Ações de Ambev e Itaú sobem mais de 4.500% desde o início do Plano Real

A valorização é real, ou seja, já descontada a inflação. O Ibovespa, porém, rendeu menos que o CDI

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – Nesta segunda-feira (1), comemora-se o aniversário de 25 anos do Plano Real, que estabilizou a moeda e a economia brasileira após mais de uma década de hiperinflação. Desde então, o Brasil teve cinco presidentes e muitas oportunidades de investimento. 

Um estudo da empresa de informações financeiras Economatica elencou os ativos mais rentáveis do período. O setor financeiro foi o de melhor desempenho entre as ações, com destaque para o Itaú (ITUB4).

Desde julho de 1994, os papéis preferenciais do maior banco privado do país tiveram uma valorização real de 5.534,5%, ou seja, já descontada a inflação medida pelo IPCA no período. Em segundo lugar, aparecem os papéis da empresa de bebidas Ambev (ABEV3), com alta de 4.934,6%. 

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As ações PN da holding Itaúsa (ITSA4) tiveram alta de 4.138,8% e os papéis ordinários do Itaú subiram 3.629,6%. O quinto lugar pertence à siderúrgica Ferbasa (FESA4), com ganhos de 3.586,8%. 

O levantamento considera ações com volume financeiro médio diário ajustado pela inflação acima de R$ 1 milhão desde o fechamento de 30 de junho 1994 até o fechamento de 28 de junho de 2019. Outro filtro foi que a presença nos pregões no período tinha de ser acima de 80%. Veja o ranking completo abaixo:

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Fonte: Economatica

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No top 20, cinco dos papéis mais valorizados são os de bancos e três de siderurgia. 

Segundo Gabriel Fonseca, analista da XP Investimentos, pode-se observar que ações tradicionais como Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3) tiveram desempenho inferior ao dos bancos, mas isso tem a ver com particularidades dos setores. “Commodities são produtos mais cíclicos”, explica.

Já o analista André Martins, também da XP, avalia que uma parte do resultado reflete a consolidação do setor financeiro na década de 1990, com muitas fusões e aquisições. “Os cinco grandes bancos que existem hoje já foram mais de uma dezena”, conta. 

As décadas do CDI

O Ibovespa teve alta de 358,2% nesses 25 anos, sendo superado por todas as ações do top 20 individualmente. 

Mais decepcionante para quem apostou na valorização do mercado brasileiro como um todo é que, como mostra o gráfico abaixo, o Ibovespa perdeu para o CDI no acumulado desses 25 anos. O CDI avançou 809,9%, a caderneta de poupança subiu 118,2% e o dólar caiu 37% nos 25 anos posteriores ao Plano Real.  

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Fonte: Economatica

Para André Martins, a tabela e o gráfico estão relacionados, na medida em que o Brasil passou por fortes crises entre 1994 e 2019, com choques inflacionários que tiveram que ser controlados por juros altos, o que favoreceu a renda fixa e também os bancos. 

“Em um cenário de juros mais elevados, as instituições financeiras ganham não só por causa do spread [diferença entre o que banco cobra de juros em empréstimos e o que paga para se financiar] como também por causa das receitas financeiras que obtém aplicando seus ativos”, conclui. 

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.