Ibovespa zera perdas e dólar cai após Maia falar em votação neste semestre

Investidores diminuem os temores, mas Bolsa ainda sofre para engrenar alta em meio a expectativas pela votação da reforma no Congresso

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O Ibovespa zera perdas nesta quinta-feira (27), após o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) garantir a investidores que a reforma será aprovada antes do recesso. Outra sinalização positiva para afastar as preocupações com atraso no cronograma da medida foi o encontro do ministro da Economia, Paulo Guedes, com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). 

Os investidores também aguardam os resultados do encontro entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, durante a cúpula do G-20. Lá fora, as bolsas sobem na expectativa por acordo para encerrar a guerra comercial. 

Às 15h49 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira tinha leve alta de 0,02%, a 100.703 pontos.

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Segundo Luiz Eduardo Portella, sócio da Novus Capital, juro, Bolsa e dólar estão respondendo às notícias sobre a Previdência. “Este encontro de Guedes com Alcolumbre para incluir governadores na reforma é positivo. Foi importante essa sinalização. O mercado ainda acredita na aprovação este semestre”, avalia.

No mesmo horário, os contratos futuros de dólar com vencimento em julho viravam para queda de 0,21%, indicando cotação de R$ 3,835. No mercado spot (à vista), a moeda americana cai 0,39%, negociada a R$ 3,8315 na venda.

Citando autoridades chinesas, o Wall Street Journal diz que o presidente chinês, Xi Jinping, deve apresentar ao presidente norte-americano, Donald Trump, os termos que espera que os EUA realizem antes de Pequim estar disposta a resolver a disputa comercial entre os dois países.

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Entre as condições estão a remoção das sanções à Huawei, o fim de todas as tarifas de importação e o abandono dos esforços para fazer com que a China compre mais exportações dos EUA.

No mercados de juros futuros, os DIs com vencimento em janeiro de 2021 operavam em baixa de seis pontos-base, a 5,92%, ao passo que os papéis com vencimento em janeiro de 2023 recuavam dois pontos-base, a 6,74%. 

Confira os destaques do pregão:

Noticiário corporativo

A rede varejista GPA (PCAR4) informou ontem à noite, por recomendação do seu controlador, o Grupo Casino, uma potencial transação de simplificação da estrutura societária da empresa francesa na América Latina.

Segundo fato relevante, será feita uma oferta pública pelo GPA para a compra da colombiana Éxito; a aquisição pelo Casino da totalidade das ações de controle de emissão do GPA atualmente detidas indiretamente pelo Éxito a preço justo; e a migração do GPA para o Novo Mercado, com a conversão da totalidade das ações preferenciais de emissão do GPA em ações ordinárias à razão de 1 para 1.

Já a Via Varejo (VVAR3), que foi vendida pelo GPA, anunciou ontem que Michael Klein será o novo presidente do conselho de administração da empresa, enquanto Roberto Fulcherberguer foi eleito para o cargo de diretor presidente.

A diretoria da varejista também terá mudanças. Abel Ornelas Vieira passa a ocupar o cargo de vice-presidente Comercial e de Operações; Sérgio Augusto França Leme assume como vice-presidente Administrativo; e Orivaldo Padilha fica com o cargo de Diretor Financeiro e de Relações com Investidores. Felipe Negrão permanece na varejista, mas agora como diretor sem designação específica.

Agenda Econômica

No Brasil, o Banco Central publicou nesta manhã o relatório trimestral de inflação. De acordo com o documento, os próximos passos da política monetária “continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”.

Na semana passada, o colegiado manteve a Selic (a taxa básica de juros) em 6,50% ao ano, pela décima vez consecutiva.  O Banco Central também reduziu sua projeção de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2019 para 0,8%, de uma estimativa anterior em março de expansão de 2,0%.

Nos Estados Unidos, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu à taxa anualizada de 3,1% no primeiro trimestre de 2019, de acordo com dados divulgados pelo Departamento do Comércio nesta manhã. O número veio praticamente em linha com o previsto por analistas ouvidos pela Bloomberg, que indicavam crescimento anualizado de 3,2%.

Ainda na maior economia do mundo, também merecem destaque os números sobre pedido de auxílio-desemprego e o índice de preços (PCE). Às 11h00, saem os dados de vendas pendentes de imóveis, e, às 12h00, o índice de atividade industrial de junho.

Previdência e Congresso

A Comissão Especial da reforma da Previdência encerrou ontem a etapa de discussões sobre a proposta e agora aguarda a apresentação da complementação de voto do relator da proposta, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). A discussão do parecer foi encerrada depois de quatro dias e mais de 30 horas de debate. No total, 127 deputados mais os líderes partidários discursaram sobre a proposta. Muitos pediram mudanças no parecer.

Segundo o jornal Valor Econômico, porém, a reunião que estava marcada para esta manhã, quando seria lido o voto complementar de Moreira, foi cancelada, por pressão dos partidos do Centrão, insatisfeitos com as sinalizações do tucano sobre o novo texto. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e da Comissão Especial, Marcelo Ramos (PL-AM), ainda articulam pela convocação de uma sessão ainda nesta quinta-feira – o que deverá ser definido ainda pela manhã.

Maia, entretanto, já sinalizou que a votação deverá ficar mesmo para a próxima quarta-feira (3). Ontem, o presidente da Câmara afirmou que na próxima terça-feira (2) voltará a se reunir com governadores, com o objetivo de tentar incluir um acordo para que Estados e Municípios estejam presentes na proposta de reforma da Previdência que irá ao plenário da Casa.

O Plenário do Senado aprovou ontem o projeto de lei que prevê a criminalização do abuso de autoridade cometido por magistrados e membros do Ministério Público. A proposta que estipula punição aos juízes em determinadas situações foi considerada uma reação aos vazamentos de troca de mensagens atribuídas ao ministro da Justiça Sérgio Moro e procurados do MP. Um dos pontos do PL foi o de impedir que juízes, por qualquer meio de comunicação, expressem opinião sobre processo pendente de julgamento. O texto agora retorna para a Câmara dos Deputados, para análise das mudanças promovidas pelo relator.

Ainda no Legislativo, o plenário do Senado aprovou ontem à noite projeto de lei que estende a posse de armas na zona rural para toda a área da propriedade, e não apenas para a sede. O projeto aborda apenas as propriedades rurais, e não urbanas. O projeto segue agora para a Câmara dos Deputados.

Em seguida, o Senado votou e aprovou outro projeto, que reduz de 25 para 21 anos a idade mínima para posse de arma de fogo em propriedade rural. Além disso, os senadores alteraram o texto e retiraram a limitação de apenas uma arma por proprietário.

Bolsonaro no Japão

Ontem, durante deslocamento ao Japão, um dos integrantes da comitiva que acompanha o presidente Jair Bolsonaro, foi preso na Espanha, com 39 kg de cocaína na mala. Por meio das redes sociais, Bolsonaro classificou o episódio como “inaceitável” a apreensão de drogas em avião da Força Aérea Brasileira (FAB). “Apesar de não ter relação com minha equipe, o episódio de ontem, ocorrido na Espanha, é inaceitável”, descreveu o presidente.

Bolsonaro assinalou ter exigido “investigação imediata e punição severa ao responsável pelo material entorpecente encontrado no avião da FAB”. O presidente ainda enfatizou na mensagem: “não toleraremos tamanho desrespeito ao nosso país!” Ontem, o presidente determinou ao Ministério da Defesa “imediata colaboração com a polícia espanhola na pronta investigação dos fatos, cooperando em todas as fases da investigação, bem como instauração de inquérito policial militar”.

A chegar ao Japão, segundo o G1, Bolsonaro afirmou que o “Brasil que está aqui não é como alguns anteriores, que vieram aqui para serem advertidos por outros países. A situação aqui é de respeito para com o Brasil. Não aceitaremos tratamento como no passado”, afirmou. Questionado sobre as declarações da chanceler alemã Angela Merkel, sobre o desmatamento no Brasil, Bolsonaro disse que a Alemanha tem “muito a aprender com o Brasil sobre meio ambiente”.

(Agência Estado, Agência Brasil, Agência Câmara e Agência Senado)

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.