Ibovespa sobe 15% em semestre marcado por recorde histórico, avanço da reforma e tragédia

Saldo da Bolsa nos primeiros seis meses do governo Bolsonaro foi positivo, mas preocupações com a reforma da Previdência persistem

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O semestre de fortes emoções para o Ibovespa acabou com um desfecho feliz para os investidores. O índice fechou os primeiros seis meses do ano com uma alta de 14,9%, contra 20,8% no semestre passado, levando a Bolsa a terminar acima dos 100 mil pontos. 

Ao mesmo tempo, o dólar teve um movimento bem menos expressivo. Em relação ao real, a moeda norte-americana desvalorizou 0,87%. 

Os primeiros seis meses de 2019 foram marcados positivamente pelo avanço da reforma da Previdência, que foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) e chegou à Comissão Especial da Câmara dos Deputados.

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Apesar dos atrasos no cronograma, o mercado ainda está otimista e grande parte dos players esperam que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 006 seja votada na Câmara antes do recesso parlamentar. 

A maior alta da Bolsa no ano, de 3,5%,  foi registrada logo no primeiro pregão de 2019, após a posse do presidente Jair Bolsonaro. Naquele dia 2 de janeiro, uma quarta-feira, os investidores se animaram com a notícia de que o PSL de Bolsonaro apoiaria a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara. 

Mal sabiam eles que a relação do Planalto com Maia seria tão atribulada passado este primeiro sinal de “namoro” como gosta de comparar o presidente da República. 

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Por outro lado, o período também foi manchado pela tragédia do desmoronamento da barragem de Brumadinho (MG), que causou mais de 240 mortes. A maior baixa do Ibovespa em 2019 foi no dia 6 de fevereiro, quando o índice desabou 3,74% diante da informação de que a Vale (VALE3) perdera a sua autorização para operar a Barragem Laranjeiras, crucial para a produção da mina de Brucutu.

Um mês depois, no dia 15 de março, a Bolsa atingiu o patamar de 100 mil pontos pela primeira vez em sua história, mas fechou abaixo dele, terminando o pregão com o Ibovespa cotado em 99.993 pontos. 

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A honra do primeiro pregão encerrado acima dos 100 mil pontos ficaria para o dia 19 de junho, quando o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, indicou que o banco central dos Estados Unidos poderia reduzir juros, o que animou muito os mercados emergentes. Naquela quarta-feira, a Bolsa terminou em 100.303 pontos.

Esta sexta

Nesta sexta-feira (28), fechamento da semana, do mês e do semestre, a Bolsa subiu módicos 0,24% a 100.967 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 14,930 bilhões. Na semana, a Bolsa caiu 1,02%, pesando muito a frustração de expectativas de que a Comissão Especial votasse a Previdência ainda esta semana; contudo, em junho, o índice subiu 4,06%. 

O pregão de hoje foi marcado historicamente pela conclusão das negociações por um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, após 20 anos de conversas. Segundo estimativas do Ministério da Economia, o acordo representará um incremento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de US$ 87,5 bilhões em 15 anos.

Ainda foi um dia de expectativas em torno do G-20 e da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que pode estender para o resto do ano o corte de 1,2 milhões de barris por dia combinado no semestre passado. 

O dólar comercial subiu 0,21% a R$ 3,839 na compra e a R$ 3,841 na venda. O dólar futuro para julho avança 0,33% a R$ 3,832. 

Ontem, sinalizações dadas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que a proposta pode ter sua tramitação concluída na casa legislativa antes do recesso parlamentar animaram o mercado e impulsionaram o índice.

O ministro Paulo Guedes (Economia) se reuniu com o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), em um gesto de reaproximação com os parlamentares após as críticas que fez ao relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). Ambos defenderam a inclusão de estados e municípios na reforma.

Soma-se a isso a informação do jornal O Globo de que o governo teria finalmente acelerado a liberação de verba de emendas parlamentares para aprovar a reforma. Nos últimos dias, esse foi o principal motivo apontado nos bastidores para o novo atraso no calendário de tramitação da Proposta de Emenda à Constituição.

Vale destacar, ainda, a quarta pesquisa realizada pela XP Investimentos com deputados que apontou que, após uma série de atritos ao longo dos primeiros seis meses de gestão, parlamentares observam uma melhora no relacionamento entre o governo do presidente.

Segundo o levantamento, feito entre os dias 18 e 26 de junho (ou seja, capturando parcialmente a nova rodada de desencontros que culminou no atraso do calendário da reforma da Previdência), subiu para 49% o percentual de congressistas que classificam como ótima ou boa sua relação individual com o Palácio do Planalto. Já os que avaliam essa interlocução como ruim ou péssima somam 27%. Veja mais clicando aqui.

No noticiário internacional, os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, se reúnem neste sábado, durante a atual cúpula do G-20 no Japão, em meio ao impasse comercial entre as duas maiores economias globais. Os dois países têm mantido posições firmes em relação aos seus respectivos pleitos até a véspera do encontro.

Enquanto o Ministério do Comércio chinês pede que Washington cancele suas medidas de pressão e sanção contra a Huawei e outras empresas chinesas, os norte-americanos ameaçam impor tarifas a todas as importações dos chineses, caso as conversas deste final de semana falhem.

Ações em destaque

A Petrobras (PETR3; PETR4) informou o início da etapa de divulgação das oportunidades (teasers) referentes à venda de ativos em refino e logística associada no país. Os desinvestimentos representam, aproximadamente, 50% da capacidade de refino nacional, totalizando 1,1 milhão de barris por dia de petróleo processado. Ontem, o presidente da Petrobras afirmou ainda que a companhia poderá concluir a venda de ao menos uma refinaria este ano, de um total de oito colocadas à venda.

O Conselho de Administração do Banco Bradesco (BBDC3; BBDC4) aprovou proposta para pagar juros sobre o capital próprio intermediários, relativos ao primeiro semestre de 2019, no valor total de R$ 1,455 bilhão, correspondentes a R$ 0,172536471 por ação ordinária e R$ 0,189790118 por ação preferencial.

A CSN (CSNA3) informou que precificou a reabertura (retap) da oferta de títulos representativos de dívida realizada no ano passado, denominados Notes, no mercado externo, emitidos por sua subsidiária, CSN Resources, no valor US$ 175 milhões, com vencimento em 2023 e juros de 7,625% ao ano.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CYRE3 CYRELA REALTON 20,80 +3,74 +34,45 93,31M
 ELET3 ELETROBRAS ON 35,25 +3,37 +45,48 110,54M
 GOLL4 GOL PN N2 32,60 +3,13 +29,88 78,55M
 USIM5 USIMINAS PNA 8,94 +3,11 -1,51 171,57M
 IGTA3 IGUATEMI ON 45,95 +2,68 +12,95 79,27M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB3 SUZANO S.A. ON 32,85 -2,75 -12,79 342,18M
 UGPA3 ULTRAPAR ON 20,10 -1,95 -23,43 146,09M
 CIEL3 CIELO ON EJ 6,72 -1,87 -21,20 94,72M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 16,35 -0,97 +4,29 51,14M
 MRFG3 MARFRIG ON 6,29 -0,94 +15,20 44,24M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 27,41 +0,66 1,09B 1,29B 34.890 
 BBAS3 BRASIL ON 53,94 +0,26 751,37M 545,14M 20.005 
 BBDC4 BRADESCO PN 37,74 -0,42 636,10M 581,80M 23.919 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 36,26 +0,03 633,47M 718,06M 32.557 
 VALE3 VALE ON 51,82 +0,23 563,76M 950,17M 21.574 
 PETR3 PETROBRAS ON N2 30,02 +0,43 454,73M 399,17M 20.906 
 SUZB3 SUZANO S.A. ON 32,85 -2,75 342,18M n/d 27.115 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 17,89 -0,89 303,81M 309,12M 28.148 
 B3SA3 B3 ON EJ 37,46 -0,35 300,81M 474,20M 25.415 
 RAIL3 RUMO S.A. ON 20,73 +1,62 237,64M 153,13M 21.799 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.