Rali das ações de frigoríficos ameaçado? Para XP, mais altas estão por vir

Ações da JBS já subiram mais de 90% no ano, mas a corretora reiterou recomendação de compra, de olho nos efeitos da peste suína africana

Ricardo Bomfim

(Bloomberg)

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SÃO PAULO – As ações de JBS (JBSS3), BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3) já sobem 92,7%, 34% e 28,4% respectivamente no ano, o que acende a luz de alerta para muitos investidores, que pensam que o papel está caro. No entanto, não é essa a visão da equipe de análise da XP Investimentos. Para a corretora, o rali pode ir ainda mais longe. 

O grande causador da alta dos frigoríficos em 2019 foi a descoberta de peste suína africana em rebanhos da China. Mas, se para alguns a queda na oferta chinesa e consequente aumento do valor da carne – uma vez que a demanda ficou praticamente estável – já está precificada, para a XP, ainda não houve dimensionamento completo dos impactos.  

“No geral, um significativo impacto da peste suína africana na China é esperado, mas a falta de dados ainda impossibilita quantificá-lo com clareza, sendo a mensuração até o momento baseada em sensibilidades, com os impactos mais visíveis esperados para o segundo semestre”, afirma a XP em relatório. 

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O research ressalta que a China produziu 54 milhões de toneladas de carne de porco em 2018 e deve produzir de 20% a 30% menos este ano. Isso em um contexto no qual a produção mundial de proteína foi de 271 milhões de toneladas, e o consumo doméstico de 266 milhões de toneladas. “A disponibilidade de exportação total seria inferior a 5 milhões de toneladas, o que não é suficiente para compensar o déficit de carne suína da China”, aponta. 

Também vale lembrar que o potencial para aumento na produção de frango, substituto mais claro para a carne de porco, é limitado tendo em vista seu ciclo de dois anos e baixo alojamento de matrizes no Brasil e na China. 

Fora isso, os preços à vista da carne suína chinesa subiram apenas 8% desde agosto, uma vez que os produtores anteciparam o abate para evitar a contaminação dos animais. Enquanto isso, o valor da carne suína na bolsa de mercadorias e futuros de Chicago avançou mais de 35%. “Portanto, à medida que os estoques da proteína diminuírem, devemos ver mais aumento no preço.”

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Milho

Motivo de volatilidade para as ações da JBS nos últimos dias, o aumento de 21,5% no preço do milho ao longo deste mês é um fator de risco, mas não grande o suficiente para ofuscar o cenário que ser arma por conta da peste suína. 

Nos Estados Unidos, o excesso de chuvas na região Meio-Oeste causou atraso no plantio de grãos. Segundo dados do USDA, departamento de agricultura dos EUA, as plantações de milho no país estão 58% completas, abaixo da média histórica de 92% para esta época do ano. “Isso aumenta as preocupações, dado que pressiona o custo das empresas do setor, especialmente para aquelas expostas à frango, com o milho representando cerca de 40% dos custos totais”, diz a XP.

Entretanto, os estoques globais da commodity continuam altos, sendo que a segunda safra de milho do Brasil deve ser recorde segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 

“Reconhecemos que preços mais altos de grãos podem pressionar as ações no curto prazo, mas esperamos que a peste suína africana impulsionem consideravelmente os preços das proteínas no segundo semestre, compensando os potenciais custos mais altos e limitando o aumento do preço dos grãos, como dito anteriormente”, defendem os analistas da XP. 

Com base nessas informações, a corretora reiterou recomendação de compra para as ações de JBS e Marfrig. Para a BRF, a recomendação segue neutra. 

No caso da JBS, o preço-alvo ainda foi elevado para R$ 27,00 por ação, o que representa um potencial de valorização de 28% em relação ao patamar atual. 

Já para a Marfrig, houve aumento do preço-alvo de R$ 9,00 por ação para R$ 10,00 por ação, o que corresponde a uma alta de 47% sobre o valor atual dos papéis. 

Por fim, a XP entende que a BRF tem efeitos positivos da dinâmica das proteínas, mas opera em um múltiplo mais justo do que a JBS, de modo que o preço-alvo fica em R$ 33,00, o que significa potencial de alta de 15% em relação ao preço de hoje. 

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.