial com a maior economia da Ásia. 

Às 9h10 (horário de Brasília) o contrato futuro do Ibovespa para agosto caía 0,4% a 101.940 pontos. Já o dólar futuro com vencimento em setembro sobe 0,1% a R$ 3,972. 

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 caía cinco pontos-base a 5,47% e o DI para janeiro de 2023 registrava perdas de dois pontos-base a 6,39%.

Voltando ao noticiário político nacional, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse acreditar que os destaques da Previdência apresentados serão rejeitados pelo Plenário. Ele estimou que a votação se inicie por volta de 11 horas e prossiga até as 22 horas desta quarta. A sessão terá início às 9 horas.

No exterior, o Banco Popular da China (PBOC) estabeleceu a referência oficial do ponto médio do yuan em 6,9996 por dólar, o que foi ligeiramente mais fraco do que as expectativas do mercado, segundo a CNBC. O banco central da China permite que a taxa de câmbio aumente ou caia 2% desse número.

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Noticiário Corporativo

O Estadão traz informação de que as negociações entre o fundo de private equity Advent e o Casino para a compra das operações do Grupo Pão de Açúcar no Brasil esbarraram na complexa estrutura acionária do dono do GPA. Segundo a publicação, o fundo teria oferecido um prêmio de 20% em relação ao preço atual do GPA na bolsa. O sistema de participação cruzada vem sendo revisado pelo Casino. Endividado, o grupo francês entrou com pedido de proteção na Justiça.

A Atvos, companhia do Grupo Odebrecht, pediu à Justiça corte de 46% de sua dívida bruta com fornecedores. Os débitos totais somam R$ 15 bilhões, mas R$ 3,9 bilhões são devidos a empresas do próprio grupo, diz o Valor Econômico. No plano de recuperação apresentado, a empresa propôs redução da dívida com terceiros de R$ 10,5 bilhões para R$ 5,7 bilhões.

Na safra de resultados, destaque para a BB Seguridade, que reportou um lucro líquido ajustado de R$ 1,087 bilhão no segundo trimestre deste ano, uma alta de 18,4% ante o mesmo período do ano passado. No semestre, o lucro alcançou R$ 2,092 bilhões, crescimento de 15,1% e o maior resultado recorrente semestral da história da Companhia.

Também saíram os balanços de Guararapes, com lucro em IFRS 16 de R$ 54,9 milhões (-38,4%); RD – Raia Drogasil – lucro em IFRS 16 de R$ 140,745 milhões (+13%); Iguatemi com lucro de R$ 60,1 milhões (-0,8%); e Arezzo com lucro líquido pro-forma de R$ 42,4 milhões (+27,9%).

A elétrica Cesp reportou prejuízo líquido de R$ 4 milhões, revertendo lucro de R$ 340,9 milhões de um ano antes. A Engie Brasil reportou lucro de R$ 385,4 milhões (-34,6%).

O Banco Pan reportou um lucro líquido de R$ 117,7 milhões no segundo trimestre, uma alta 179% na comparação anual e de 22% sobre o primeiro trimestre. Segundo a empresa, este foi o melhor lucro operacional já registrado pelo Banco.

A Valid reportou lucro de R$ 6,3 milhões, em IFRS 16, queda de 53,3%. Já a Terra Santa Agro reportou prejuízo de R$ 3,4 milhões, revertendo lucro de R$ 15,1 milhões.

Previdência

O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, comemorou o resultado da votação do texto-base da reforma da Previdência na Câmara e previu que a tramitação da proposta deve ser concluída até o fim do mês que vem. “Projetamos a votação em dois turnos no plenário do Senado entre 20 e 30 de setembro”, afirmou.

A reforma da Previdência, na forma do substitutivo do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), aprovada em segundo turno, aumenta o tempo para se aposentar, limita o benefício à média de todos os salários, eleva as alíquotas de contribuição para quem ganha acima do teto do INSS e estabelece regras de transição para os atuais assalariados.

A versão aprovada pelos deputados garante, pelos cálculos do governo, um impacto fiscal de R$ 933,5 bilhões em dez anos com mudanças no atual sistema previdenciário e alterações de alíquota da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) para bancos. O montante é R$ 303,5 bilhões menor do que o texto original.

Em relação aos destaques, Maia mencionou especificamente o que retira da proposta trecho, já aprovado em primeiro turno, que determina que o beneficiário receba, no caso da morte de seu parceiro ou parceira, 60% do benefício do titular, mais 10% por dependente.

De acordo com deputados da oposição, a medida permite o pagamento de benefícios inferior a um salário mínimo. Para evitar a retirada do trecho da reforma, o secretário especial da Previdência, Rogério Marinho, assinou portaria que deixa claro que nenhum pensionista terá renda inferior ao salário mínimo.

“No ponto mais polêmico, o secretário Rogério Marinho já construiu maioria ao assinar a portaria que garante que nenhum brasileiro vai receber menos de um salário mínimo”, disse Maia.

Maia disse ainda ter fechado um acordo para a votação da chamada PEC paralela, que tratará da inclusão de Estados e municípios nas novas regras previdenciárias. Os entes federativos foram retirados da proposta original feita pelo governo. O texto deverá ser formalizado pelos senadores e depois encaminhado à Câmara.

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.